SóProvas


ID
2684572
Banca
VUNESP
Órgão
Câmara Municipal de São José dos Campos - SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Teria eu meus seis, meus sete anos. Perto da gente, morava o “casal feliz”. Ponho as aspas porque o fato merece. Vamos que eu pergunte, ao leitor, de supetão: – “Você conhece muitos ‘casais felizes’?” Aí está uma pergunta trágica. Muitos afirmam: – “A coabitação impede a felicidade” etc. etc. Não serei tão radical. Nem podemos exigir que marido e mulher morem um no Leblon e outro para lá da praça Saenz Peña. Seja como for, uma coisa parece certa: – o “casal feliz” constitui uma raridade.

      Normalmente, marido e mulher têm uma relação de arestas e não de afinidades. Tantas vezes a vida conjugal é tecida de equívocos, de irritações, ressentimentos, dúvidas, berros etc. etc. Mas o “casal feliz” de Aldeia Campista conseguira, graças a Deus, eliminar todas as incompatibilidades. Era a mais doce convivência da rua, do bairro, talvez da cidade. Quando passavam, de braços, pela calçada, havia o sussurro espavorido: – “Olha o casal feliz!”. Da minha janela, eu os via como dois monstros.

      Estavam casados há quinze anos e não havia, na história desse amor, a lembrança de um grito, de uma impaciência, de uma indelicadeza. Até que chegou um dia de Carnaval e, justamente, a terça-feira gorda. O marido saiu para visitar uma tia doente, não sei onde. A mulher veio trazê-lo até o portão. Beijaram-se como se ele estivesse partindo para a guerra. E, no penúltimo beijo, diz a santa senhora: – “Meu filho, vem cedo, que eu quero ver os blocos”. Ele fez que sim. E ainda se beijaram diante da vizinhança invejosa e frustrada. Depois, ela esperou que ele dobrasse a esquina. E as horas foram passando. A partir das seis da tarde ficou a esposa no portão. Sete, oito, nove da noite. Os relógios não paravam. Dez da noite, onze. E, por fim, o marido chegou. Onze.

      O “casal feliz” foi parar no distrito.

      Pois bem, contei o episódio para mostrar como o “irrelevante” influi nas leis do amor e do ódio. Por causa de uma mísera terça-feira gorda, ruía por terra toda uma pirâmide de afinidades laboriosamente acumuladas. No dia seguinte, separaram-se para sempre.

           (Nelson Rodrigues, O reacionário – memórias e confissões. Adaptado)

Assinale a alternativa que reescreve o trecho destacado na passagem – “Meu filho, vem cedo, que eu quero ver os blocos.” – empregando conjução que expressa o sentido do original.

Alternativas
Comentários
  • a) Portanto - conclusão

    b) Mas - adversativa

    c) Pois - explicativa (Gabarito)

    d) Apesar - concessiva

    e) Quando - Temporal

  •  Pois - explicativa (Antes do verbo)

  • O vocábulo QUE pode assumir diversos valores em nossa língua, a saber:

     

    Substantivo: A gramática normativa não é difícil, mas ela tem lá seus quês.

    → quando antecedido por um determinante ( artigo, pronome, numeral...)

     

    Preposição: Você tem que estudar mais.

    → ter / haver + que + infinitivo

    → sentido de necessidade / obrigação

    → substituir pela preposição DE

     

    Partícula Expletiva: Eu é que sou dedicada.

    → também conhecida como partícula de realce, pode vir ou não acompanhada do verbo ser

    → não gera prejuízo gramatical, nem de coerência e coesão: Eu sou dedicada.

     

    Pronome Relativo​: Português é a matéria com que mais me identifico.

    → substituível por o qual e suas variações: Português é a matéria com a qual mais me identifico.

     

    Pronome Interrogativo: Que questão da prova de gramática? 

    → interrogativa direta

     

    Pronome Indefinido: Que surpresa!

    → quando acompanha um substantivo

     

    Advérbio: Que surpreendente!

    → quando acompanha um adjetivo, verbo ou outro advérbio

     

    Conjunção Integrante: Acho que ela gabaritou essa matéria.

    → substituível pela palavra isso: Acho o quê? Acho isso.

     

    Conjunção Causal: Cansada que estava, não fui assistir à aula de hoje.

    → substituível por pois, porque

    → para entender a relação de causa e consequência, ajuste a oração: Não fui assistir à aula de hoje porque estava cansada.

    → nas orações subordinadas adverbiais, o que ainda pode assumir valor consecutivo, comparativo, concessivo, final e temporal

     

    Conjunção Explicativa: Meu filho, vem cedo, que eu quero ver os blocos.

    → substituível por pois, porque

    → Meu filho, vem cedo, pois eu quero ver os blocos.

    → nas orações coordenadas sindéticas, o que ainda pode assumir valor adversativo, aditivo e alternativo

  • POIS EXPLICATIVO = ANTES DO VERBO!!

     

    POIS CONLUSIVO = DEPOIS DO VERBO!

  • Gabarito C (Pois) Emprega o mesmo sentido, explicativo!

  • Explicativo: Que, porque, porquanto, pois. 

  • Conjunção Explicativa, não só porque é um " pois", mas também por estar entre verbos e porque o verbo está no imperativo. " VEM"

  • Meu filho, vem cedo, pois (porque, que) eu quero ver os blocos.

    GABARITO C 

  • >PORQUE

    >QUE

    >PORQUANTO

    >POIS

    SÃO CONJUNÇOES EXPLICATIVAS,NORMALMENTE,APÓS IMPERATIVO.

    "Vem cedo"....pois

     

     

  •  a) Meu filho, vem cedo, portanto eu quero ver os blocos.

    Conjunção coordenativa conclusiva.

    ex: portanto, por conseguinte, assim.

     

     b) Meu filho, vem cedo, mas eu quero ver os blocos.

    Conjunção coordenativa adversativa.

    ex: mas, porém, contudo, entretanto, todavia.

     

     c) Meu filho, vem cedo, pois eu quero ver os blocos. (Gabarito)

    Conjunção coordenativa explicativa.

    ex: que, porque, assim, pois (quando vem antes do verbo), porquanto, por conseguinte.

     

     d) Meu filho, vem cedo, apesar de eu querer ver os blocos.

    Conjunção subordinativa concessiva.

    ex: embora, ainda que, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que, por mais que, por melhor que.

     

     e) Meu filho, vem cedo, quando eu quero ver os blocos.

    Conjunção subordinativa temporal.

    ex: logo que, antes que, quando, assim que, sempre que.

  • gab. C

  • “Meu filho, vem cedo, que eu quero ver os blocos.”

    A relação da segunda oração com a primeira, separadas pela vírgula, carrega ideia-valor explicativo. Assim, um conectivo (conjunção ou conector equivalente) terá de manter esse valor, o que só ocorre, dentre as opções, com a conjunção POIS (=PORQUANTO, PORQUE, VISTO QUE, HAJA VISTO QUE etc). As demais expressões das outras opções carregam os seguintes valores ou ideias: PORTANTO = CONCLUSÃO; MAS= OPOSIÇÃO; APESAR DE = CONCESSÃO; QUANDO = TEMPO.

  • GAB. C

    Meu filho, vem cedo, pois eu quero ver os blocos.