SóProvas


ID
2684458
Banca
FUMARC
Órgão
COPASA
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                           Não "temos de"

                                                                                                       Lia Luft


      Vivemos sob o império do "ter de". Portanto, vivemos num mundo de bastante mentira. Democracia? Meia mentira. Pois a desigualdade é enorme, não temos os mesmos direitos, temos quase uma ditadura da ilusão dos que ainda acreditam. Liberdade de escolha profissional? Temos de ter um trabalho bom, que dê prazer, que pague dignamente (a maioria quer salário de chefe no primeiro dia), que permita grandes realizações e muitos sonhos concretizados? "Teríamos". No máximo, temos de conseguir algo decente, que nos permita uma vida mais ou menos digna.

      Temos de ter uma vida sexual de novela? Não temos nem podemos. Primeiro, a maior parte é fantasia, pois a vida cotidiana requer, com o tempo, muito mais carinho e cuidados do que paixão selvagem. Além disso, somos uma geração altamente medicada, e atenção: muitos remédios botam a libido de castigo.

       Temos de ter diploma superior, depois mestrado, possivelmente doutorado e no Exterior? Não temos de... Pois muitas vezes um bom técnico ganha mais, e trabalha com mais gosto, do que um doutor com méritos e louvações. Temos de nos casar? Nem sempre: parece que o casamento à moda antiga, embora digam que está retornando, cumpre seu papel uma vez, depois com bastante facilidade vivemos juntos, às vezes até bem felizes, sem mais do que um contrato de união estável se temos juízo. E a questão de gênero está muito mais humanizada.

      Temos de ter filho: por favor, só tenham filhos os que de verdade querem filhos, crianças, adolescentes, jovens, adultos, e mesmo adultos barbados, para amar, cuidar, estimular, prover e ajudar a crescer, e depois deixar voar sem abandonar nem se lamentar. Mais mulheres começam a não querer ter filho – e não devem. Maternidade não pode mais ser obrigação do tempo em que, sem pílula, as mulheres muitas vezes pariam a cada dois anos, regularmente, e aos cinquenta, velhas e exaustas, tinham doze filhos. Bonito, sim. Sempre desejei muitos irmãos e um bando de filhos (consegui ter três), mas ter um que seja requer uma disposição emocional, afetiva, que não é sempre inata. Então, protejam-se as mulheres e os filhos não nascidos de uma relação que poderia ser mais complicada do que a maternidade já pode ser.

      Temos de ser chiques, e, como sempre escrevo, estar em todas as festas, restaurantes, resorts, teatros, exposições, conhecer os vinhos, curtir a vida? Não temos, pois isso exige tempo, dinheiro, gosto e disposição. Teríamos de ler bons livros, sim, observar o mundo, aprender com ele, ser boa gente também.

      Temos, sobretudo, de ser deixados em paz. Temos de ser amorosos, leais no amor e na amizade, honrados na vida e no trabalho, e, por mais simples que ele seja, sentir orgulho dele. Basta imaginar o que seriam a rua, a cidade, o mundo, sem garis, por exemplo. Sem técnicos em eletricidade, sem encanadores (também os chamam bombeiros), sem os próprios bombeiros, policiais, agricultores, motoristas, caminhoneiros, domésticas, enfermeiras e o resto. Empresários incluídos, pois, sem eles, cadê trabalho?

      Então, quem sabe a gente se protege um pouco dessa pressão do "temos de" e procura fazer da melhor forma possível o que é possível. Antes de tudo, um lembrete: cada um do seu jeito, neste mundo complicado e vida-dura, temos de tentar ser felizes. Isso não é inato: se tenta, se conquista, quando dá. Boa sorte!

Disponível em http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/colunistas/lya-luft/noticia/2017/06/nao-temos-de-9807278.html Acesso em 11 jul. 2017

A colocação do pronome oblíquo é facultativa em:

Alternativas
Comentários
  • Com exceção da alternativa A, todas as outras tem palavras atrativas:

    B) que

    C) não

    D) quem

    Tornando assim facultativo o uso de enclise ou próclise apenas na letra A.

    Me corrijam se estiver errado.

  • Roni, entendi que a questão não perguntava sobre ênclise e próclise, e sim se seria facultativo o pronome, como o que ocorre na letra A por ser o verbo intrasitivo.Nas demais alternativas os pronomes estão com a função de objeto do verbo(em ênclise devido os termos atrativos). Esse foi meu entendimento, por favor corrijam me se eu estiver enganado.
  • verbo no infinitivo > colocação pronominal sempre facultativa

  • Nem sempre será facultativo em relação aos verbos no infinitivo. No caso de verbos no infinitivo impessoal regido da preposição "a", é utilizada a ênclise.

    Ex: Naquele instante os dois passaram a odiar-se.


    E corrigindo ao Flávio, termos atrativos são para os casos de próclise (pronome antes do verbo).

  • Preposição + Verbo no Infinitivo = facultativo ênclise/próclise. 

  • Próclise > antes do verbo Palavras com sentido negativo. Advérbios. Pronome relativo. Pronomes indefinidos. Pronomes demonstrativos. Preposição seguida de gerúndio. Conjunção subordinativa.
  • Gab A

     

     a)Ele deixou de os levar para a escola. ( Gabarito ) - Preposição + Verbo no infinitivo = Próclise/ ênclise facultativas. 

     

     b)Espero que nos vejamos em breve.( Errada ) - Que ( pronome relativo ) - Próclise obrigatória

     

     c)Não os julgue por isso.( Errada ) - Palavra negativa - Próclise obrigatória

     

     d)Quem os chamou aqui? ( Errada ) - Quem ( pronome relativo ) - Próclise obrigatória. 

  • Pode ser ele deixou de os levar ou de levá-los para a escola.

  • GABARITO: A

  • a) Infinitivo==> facultativa

    b)Relativo==> Próclise

    c)Negativa==> Próclise

    d) Relativo==> Próclise

  • gente, não entendi nenhum comentário aqui. Pode ser facultativa, mas a frase ficaria bem sem sentido.

    "Ele deixou de levar para escola" - deixou de levar o que / quem?

  • A questão aborda o assunto colocação pronominal. Para acertar a questão necessário encontrar a alternativa que tem mais de uma opção de colocar a posição do pronome.

    a) Em "Ele deixou de os levar"

    Ele deixou de levá-los

    Diante de verbo no infinitivo é facultativo, podendo ficar tanto na frente como atrás do verbo. CORRETA.

    b) Em "Espero que nos vejamos...".

    Temos regra obrigatória de pronome atrás do verbo diante da partícula "que". INCORRETA.

    c) Em "Não os julgue..."

    Temos regra obrigatória de pronome atrás do verbo diante de negação. INCORRETA.

    d) Em "Quem os chamou..."

    Diante de pronome interrogativo é obrigatório o pronome atrás do verbo. INCORRETA

    GABARITO A 

  • Li o texto e não achei essas frases da questão no texto? Alguém sabe me explicar sobre isso?

    Obrigada

  • Essa banca adora esse caso de facultativo na colocação pronominal. Praticamente todas as questões desse assunto são no mesmo formato.

  • Fui por eliminação.

    Não desista.