SóProvas


ID
2707180
Banca
FUMARC
Órgão
COPASA
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                       O valor da fofoca

                                                                                       Walcyr Carrasco


      Dos aspectos negativos da fofoca, todos sabemos. Em Os miseráveis, Victor Hugo conta a história de Fantine, que se torna prostituta. Quem só viu o filme ou só assistiu ao musical não sabe muito bem como ela vai para as ruas. O livro conta: fofoca! Fantine é operária. Mas tem uma filha, sendo solteira, em época de moral rígida. Paga uma família para cuidar da menina, Cosette. Mas não sabe ler. Para enviar os pagamentos e pedir notícias, usa os trabalhos de um homem, que escreve e envia o dinheiro. As amigas desconfiam. Especulam. O homem não conta, mas uma consegue ver o endereço numa carta. E se dá ao trabalho de ir até o local onde vive Cosette. Volta com a história completa e conta às amigas. A história chega à direção da fábrica e Fantine é demitida por ser mãe solteira. Vende os dentes, os cabelos, torna-se prostituta, morre no hospital. Jean Valjean, que se esconde da polícia, era o dono da fábrica. Culpa-se pela insensibilidade, busca Cosette e a cria. Mas a questão é que a pobre Fantine teve de vender os dentes e se prostituir devido à avidez da fofoca. Hoje, em tempos menos rígidos, a intimidade de uma pessoa, confidenciada entre lágrimas, pode virar piada no próximo jantar de amigos. Ou seja: longe de mim defender a fofoca em si. Mas ela tem seu valor, psicológico e criativo.

      Simples. A fofoca é uma forma de criar.

      Sempre digo que as pessoas têm tanta necessidade de ficção na vida como do ar que respiram. Por isso precisam ler romances, assistir a filmes, novelas. Até mesmo conferir revistas sobre celebridades, uma forma de exercitar a imaginação, já que a vida real é muito mais árdua do que aparece nas reportagens. Criar também faz parte da natureza humana. Alguns se contentam botando posts no Instagram, inventando uma vida que não têm, com a taça de vinho emprestada de alguém, num hotel onde não se hospedaram. Outras preferem criar sobre a vida alheia. Aquela mulher que conta à outra sobre uma terceira, colega de escritório.

      – Sabe que ela está saindo com um rapaz 20 anos mais jovem? E sustenta!

      Pode ser verdade. Ou ela apenas viu a moça com o sobrinho, saindo do trabalho. O resto, inventou. Nem todo mundo é escritor, mas todo mundo pode criar ficção. Eu mesmo aprendi muito com a fofoca. Morava em um prédio onde vivia uma mulher já madura. De dia, recebia um, que a sustentava, dava carro, conforto material. De noite, recebia outro, que amava. Era a fofoca do prédio.

      Acontece que era feia. Garanto, feia de verdade. Os dois senhores, pavorosos. Aliás, o que ela amava, um velho bem mais feio que o outro, o rico. Eu, que tinha certo preconceito estético, aprendi que beleza não é o mais importante. Havia amor, dinheiro e paixão naquela história de pessoas maduras. A fofoca me fez entender mais da vida. Em outra época, soube que o filho da vizinha não era filho, mas neto. Filho da moça que considerava irmã, mãe solteira. Toda a vila onde morava sabia, menos o menino. Isso me fez entender mais sobre os pais, que são capazes de acolher, dar solidariedade num momento difícil. Suponho que o garoto deve ter levado um susto quando soube. Mas é outra história.

      Minha mãe, quando eu era criança, tinha um bazar. Pequeno, típico de interior, em Marília. Era o centro de informações sobre a vida alheia do bairro. Todas as mulheres passavam, comentavam. Eu tentava ouvir. Mamãe me punha para fora quando a história era mais pesada. Isso me ajudou a desenvolver um certo talento. Quando fiz faculdade de jornalismo, e mais tarde trabalhei no ramo, era ótimo com as perguntas ao entrevistar. Destemido. Fiz sucesso com colunas, jornalismo comportamental. Isso me ajuda até hoje. Quando vou construir uma história, falo com pessoas, converso. Extraio segredos. Conto por meio dos personagens. Vejam que ligação bonita saber da vida alheia tem com o ato de criar.

      O que é uma grande biografia, a não ser a vida de alguém? Uma fofoca autenticada, impressa e aplaudida pela crítica?

      Há um porém: a fofoca, mesmo real, passa pelo crivo de quem conta. Pelo meu, pelo seu, pelo nosso olhar. É a velha história – alguém me oferece meio copo de suco de laranja e posso dizer.

      – Adorei, ganhei meio copo de suco refrescante.

      – Odiei, imagine, me dar só meio copo? Era resto! 

      Quando ouvir uma fofoca, abra as orelhas. O que alguém diz sobre o outro revela mais sobre quem fala do que sobre o alvo em questão. Uma fofoca, como todo ato de criação, tira a máscara do criador. 

Disponível em: https://epoca.globo.com/sociedade/walcyr-carrasco/noticia/2017/10/o-valor-da-fofoca.html. Acesso em: 08 maio 2018.

Em: “Mamãe me punha para fora quando a história era mais pesada.”, punha está flexionado no

Alternativas
Comentários
  •  Macete do pretérito imperfeito do indicativo:

     

    Tudo que é imperfeito merece:

     

    VA- IA- NHA-ERA

     

    Va = Verbos terminados em "ar" ou "or" passam a ser terminados em "va".

     

    Ia = Verbos terminados em "er" ou "ir" passam a ser terminados em "ia

     

    NHA= Verbo "Vir" passa a ser "vinha" /Verbo "Pôr" passa a ser "punha" /Verbo "Ter" passa a ser "tinha" (VÁLIDO PARA TODOS SEUS DERIVADOS)

     

    Era = Verbo "Ser" passa a ser "era"

     

    Flávia Rita

     

    GAB-A

     

     

  • VERBO: PÔR

    Pretérito Imperfeito Indicativo

    eu punha

    tu punhas

    ele punha

    nós púnhamos

    vós púnheis

    eles punham

  • sou horrível nessas parada de tempos verbais... substitui pela palavra colocar e conjuguei. Quem é ruim gual eu sou tem que se virar nos 30 kkkk

     a)Pretérito imperfeito do indicativo. = gabarito, ação continua = colocava

     b)Pretérito imperfeito do subjuntivo. = não lembro de cabeça como conjuga mas é a única alternativa que distoa das outras, logo eliminei.

     c)Pretérito mais que perfeito do indicativo. = colocara (é o futuro sem acento = colocará)

     d)Pretérito perfeito do indicativo. = esse é o mais fácil, colocou

  • a dica da Manu é da prof Flávia Rita

  • e daí?

  • Macete do pretérito imperfeito do indicativo:

    Tudo que é imperfeito merece:

    VA- IA- NHA-ERA

    Va = Verbos terminados em "ar" ou "or" passam a ser terminados em "va".

    Ia = Verbos terminados em "er" ou "ir" passam a ser terminados em "ia

    NHA=  Verbo "Vir" passa a ser "vinha" /Verbo "Pôr" passa a ser "punha" /Verbo "Ter" passa a ser "tinha" (VÁLIDO PARA TODOS SEUS DERIVADOS)

    Era = Verbo "Ser" passa a ser "era"

    FONTE: CURSO FLÁVIA RITA

  • Tudo o que é imperfeito merece uma Va ia Nha, porque já era!

    Pretérito imperfeito do indicativo!

  • Tudo que é imperfeito merece uma va ia nha já era
  • Pretérito imperfeito do indicativo - uma ação frequentativa, isto é, que se repetia no passado.

    “Mamãe me punha para fora quando a história era mais pesada.”,

  • PÔR

    Eu punha/ Tu punhas/ Você punha /Ele punha /Nós púnhamos /Vós púnheis /Vocês punham /Eles punham.

    pretérito imperfeito do indicativo se refere a um fato ocorrido no passado, mas que não foi completamente terminado. Expressando, assim, uma ideia de continuidade e de duração no tempo.

  • Valeu Danilo Souza, tamo junto! sua dica me ajudou

  • É muito importante estar familiarizado com as conjugações dos verbos notáveis - TER, VER, VIR e PÔR.

    No caso da forma "punha", temos o verbo PÔR, flexionado no pretérito imperfeito do indicativo.

    Resposta: Letra A

  • punha está no sentido de colocava, com isso é pretérito imperfeito do indicativo- acontecia com uma certa frequência e não acontece mais. macete verbo termina : va, ia , nha, era.

  • VA IA NHA ERA

  • Para responder esta questão, exige-se do candidato conhecimento em tempo e modo verbal. O candidato deve indicar qual a conjugação do verbo em destaque abaixo. Vejamos:

    “Mamãe me punha para fora quando a história era mais pesada.”

    a) Correta.

    O pretérito imperfeito do indicativo indica um passado que não se concluiu e possui "va, ia , nha, era." igualmente ao verbo destacado.

    b) Incorreta.

    O pretérito imperfeito do subjuntivo indica um fato duvidoso e é expressado por: "sse, -sses, -ssemos, -sseis, -ssem"

    Ex: se ela me pusesse para fora.

    c) Incorreta.

    O pretérito mais que perfeito do indicativo é usado em situações formais e indica um fato passado a outro acontecimento.

    Ex: Quando percebi, ela me pusera para fora.

    d) Incorreta.

    O pretérito perfeito do indicativo indica um passado com começo e fim.

    Ex: Ela pôs pôs para fora.

    Gabarito do monitor: A