SóProvas


ID
2684569
Banca
VUNESP
Órgão
Câmara Municipal de São José dos Campos - SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Teria eu meus seis, meus sete anos. Perto da gente, morava o “casal feliz”. Ponho as aspas porque o fato merece. Vamos que eu pergunte, ao leitor, de supetão: – “Você conhece muitos ‘casais felizes’?” Aí está uma pergunta trágica. Muitos afirmam: – “A coabitação impede a felicidade” etc. etc. Não serei tão radical. Nem podemos exigir que marido e mulher morem um no Leblon e outro para lá da praça Saenz Peña. Seja como for, uma coisa parece certa: – o “casal feliz” constitui uma raridade.

      Normalmente, marido e mulher têm uma relação de arestas e não de afinidades. Tantas vezes a vida conjugal é tecida de equívocos, de irritações, ressentimentos, dúvidas, berros etc. etc. Mas o “casal feliz” de Aldeia Campista conseguira, graças a Deus, eliminar todas as incompatibilidades. Era a mais doce convivência da rua, do bairro, talvez da cidade. Quando passavam, de braços, pela calçada, havia o sussurro espavorido: – “Olha o casal feliz!”. Da minha janela, eu os via como dois monstros.

      Estavam casados há quinze anos e não havia, na história desse amor, a lembrança de um grito, de uma impaciência, de uma indelicadeza. Até que chegou um dia de Carnaval e, justamente, a terça-feira gorda. O marido saiu para visitar uma tia doente, não sei onde. A mulher veio trazê-lo até o portão. Beijaram-se como se ele estivesse partindo para a guerra. E, no penúltimo beijo, diz a santa senhora: – “Meu filho, vem cedo, que eu quero ver os blocos”. Ele fez que sim. E ainda se beijaram diante da vizinhança invejosa e frustrada. Depois, ela esperou que ele dobrasse a esquina. E as horas foram passando. A partir das seis da tarde ficou a esposa no portão. Sete, oito, nove da noite. Os relógios não paravam. Dez da noite, onze. E, por fim, o marido chegou. Onze.

      O “casal feliz” foi parar no distrito.

      Pois bem, contei o episódio para mostrar como o “irrelevante” influi nas leis do amor e do ódio. Por causa de uma mísera terça-feira gorda, ruía por terra toda uma pirâmide de afinidades laboriosamente acumuladas. No dia seguinte, separaram-se para sempre.

           (Nelson Rodrigues, O reacionário – memórias e confissões. Adaptado)

Observe o emprego de dois-pontos nas seguintes passagens do texto:


• Seja como for, uma coisa parece certa: – o “casal feliz” constitui uma raridade. (1° parágrafo)

• Quando passavam, de braços, pela calçada, havia o sussurro espavorido: – “Olha o casal feliz!”. (2° parágrafo)


É correto afirmar que esse sinal de pontuação foi empregado para introduzir

Alternativas
Comentários
  • Fui seco na D. :(

  • Alterntiva E)

     

    Uma explicação do narrador, na primeira passagem

    Seja como for, uma coisa parece certa: – o “casal feliz” constitui uma raridade. (1° parágrafo)

     

    Uma fala de alguém que não é o narrador, na segunda passagem

    Quando passavam, de braços, pela calçada, havia o sussurro espavorido: – “Olha o casal feliz!”. (2° parágrafo)

  • Gabarito E

  • GABARITO E

     

    • Seja como for, uma coisa parece certa: – o “casal feliz” constitui uma raridade. (1° parágrafo)  NARRADOR 

     

     

    • Quando passavam, de braços, pela calçada, havia o sussurro espavorido: – “Olha o casal feliz!”. (2° parágrafo) SUSSURRO -> VIZINHANÇA

  • Dois-pontos. Dois-pontos (graficamente, :) É um sinal de pontuação que anuncia uma citação, uma enumeração, um esclarecimento, iniciar a fala de um personagem, ou ainda uma síntese do que se acabou de dizer. Corresponde a uma pausa breve da linguagem oral e a uma entoação descendente (ao contrário da entoação ascendente da pergunta).

     

    Seja como for, uma coisa parece certa: – o “casal feliz” constitui uma raridade. Esclarecimento do narrador, ele expõe o que é ''uma coisa que parece certa''.

     

    Quando passavam, de braços, pela calçada, havia o sussurro espavorido: – “Olha o casal feliz!”. O sinal de dois pontos introduz uma fala de um personagem na história, claro que o gabarito já deixou isso claro, mas podemos reparar que é uma fala pelo uso do travessão, que também dá início à fala de um personagem.

     

  • Alguém sabe explicar por que não é aletra b?

  • Esta achei fácil..acertei....

  • @Matheus

    Parabéns!
    Não é de metal precioso, ainda assim é um troféu. Comprei com bitcoins.

      ____ 
    (  |     |  )
      (       ) 
       _) (_

  • havia o sussurro espavorido, Errei por causa da falta de atenção. 

  • Madalena, não pode ser a B , pois na segunda não é uma frase dita pelo Narrador,  na verdade nem se sabe exatamente quem disse, apenas se sabe que quando passavam, havia o sussurro espavorido (de alguém).

  • gab. E

  • Leiam o texto E

  • E

    1° é uma explicação do narrador, tanto que o uso de aspas "casal feliz" reforça a opinão ironizada do autor

    2° é fala de outro personagem, a exclamação subentende-se que alguém deve ter "gritado esta fala, Olha o "casal feliz"! pois logo o autor menciona que da janela via o "casal feliz" como dois monstros

  • ALTERNATIVA A: OPÇÃO INCORRETA. ERRO: há considerações pessoais do narrador-autor, mas apenas no primeiro caso.

    ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. ERRO: no segundo caso, tem-se a fala de um personagem não identificado no texto.

    ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. ERRO: no primeiro caso, há considerações pessoais do narrador-autor.

    ALTERNATIVA D: OPÇÃO INCORRETA. ERRO: não há qualquer relação dos dois pontos com a citação de expressão entre aspas.

    ALTERNATIVA E: OPÇÃO CORRETA. No primeiro caso, o narrado-autor explica, justifica, esclarece o que afirmou anteriormente e, de forma mais específica, em relação à palavra “coisa”. No segundo caso, fica patente que os dois pontos marcam a fala de um personagem que não é identificado no texto.

    Resposta: E