SóProvas


ID
2713234
Banca
FCC
Órgão
DPE-RS
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Tomando resolutamente a sério as narrativas dos “selvagens”, a análise estrutural nos ensina, já há alguns anos, que tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um sistema de interrogações que elevam o pensamento mítico ao plano do pensamento propriamente dito. Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos não falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio; e, certamente, investi-los assim de tal gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra.


Talvez, entretanto, o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco de nos levar a tomá-los muito “a sério” desta vez e, por assim dizer, a avaliar mal sua dimensão de pensamento. Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma espécie de mitomania esquecida de um traço todavia comum a muitos mitos, e não exclusivo de sua gravidade: o seu humor.


      Não menos sérios para os que narram (os índios, por exemplo) do que para os que os recolhem ou leem, os mitos podem, entretanto, desenvolver uma intensa impressão de cômico; eles desempenham às vezes a função explícita de divertir os ouvintes, de desencadear sua hilaridade. Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam.


      A vida cotidiana dos “primitivos”, apesar de sua dureza, não se desenvolve sempre sob o signo do esforço ou da inquietude; também eles sabem propiciar-se verdadeiros momentos de distensão, e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar de seus próprios temores. Ora, não raro essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa forma, sua existência.


      Essas narrativas, ora burlescas, ora libertinas, mas nem por isso desprovidas de alguma poesia, são bem conhecidas de todos os membros da tribo, jovens e velhos; mas, quando eles têm vontade de rir realmente, pedem a algum velho versado no saber tradicional para contá-las mais uma vez. O efeito nunca se desmente: os sorrisos do início passam a cacarejos mal reprimidos, o riso explode em francas gargalhadas que acabam transformando-se em uivos de alegria.


(Adaptado de: CLASTRES, Pierre. A Sociedade contra o Estado. São Paulo, Ubu, 2017) 

A flexão do verbo em destaque deve-se ao elemento sublinhado em:

Alternativas
Comentários
  • Não consegui entender a questão, pois não tem termo sublinhado☹️

  • Termos sublinhados respectivamente: os, que, uivos de alegria,os, que.

  • GABARITO: D

    Sublinhando as concordâncias corretas:

     

     a) e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar 

     b) o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco

     c) (o riso explode em francas gargalhadas) que acabam transformando-se em uivos de alegria 

     d) do que para os que os recolhem ou leem (GABARITO): "Não menos sérios para os que narram - ler como aqueles que narram - (os índios, por exemplo) do que para os que - ler como aqueles que os recolhem - os recolhem ou leem"

     e) tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um sistema (1° parágrafo) 

  • Viviane,

    Diante da sua dúvida, editei o comentário com o acréscimo abaixo sobre o gabarito:

    "Não menos sérios para os que narram - ler como aqueles que narram - (os índios, por exemplo) do que para os que - ler como aqueles que os recolhem - os recolhem ou leem"

    Com essa leitura diferente, você percebe que a concordância de recolhem é com o primeiro "os", que representa o sujeito. O segundo "os" representa o objeto, o que é recolhido (os mitos).

  • d) do que para os (aqueles) que os recolhem ou leem

     

  • d) do que para os (aqueles) que os recolhem ou leem

    Se você alterar o primeiros os para a, percebe que o primeiro o não faz a concordância:

    d) do que para a (aquela) que os recolhem ou leem

     

     

  • Obrigada T.L., bastante esclarecedor. Entendi!

  • Às vezes erramos por não ir ao texto..

  • Não tem os termos sublinhados na questão.

  • Lembrando que o "que" é atrativo

    Abraços

  • É importante voltar ao texto, nesse caso.

    a) e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar (4° parágrafo) 

    O verbo está se referindo a "senso agudo"

    b) o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco (2° parágrafo) 

    O que suscitam? Os mitos.

    c) que acabam transformando-se em uivos de alegria (último parágrafo) 

    O que acaba de transformando em uivos de alegria? Francas gargalhadas.

    d) Correta

    e) tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um sistema (1° parágrafo) 

    O verbo está se referindo a "análise estrutural".

     

    Se eu estiver errada corrijam-me por favor?

  • Não menos sérios para ESTES que narram (os índios, por exemplo) do que para AQUELES ( QUALQUER LEITOR) os RECOLHEM ou leem.

     

    É essa a ideia, ou eu estou viajando? Obrigado.

     

    “Continue andando. Haverá a chance de você ser barrado por um obstáculo, talvez por algo que você nem espere. Mas siga, até porque eu nunca ouvi falar de ninguém que foi barrado enquanto estava parado.”

  • Para quem não consegue visualizar os termos sublinhados, tente usar outro navegador. Eu uso o Google Chrome e sempre consigo ver os sublinhados.

    Obs: A Natália Cavalcante fez a gentileza de colocar os termos sublinhados nos comentários: "Termos sublinhados respectivamente: os, que, uivos de alegria, os, que."

  • O site do QC precisa melhorar muito, não coloca os sublinhados das questões, já peguei prova com gabarito errado, mandei corrigir e eles não corrigiram. Lamentável.

  • Quando dizem que não aparece o termo sublinhado fico imaginando o serumaninho respondendo pelo smartphone? =D

  • Pessoinhas que não veem os sublinhados...TROQUEM OS NAVEGADORES rsrs (Mozilla Firefox ou Chrome)

  • No App não aparece o sublinhado
  • Eu não consigo ver o elemento sublinhado e estou no pc! Vamos reportar...

  • Concordância com o QUE: o verbo concorda com o termo antecedente que ele representa (termo antecedente ao QUE). 

    Exemplo: Fomos nós que viajamos. -> O verbo VIAJAR concordou com NÓS, que é o termo antecedente ao QUE. 

    Fonte: material de aula do Professor Felipe Oberg 

  • Acho que foi só eu que nem consegui entender o que a questão estava pedindo rsss

  • Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o verbo “faz” se flexiona no singular por concordar com o sujeito “seu senso agudo do ridículo”. O termo “os” é apenas o objeto direto.

    A alternativa (B) está errada, pois “suscitam” concorda com o sujeito “os mitos”. O termo “que” é apenas o objeto direto.

    A alternativa (C) está errada, pois o verbo “acabam” se refere ao seu sujeito, o pronome relativo “que”, e o termo “em uivos de alegria” é o objeto indireto do verbo “transformando-se”.

    A alternativa (D) é a correta, pois “recolhem” tem como sujeito o pronome relativo “que”, o qual retoma a primeira ocorrência de “os”. A segunda ocorrência de “os” é o objeto direto.

    A alternativa (E) está errada, pois o verbo “articula” é transitivo direto e indireto, o pronome “se” é apassivador, “um sistema” é o sujeito paciente e “nelas” é o objeto indireto. Note que o vocábulo “que” é apenas a conjunção integrante, a qual inicia a oração subordinada substantiva objetiva direta “que nelas se articula um sistema de interrogações”. Veja: Tomando resolutamente a sério as narrativas dos “selvagens”, a análise estrutural nos ensina, já há alguns anos, que tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um sistema de interrogações que elevam o pensamento mítico ao plano do pensamento propriamente dito.
    Gabarito: D

    DÉCIO TERROR

    ESTRATÉGIA

  • Traduzindo; a questão pede apenas para identificar o porquê de o verbo estar flexionado no plural. Segundo meus cálculos, na alternativa D, o primeiro "os" diz respeito a um pronome substantivo. Que, neste caso, substitui um nome anteriormente mencionado. o segundo os já é um artigo.

  • TEXTO DO CAPETA

  • Gab: D
    Precisei ler o texto e ver com quem o verbo está concordando, depois verifiquei se era o mesmo termo que estava sublinhado.
      Não menos sérios para os que narram (os índios, por exemplo) do que para os que os recolhem ou leem...

  • Não fui ao texto. Resultado: errei. Próxima!

  • Não precisei ler o texto, é só reler as alternativas.

  • O texto ajudou na resolução mas não precisava lê-lo para resolver a questão.

  • acertei orando o pai nosso!!!

    ...espero que na ora da prova funcione.

  •  a) e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar (4° parágrafo) os faz concorda com primitivos

     b) o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco (2° parágrafo) suscitam concorda com mito

     c) que acabam transformando-se em uivos de alegria (último parágrafo) acabam concorda com gargalhadas

     d) do que para os que os recolhem ou leem (3° parágrafo) recolhe concorda com os (mitos)

     e) tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um sistema (1° parágrafo) se articula concorda com um sistema

     

    Foi assim que resolvi a questão, se meu raciocínio estiver errado eu apago o comentário aqui.

  • Não cheguei a ler o texto, mas de qualquer forma, na dúvida, melhor dar uma olhadinha

  • ALTERNATIVA A: Alternativa incorreta. A forma verbal “faz” se relaciona com o termo “seu senso”, e não com “os”.

    ALTERNATIVA B: Alternativa incorreta. A forma verbal “suscitam” tem relação com o sujeito “os mitos”. O pronome “que” retoma “o interesse”, não tendo relação com a flexão do verbo, já que é complemento direto.

     ALTERNATIVA C: Alternativa incorreta. Para respondermos essa alternativa, temos que voltar ao último parágrafo do texto e perceber seu contexto. Sendo assim, percebe-se que “francas gargalhadas” é o verdadeiro sujeito de “acabam”, não “uivos de alegria”.

    ALTERNATIVA D: Alternativa correta, já que o pronome relativo “que” retoma o pronome demonstrativo “os” (= aqueles), que promove a flexão de “recolhem”.

    ALTERNATIVA E: Alternativa incorreta. Pondo a oração “que nelas se articula um sistema” na ordem direta, teremos: “que um sistema se articula nelas”. Percebe-se, assim, que o sujeito de “se articula” é “um sistema”, não o pronome “que”.