SóProvas


ID
2668432
Banca
FCC
Órgão
TRT - 6ª Região (PE)
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            A arte requer “explicação”?


      Aqui e ali, quem frequenta bienais, salões de arte ou exposições de artes plásticas encontrará de repente não um quadro, uma escultura ou algum objeto de significação histórica, mas uma instalação – nome que se dá, segundo o dicionário Houaiss, a “alguma obra de arte que consiste em construção ou empilhamento de materiais, permanente ou temporário, em que o espectador pode participar, manipulando-a, ou, sendo, às vezes, de tamanho tão grande, que o espectador pode nela entrar”. Trata-se, em outras palavras, de materiais organizados num espaço físico de modo a constituírem uma obra de arte.

      Ocorre, porém, com grande parte das instalações, um fenômeno curioso: com muita frequência o criador é convidado a explicar – e o faz com linguagem muito sofisticada – o sentido profundo que pretendeu dar àquele conjunto de materiais, àquela instalação que ele concebeu. Para o público, restará a impressão final de que os materiais eram, em si mesmos, insuficientes para significarem alguma coisa: precisavam da explicação de quem os utilizou.

      As verdadeiras obras de arte se impõem por si mesmas, independentemente de qualquer explicação prévia ou justificativa final. O grande músico, o grande escritor, o grande cineasta não precisam interpor-se entre a sonata, o romance ou o filme para explicar seu sentido junto ao público. Certamente haverá oportunidade para todos refletirmos sobre o sentido dinâmico de uma obra artística que atingiu o nosso interesse e provocou o nosso prazer; mas nada será mais forte do que a mobilização emocional e intelectual que a obra já despertou em nós, no primeiro contato.

                                                                               (Aristeu Valverde, inédito

Da posição assumida pelo autor do texto em relação às instalações e às obras de arte em geral, deduz-se sua convicção de que as obras de arte

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: D.

    Conforme o terceiro parágrafo, é a posição do autor que: 

     

    As verdadeiras obras de arte se impõem por si mesmas, independentemente de qualquer explicação prévia ou justificativa final. O grande músico, o grande escritor, o grande cineasta não precisam interpor-se entre a sonata, o romance ou o filme para explicar seu sentido junto ao público. Certamente haverá oportunidade para todos refletirmos sobre o sentido dinâmico de uma obra artística que atingiu o nosso interesse e provocou o nosso prazer; mas nada será mais forte do que a mobilização emocional e intelectual que a obra já despertou em nós, no primeiro contato.

     

     a) não favorecem debates ou reflexões, em vista da autossuficiência do sentido que exprimem de modo direto. 

    COMENTÁRIO: Errado, pois a arte favorece, sim, debates e reflexões decorrentes dos efeitos de seus sentidos em seus interlocutores. 

     

     b) devem ser esclarecidas por aquele que lhes emprestou determinado sentido, ao criá-las com função estética. 

    COMENTÁRIO: Errado, pois, para o autor, a arte é dodata de um significado intrínseco que dialoga, sem a necessidade de seu criador, com os espectadores. Por isso a crítica do segundo parágrafo às explicações normalmente oferecidas nas exposições. 

     

    c) desvendam-se por si mesmas, a menos que seu autor seja capaz de nos mostrar que seu sentido explica-se conforme sua intenção. 

    COMENTÁRIO: Errado. A alternativa está contraditória em seu sentido, pois, se a arte se desvenda a si mesmo, é totalmente desnecessária a explicação de seu autor. Além disso, a alternativa não reflete a convicção do autor do texto, a qual equivale à compreensão de que as explicações são desnecessárias em face do sentido intrínseco da arte. 

     

     d) valem-se de uma força já presente em sua linguagem, o que não impede que venhamos a refletir e ponderar sobre elas. 

    COMENTÁRIO:  GABARITO. Equivale ao posicionamento expresso no terceiro parágrafo.

     

    e) dispensam qualquer explicação quando não se propõem a ser grandiosas, preferindo tirar partido de sua simplicidade.

    COMENTÁRIO: Errado, pois, conforme o autor do texto, a arte grandiosa é aquela que se impõe ao espectador a despeito de qualquer esclarecimento. "Artes menores", por assim dizer, podem exigir certo esclarecimento. 

  • Trecho do texto: "As verdadeiras obras de arte se impõem por si mesmas, independentemente de qualquer explicação prévia ou justificativa final." - 

    Trecho da assertiva correta (Letra D): "força já presente em sua linguagem"

    Trecho do texto: "Certamente haverá oportunidade para todos refletirmos sobre o sentido dinâmico de uma obra artística que atingiu o nosso interesse e provocou o nosso prazer; " 

    Trecho da assertiva correta (Letra D): "o que não impede que venhamos a refletir e ponderar sobre elas. "

  • Das cinco, A, B e E já se tiram facilmente.

    Restam a C  e a D, que geram dúvida,

    porém, a seguinte passagem do texto diz "As verdadeiras obras de arte se impõem por si mesmas,..."   a imposição leva a letra D, pois impor exige força.

  • O autor chega à conclusão que a construção de sentido das obras de artes ocorre no primeiro contato com indivíduo com ela, sua mera existência por si só já traduz algo em cada pessoa, contudo, pondera o autor do texto, é válida a reflexão acerca das interpretações sobre ela, é válido o diálogo com o autor da obra para se conhecer outros sentidos, muito embora não seja necessário.

  • LETRA: D

     

    2°PARÁGRAFO: Para o público, restará a impressão final de que os materiais eram, em si mesmos, insuficientes para significarem alguma coisa: precisavam da explicação de quem os utilizou.

     

    3°PARÁGRAFO: As verdadeiras obras de arte se impõem por si mesmas, independentemente de qualquer explicação prévia ou justificativa final.

    Certamente haverá oportunidade para todos refletirmos sobre o sentido dinâmico de uma obra artística que atingiu o nosso interesse e provocou o nosso prazer; 

  • Certamente haverá oportunidade para todos refletirmos sobre o sentido dinâmico de uma obra artística que atingiu o nosso interesse e provocou o nosso prazer; mas nada será mais forte do que a mobilização emocional e intelectual que a obra já despertou em nós, no primeiro contato.

     a) não favorecem debates ou reflexões, em vista da autossuficiência do sentido que exprimem de modo direto. (Extrapolação)

     b) devem ser esclarecidas por aquele que lhes emprestou determinado sentido, ao criá-las com função estética. (Extrapolação)

     c) desvendam-se por si mesmas, a menos que seu autor seja capaz de nos mostrar que seu sentido explica-se conforme sua intenção. (Desvendam-se? Sem reflexão?)

     d) valem-se de uma força já presente em sua linguagem, o que não impede que venhamos a refletir e ponderar sobre elas. (CORRETO)

     e) dispensam qualquer explicação quando não se propõem a ser grandiosas, preferindo tirar partido de sua simplicidade. (Extrapolação)