SóProvas


ID
2688568
Banca
FUMARC
Órgão
SEE-MG
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I


                                 Direito à fantasia

                                                                    Frei Betto 05/08/2017 - 06h00


      A fantasia é a matéria-prima da realidade. Tudo que é real, do computador ao jornal no qual você lê este texto, nasceu da fantasia de quem criou o artigo, concebeu o computador e editou a publicação.

      A cadeira na qual me sento teve seu desenho concebido previamente na mente de quem a criou. Daí a força da ficção. Ela molda a realidade.

      A infância é, por excelência, a idade da fantasia. A puberdade, o choque de realidade. Privar uma criança de sonhos é forçá-la a, precocemente, antecipar seu ingresso na idade adulta. E esse débito exige compensação. O risco é ele ser pago com as drogas, a via química ao universo onírico.

      As novas tecnologias tendem a coibir a fantasia em crianças que preferem a companhia do celular à dos amigos. O celular isola; a amizade entrosa. O celular estabelece uma relação monológica com o real; a amizade, dialógica. O risco é a tecnologia, tão rica em atrativos, "roubar" da criança o direito de sonhar.

      Agora, sonham por ela o filme, o desenho animado, os joguinhos, as imagens. A criança se torna mera espectadora da fantasia que lhe é oferecida nas redes sociais, sem que ela crie ou interaja.

      Na infância, eu escutava histórias contadas por meus pais, de dona Baratinha à Branca de Neve e os sete anões. Eu interferia nos enredos, com liberdade para recriá-los. Isso fez de mim, por toda a vida, um contador de histórias, reais e fictícias.

      Hoje, a indústria do entretenimento sonha pelas crianças. Não para diverti-las ou ativar nelas o potencial onírico, e sim para transformá-las em consumistas precoces. Porque toda a programação está ancorada na publicidade voltada ao segmento mais vulnerável do público consumidor.

      Embora a criança não disponha de dinheiro, ela tem o poder de seduzir os adultos que compram para agradá-la ou se livrar de tanta insistência. E ela não tem idade para discernir ou valorar os produtos, nem distinguir entre o necessário e o supérfluo.

      Fui criança logo após a Segunda Grande Guerra. O cinema e as revistas em quadrinhos, em geral originados nos EUA, exaltavam os feitos bélicos, do faroeste aos combates aéreos. No quintal de casa eu e meus amigos brincávamos de bandido e mocinho. Nossos cavalos eram cabos de vassoura.

      Um dia, o Celsinho ganhou do pai um cavalinho de madeira apoiado em uma tábua com quatro rodinhas. Ficamos todos fascinados diante daquela maravilha adquirida em uma loja de brinquedos.

      Durou pouco. Dois ou três dias depois voltamos aos nossos cabos de vassoura. Por quê? A resposta agora me parece óbvia: o cabo de vassoura "dialogava" com a nossa imaginação. Assim como o trapo que o bebê não larga nem na hora de dormir.

      O direito à fantasia deveria constar da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Disponível em: http://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/direito-%C3%A0-fantasia-1.550900. Adaptado. Acesso em: 18 jan. 2018.

Regência é a parte da análise gramatical que trata das relações existentes entre nomes (substantivos, adjetivos, advérbios) e verbos com seus respectivos complementos. Atente para o excerto e as considerações feitas sobre esse tópico:


“Embora a criança não disponha de dinheiro, ela tem o poder de seduzir os adultos que compram para agradá-la ou se livrar de tanta insistência. E ela não tem idade para discernir ou valorar os produtos, nem distinguir entre o necessário e o supérfluo.”


NÃO está correto o que se afirma em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO - LETRA A

  • Poder não é verbo para ter objeto indireto.

  • Creio que na construção da frase “poder” trata-se de um substantivo.

     

    Obs. Corrijam-me se estiver errada.

     

  • "de seduzir" é um adjunto adnominal. "Poder" é substantivo.

  • A letra b está incorreta . O verbo agradar no contexto é transitivo indireto no sentido de contentar, satisfazer .

    No sentido de fazer carinho," cafuné" empregamos o verbo "agradar" como transitivo direto...(que não é a intenção dos adultos,no contexto,mas sim comprar o presente para contentá-lá.)

  • agradá-la = agradar a ela --> objeto indireto--> alternativa b incorreta-->

    poder está substantivado nao tendo complemento verbal-->alternativa a incorreta

  • o poder > regra básica, o artigo substantiva qualquer palavra 

  • Esse tipo de questão necessita de um localizador para as palavras, tipo, na 2 linha,ou no 3 paragrafo...ficaria melhor.


  • Olha o artigo O antes do PODER

    Significa que é um substantivo e não verbo, portanto, não pede esse suposto objeto indireto.

  • “Embora a criança não disponha de dinheiro, ela tem o poder de seduzir os adultos que compram para agradá-la...".

    No CONTEXTO o verbo agradar está no sentido de CONTENTAR/SATISFAZER sendo esse VTI, porém a questão pede no sentido de AFAGAR, que significa: acariciar, acarinhar...) que VTD.

    Seria isso??

  • Leonardo.

    "de seduzir" para mim é complemento nominal, pois "poder" é substantivo abstrato, pois precisa de alguém para ter, assim como a dor precisa de alguém para sentir.

    Correto ?

  • o poder- verbo substantivado , pois tem artigo antes do verbo.

  • Significado de Livrar

    verbo bitransitivo e pronominal Retirar de alguém algo que o aborrece ou constrange; desembaraçar-se: ninguém me livrou do constrangimento de ter sido traído; livrou-se da vergonha e deu a volta por cima.

    Verbos pronominais são aqueles acompanhados por pronomes “me”, “te” “se”, “nos” (pronomes oblíquos átonos). Esse tipo de verbo é usado para indicar ações relativas ao sujeito que as pratica. Sendo assim, o verbo deverá ser conjugado sempre acompanhado do pronome oblíquo correspondente à pessoa gramatical do sujeito.

  • O verbo agradar no sentido de afagar/causar agrado é transitivo indireto

    ex: o sítio agradou ao fazendeiro

    o verbo agradar no sentido de acariciar que é transitivo direto

    ex: não é bom agradar demais as crianças -> nesse caso trata-se de um pedófilo

    portanto, temos que as alternativas A e B estão incorretas.