SóProvas


ID
2707192
Banca
FUMARC
Órgão
COPASA
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                       O valor da fofoca

                                                                                       Walcyr Carrasco


      Dos aspectos negativos da fofoca, todos sabemos. Em Os miseráveis, Victor Hugo conta a história de Fantine, que se torna prostituta. Quem só viu o filme ou só assistiu ao musical não sabe muito bem como ela vai para as ruas. O livro conta: fofoca! Fantine é operária. Mas tem uma filha, sendo solteira, em época de moral rígida. Paga uma família para cuidar da menina, Cosette. Mas não sabe ler. Para enviar os pagamentos e pedir notícias, usa os trabalhos de um homem, que escreve e envia o dinheiro. As amigas desconfiam. Especulam. O homem não conta, mas uma consegue ver o endereço numa carta. E se dá ao trabalho de ir até o local onde vive Cosette. Volta com a história completa e conta às amigas. A história chega à direção da fábrica e Fantine é demitida por ser mãe solteira. Vende os dentes, os cabelos, torna-se prostituta, morre no hospital. Jean Valjean, que se esconde da polícia, era o dono da fábrica. Culpa-se pela insensibilidade, busca Cosette e a cria. Mas a questão é que a pobre Fantine teve de vender os dentes e se prostituir devido à avidez da fofoca. Hoje, em tempos menos rígidos, a intimidade de uma pessoa, confidenciada entre lágrimas, pode virar piada no próximo jantar de amigos. Ou seja: longe de mim defender a fofoca em si. Mas ela tem seu valor, psicológico e criativo.

      Simples. A fofoca é uma forma de criar.

      Sempre digo que as pessoas têm tanta necessidade de ficção na vida como do ar que respiram. Por isso precisam ler romances, assistir a filmes, novelas. Até mesmo conferir revistas sobre celebridades, uma forma de exercitar a imaginação, já que a vida real é muito mais árdua do que aparece nas reportagens. Criar também faz parte da natureza humana. Alguns se contentam botando posts no Instagram, inventando uma vida que não têm, com a taça de vinho emprestada de alguém, num hotel onde não se hospedaram. Outras preferem criar sobre a vida alheia. Aquela mulher que conta à outra sobre uma terceira, colega de escritório.

      – Sabe que ela está saindo com um rapaz 20 anos mais jovem? E sustenta!

      Pode ser verdade. Ou ela apenas viu a moça com o sobrinho, saindo do trabalho. O resto, inventou. Nem todo mundo é escritor, mas todo mundo pode criar ficção. Eu mesmo aprendi muito com a fofoca. Morava em um prédio onde vivia uma mulher já madura. De dia, recebia um, que a sustentava, dava carro, conforto material. De noite, recebia outro, que amava. Era a fofoca do prédio.

      Acontece que era feia. Garanto, feia de verdade. Os dois senhores, pavorosos. Aliás, o que ela amava, um velho bem mais feio que o outro, o rico. Eu, que tinha certo preconceito estético, aprendi que beleza não é o mais importante. Havia amor, dinheiro e paixão naquela história de pessoas maduras. A fofoca me fez entender mais da vida. Em outra época, soube que o filho da vizinha não era filho, mas neto. Filho da moça que considerava irmã, mãe solteira. Toda a vila onde morava sabia, menos o menino. Isso me fez entender mais sobre os pais, que são capazes de acolher, dar solidariedade num momento difícil. Suponho que o garoto deve ter levado um susto quando soube. Mas é outra história.

      Minha mãe, quando eu era criança, tinha um bazar. Pequeno, típico de interior, em Marília. Era o centro de informações sobre a vida alheia do bairro. Todas as mulheres passavam, comentavam. Eu tentava ouvir. Mamãe me punha para fora quando a história era mais pesada. Isso me ajudou a desenvolver um certo talento. Quando fiz faculdade de jornalismo, e mais tarde trabalhei no ramo, era ótimo com as perguntas ao entrevistar. Destemido. Fiz sucesso com colunas, jornalismo comportamental. Isso me ajuda até hoje. Quando vou construir uma história, falo com pessoas, converso. Extraio segredos. Conto por meio dos personagens. Vejam que ligação bonita saber da vida alheia tem com o ato de criar.

      O que é uma grande biografia, a não ser a vida de alguém? Uma fofoca autenticada, impressa e aplaudida pela crítica?

      Há um porém: a fofoca, mesmo real, passa pelo crivo de quem conta. Pelo meu, pelo seu, pelo nosso olhar. É a velha história – alguém me oferece meio copo de suco de laranja e posso dizer.

      – Adorei, ganhei meio copo de suco refrescante.

      – Odiei, imagine, me dar só meio copo? Era resto! 

      Quando ouvir uma fofoca, abra as orelhas. O que alguém diz sobre o outro revela mais sobre quem fala do que sobre o alvo em questão. Uma fofoca, como todo ato de criação, tira a máscara do criador. 

Disponível em: https://epoca.globo.com/sociedade/walcyr-carrasco/noticia/2017/10/o-valor-da-fofoca.html. Acesso em: 08 maio 2018.

A posição do pronome oblíquo é facultativa em:

Alternativas
Comentários
  • a) Próclise obrigatória. Não: Palavra negativa.

    b) Próclise obrigatória. Alguns: Pronome indefinido.

    c) Próclise obrigatória: Isso: Pronome demonstrativo.

    d) Ênclise ou próclise facultativo, pois o verbo está no infinitivo antecedido pela preposição "e".

  • Corrigindo um equívoco do comentário anterior:

    a) Próclise obrigatória. Não: Palavra negativa.

    b) Próclise obrigatória. Alguns: Pronome indefinido.

    c) Próclise obrigatória: Isso: Pronome demonstrativo.

    d) Ênclise ou próclise facultativo, pois o verbo está no infinitivo antecedido pela conjunção coordenativa aditiva "e".

  • Eu já vim em gramaticas dizendo que pronome demonstrativo é facultativo. ¬¬

  • LETRA C

    Reforçando o comentário do Ronald k.:
    Pronome Demonstrativo antes do verbo sem Palavra Atrativa. - Caso Facultativo

    A gramática para Concursos, Ferando Pestana, p. 291

    Logo a questão deveria ser anulada.

  • Pronome em verbo no infinitivo sempre está correto, esse é o motivo da questão estar correta, amigos.

    Porquanto, Gabarito letra E

  • Segundo a Gramática, as únicas conjunções aditivas/alternativas que obrigam o uso da próclise são:

    * nem, não só/apenas/somente… mas/como/senão (também/ainda)…, tanto… quanto/como…, que, ou… ou, ora…ora, quer… quer…, já… já…

    Já em relação aos pronomes demonstrativos, como nossos colegas do QC já afirmaram, é caso facultativo. Vai entender...
     

  • Por mais que tenham gramáticas considerando pronome demonstrativo facultativo, vejo mais questões cobrando como obrigatório.

  • A conjução "e" na alternativa D tem sentido adtivo, logo não temos obrigatoriedade de próclise.

     

    GAB: D

  • Gab D

     

    Regras de Próclise

     

    - Palavras ou expressões negativas ( NÃO)

    ex: Não lhe devemos obrigações

     

    - Conjunção Subordinativa

    ex: Necessito de que o alertem a respeito da prova

     

    - Pronomes indefinidos

    ex: Tudo me parecia familiar

     

    - Pronomes Relativos

    ex: Os conceitos a que me refiro são daquele imbecil

     

    - Pronomes Interrogativos

    ex: Que te parece essa situação?

     

    - Advérbios

    ex: Nunca o levaria para aquele lugar

     

    - " Em " + Gerúndio

    ex: Em se desculpando pela ofensa, ele poderá sair. 

     

    - Sentenças opnativas

    ex: Deus lhe pague. 

     

    A) Próclise é obrigatória por conta da palavra atrativa Não.

    B) Próclise obrigatória por conta do pronome indefinido Alguns

    C) Próclise obrigatória por conta do pronome demonstrativo ISSO

    D) Gabarito. 

  • OBS= quando o verbo estiver no infinitivo impessoal (as, er, or, ir) será sempre FACULTATIVA a colocação pronominal

  • Gab D

     

    Próclise

     

    1°- Quando antes do verbo existe qualquer palavra de valor negativo

    ex: Nada nos impede / Ninguém o viu. 

     

    2°- Nas orações ou frases interrogativas e optativas. 

    ex: Por que o prenderam ali?     /    Quanto me custou aquela atitude!

     

    3°- Quando há, antes do verbo, um advérbio ( sem pausa)

    ex: Talvez nos encontramos / Aqui se fabricam móveis. 

     

    4°- Quando há, na oração, um pronome relativo ou conjunção subordinadinativa( que, o qual, cujo, quando, onde, se, caso, embora ) 

    ex: Mal se viram, coeçaram a discutir / Se me visse, eu ficaria feliz. 

     

    5°- Quando antes do verbo há outro pronome: Demonstrativo, indefinido, relativo, interrogativo em função substantiva. 

    ex: Alguns se admiraram com a beleza. / V.Sa.o recebeu / Aquilo me deixou encantada

     

    6°- Com verbo no gerúndio, regido de preposição em :

    ex: Em se tratando de dinheiro, dirija-se ao caixa. 

     

    7°- Nas orações coordenadas alternativas. 

    ex: Ou você fala agora, ou se cala para sempre. 

     

    8°- Com o infinitivo flexionado, regido de preposição

    ex: Por me ajudares, serás recompensado. 

     

    9°- Não se usa próclise no início de frase. 

  • NUNCA ESQUECER:

    PRÓCLISE OBRIGATÓRIA - ADVÉRBIO E PALAVRAS NEGATIVAS, PRONOMES RELATIVO, DEMONSTRATIVOS E INDEFINIDOS, EM + GERÚNDIO, CONJUNÇÃO SUBORDINADA.

     

    VAMOS PASSAR!

     

  • A ABL também considera pronome demonstrativo caso facultativo.

  • Segundo o Pestana,, os casos obrigatórios de pronome são os relativos, indefinidos substantivos e Interrogativos substantivos.


    Realmente não sei o que dizer

  • GABARITO: D

  • A banca FUMARC pede como referência em suas provas gramáticos como Luiz Antônio Sacconi e José de Nicola.

    Segundo os referidos gramáticos, os pronomes demonstrativos (isso, este, isto, aquilo...) são fatores de próclise, sendo portanto próclise obrigatória.

    O próprio Fernando Pestana em sua gramática cita que "gramáticos bem modernos dizem que os pronomes demonstrativos são palavra atrativas, ou seja, constituem um fator de próclise".

    Por isso, para questões da FUMARC, considere o gramático referenciado, sento portanto a letra C um caso de próclise obrigatória.

    Gabarito D

  • Melhor explicação -> pule direto p/ o comentário de Stéphany Graff

    ------------------------------------------------------------------------------------------

    Pronome demonstrativo é caso de próclise facultativa! - Posição majoritária (Adotar minoria em divergência doutrinária até em português é f###)

    Alternativas corretas: C e D

    Questão deveria ser anulada.

  • Colocação Pronominal na locução verbal - Pronome pode estar com ou sem hifen em qualquer posição, exceto se houver palavra atrativa o pronome não pode estar no meio com hífen. Essa afirmativa esta correta? se alguem souber me responder curte meu cometário por favor.. obrigado!

  • NASG RID OIE

    Negativa, Advérbio curto, Conj. Subordinada, Gerúndio .. (em)

    Pron. Relativo, Pron. Indefinido, Pron. Demonstrativo

    Oração optativa, Or. Interrogativa, Or. Exclamativa

    Ênclise: proibida no particípio e no futuro

    Anotações das aulas da professora Flávia Rita

  • eu acerto, mas acerto lendo a frase e percebendo que a frase está mal escrita. Não sei dizer tecnicamente como vocês fazem. mas gostei do NARIZ+D

  • Analisemos letra a letra.

    Letra A - ERRADA - A próclise é obrigatória, haja vista a presença da palavra negativa "não" - fator de próclise.

    Letra B - ERRADA - A próclise é obrigatória, haja vista a presença do pronome indefinido "Alguns" - fator de próclise.

    Letra C - ERRADA - Aqui reside uma polêmica: alguns gramáticos defendem que os pronomes demonstrativos como fatores de próclise. Outros não os consideram. Dadas as opções apresentadas na questão, parece que a FUMARC abraça a interpretação que considera sim os demonstrativos fatores de próclise. Fiquemos, portanto, atentos às questões.

    Letra D - CERTA - Diante de conjunção coordenativa aditiva, é facultativo o emprego da próclise ou ênclise.

  • GABARITO D

    CASOS QUE EXIGEM PRÓCLISE:

    "NARIS DE PREGO(Com "S" mesmo rsrs)

    Negativas

    Advérbios

    Relativos (pronomes relativos)

    Indefinidos/Interrogativos

    Subordinadas (conjunções subordinativas)

    DEmonstrativos

    PREposição seguida de Gerúndi(Ex.: Em se tratando...)

    Banca FUMARCrack!

  • Para responder esta questão, exige-se conhecimento em colocação pronominal. O candidato deve indicar qual assertiva indica o pronome que poderia ficar em mais de uma posição. Vejamos:

    Os pronomes pessoais oblíquos átonos me, te, se, lhe(s), o(s), a(s), nos e vos podem estar em três posições ao verbo ao qual se ligam.

    Próclise é antes do verbo⇾ Nada me faz tão bem quanto passar em concurso.

    Mesóclise é no meio do verbo⇾ Abraçar-lhe-ei…

    Ênclise é após o verbo⇾ Falaram-me que você está muito bem.

    Após vermos o conceito e os exemplos, iremos analisar cada assertiva a fim de encontrarmos a resposta correta. Analisemos:

    a) Incorreta.

    “[...] com a taça de vinho emprestada de alguém, num hotel onde não se hospedaram”.

    O pronome oblíquo antes de palavra negativa (não, nada, jamais, nunca...) fica em posição de próclise, portanto, esta assertiva não é facultativa a posição em que se encontra o pronome "se", mas obrigatória.

    b) Incorreta.

    “Alguns se contentam botando posts no Instagram, inventando uma vida que não têm [...]”.

    O pronome oblíquo antes de pronome indefinido (algum, nenhum, outro, alguém...) fica em posição de próclise, portanto, esta assertiva não é facultativa a posição em que se encontra o pronome "se", mas obrigatória.

    c) Incorreta.

    “Isso me ajudou a desenvolver um certo talento”.

    O pronome oblíquo antes de pronome demonstrativo (esse, aquele, isto...) fica em posição de próclise, portanto, esta assertiva não é facultativa a posição em que se encontra o pronome "me", mas obrigatória.

    d) Correta.

    “Mas a questão é que a pobre Fantine teve de vender os dentes e se prostituir devido à avidez da fofoca”.

    O pronome oblíquo diante de verbo no infinitivo pode ficar tanto em próclise como em ênclise, por isso, o pronome "se" poderia ficar tanto antes como após o verbo nesta oração analisada.

    Gabarito do monitor: D

  • Galera, esse tipo de questão é frequente na FUMARC.

    Na maioria das vezes a resposta foi a que continha um verbo no infinitivo.