SóProvas


ID
2713243
Banca
FCC
Órgão
DPE-RS
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Tomando resolutamente a sério as narrativas dos “selvagens”, a análise estrutural nos ensina, já há alguns anos, que tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um sistema de interrogações que elevam o pensamento mítico ao plano do pensamento propriamente dito. Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos não falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio; e, certamente, investi-los assim de tal gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra.


Talvez, entretanto, o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco de nos levar a tomá-los muito “a sério” desta vez e, por assim dizer, a avaliar mal sua dimensão de pensamento. Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma espécie de mitomania esquecida de um traço todavia comum a muitos mitos, e não exclusivo de sua gravidade: o seu humor.


      Não menos sérios para os que narram (os índios, por exemplo) do que para os que os recolhem ou leem, os mitos podem, entretanto, desenvolver uma intensa impressão de cômico; eles desempenham às vezes a função explícita de divertir os ouvintes, de desencadear sua hilaridade. Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam.


      A vida cotidiana dos “primitivos”, apesar de sua dureza, não se desenvolve sempre sob o signo do esforço ou da inquietude; também eles sabem propiciar-se verdadeiros momentos de distensão, e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar de seus próprios temores. Ora, não raro essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa forma, sua existência.


      Essas narrativas, ora burlescas, ora libertinas, mas nem por isso desprovidas de alguma poesia, são bem conhecidas de todos os membros da tribo, jovens e velhos; mas, quando eles têm vontade de rir realmente, pedem a algum velho versado no saber tradicional para contá-las mais uma vez. O efeito nunca se desmente: os sorrisos do início passam a cacarejos mal reprimidos, o riso explode em francas gargalhadas que acabam transformando-se em uivos de alegria.


(Adaptado de: CLASTRES, Pierre. A Sociedade contra o Estado. São Paulo, Ubu, 2017) 

Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma espécie de mitomania... (2° parágrafo)


No segmento acima, caso se substitua o termo sublinhado por “Quando”, os verbos deverão adotar a seguinte forma:

Alternativas
Comentários
  • Exercício de correlação verbal, o termo que não aparece sublinhado pelo QC é “se”,além dessa correlação do gabarito também poderia ser “Quando, em suma, deixarmos na sombra ...., veremos difundir-se uma espécie .....

  • GABARITO: A

  • Sempre vejo algumas reclamações quanto a não visualização da palavra sublinhada. Eu uso o navegador Google Chrome, nele esse problema não aparece. Fica aí a dica do navegador para sanar o problema!!!

  • Não está sublinhado, mas parece que o colega ai já resolveu o problema.

  • É que, lamentavelmente, está no pretérito

    A adaptação também deveria ficar

    Abraços

  •  

    Trata-se da correlação verbal.

     

    A correlação entre tempos e modos verbais, ou uniformidade modo-temporal, se dá por meio da ligação semântica entre os verbos de um período composto por subordinação de modo que haja uma harmonia de sentido na frase em que os verbos se encontram.

     

    Os preferidos da FCC são:

     

    I - Pretérito imperfeito do Subj + Futuro do pretérito do indicativo:

     

    Exemplo:

    Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma espécie de mitomania... 

     

    II - Presente do Indicativo + Presente do indicativo:

     

    Exemplo:

    Quando, em suma, deixamos na sombra seus aspectos mais acentuados, vemos difundir-se uma espécie de mitomania... 

     

    III - Futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo:

     

    Exemplo:

    Quando, em suma, deixarmos na sombra seus aspectos mais acentuados, veremos difundir-se uma espécie de mitomania... 

     

     

     

  • Uma alternativa boa para não se embaralhar é mudar o verbo que é chatinho por um mais simples. Ver e Vir é muito facil de confundir, pois nossa lingua tem varias limitações foneticas e tal, então trocamos o verbo ver por ficar, simples assim:

     

    Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma espécie de mitomania... (2° parágrafo)

     

    Resumindo e trocando:

     

    Se nós deixassemos a Servia ganhar, ficariamos fora da copa.

    Quando nós deixarmos a Servia ganhar, Ficaremos fora da copa. (não existe nas alternativas)

    Quando nós deixamos a Servia ganhar, ficamos fora da copa. (alternativa a)

    Criei um canal com resolução de questões aqui do qc, espero que te ajude!

    youtube.com/channel/UCKqb4hrACvuQDwdlEZgItQg

  • Quando EU deixo/vejo
    Quando TU deixas/vês
    Quando ELE deixa/vê
    Quando NÓS deixamos/vemos 
     

  • Esse problema de não aparecer a palavra sublinhada, que prejudica muitíssimo o entendimento, é um bug que ocorre sobretudo no aplicativo do QC. A administração do QC deveria solucionar esse problema com urgência...
  • Melhor comentário do SILVANO JUNIOR...

     

    Quando EU deixo/vejo
    Quando TU deixas/vês
    Quando ELE deixa/vê
    Quando NÓS deixamos/vemos 

     

    É pra gravar.. sempre conjugar

  • Nunca tem termo sublinhado pra quem faz no app, isso atrapalha de mais
  • Eu fico tão chateado quando a questão fala em termo destacado ou sublinhado e o Q Concursos não demonstra o destaque da palavra... Fica difícil fazer questões assim... Você fica tentando advinhar qual que é o termo destacado... Aff!

  • Comentário: Ao substituirmos a conjunção condicional “Se” por “Quando”,
    notamos que não cabe o presente do subjuntivo “deixemos”. Veja que soa estranho falarmos quando deixemos, concorda?
    Assim, eliminamos as alternativas (B) e (E).
    Ao inserirmos o futuro subjuntivo “deixarmos”, naturalmente, o verbo da oração principal deve ser o futuro do presente do indicativo “veremos”. Porém,tal combinação não ocorre, por isso eliminamos a alternativa (C).
    Assim, ao inserirmos o presente do indicativo “deixamos”, notamos uma mudança de sentido do trecho original condicional para temporal. Dessa forma, naturalmente o presente do indicativo “deixamos” combina com o também presente do indicativo “vemos”.

    Assim, a alternativa (A) é a correta. Confirme:
    Quando, em suma, deixamos na sombra seus aspectos mais acentuados, vemos difundir-se uma espécie de mitomania...
    Gabarito: A

  • Sempre que vier uma questão falando de termo destacado um comentário que certamente irá aparecer é de alguém falando que não consegue ver esses termos com destaque.

     

    Sempre utilizei o site pelo Google Chrome com o notebook e nunca tive esse problema. O site destaca os termos, ele só não deve aparecer em outros aparelhos ou navegadores.

  • ALTERNATIVA A: Alternativa correta. A conjunção “se” promove uma ideia hipotética, situação reforçada pelo verbo “deixássemos”. Sendo assim, o verbo adequado para se ligar a esse verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo seria o futuro do pretérito do indicativo, o caso de “veríamos”. Assim, na mudança do “se” para o “quando”, situação requerida pelo enunciado, notamos que os dois presentes do indicativo em “deixamos” e “vemos” efetivam, ainda assim, essa ideia hipotética, pois dependem do acontecimento eventual do fato, bem como mantém a correlação temporal do trecho.

    ALTERNATIVA B: Alternativa incorreta. O presente do subjuntivo não pode se articular com a conjunção “quando”. Além disso, a correlação temporal não pode acontecer com o futuro do presente do subjuntivo do verbo “veremos”, que dá uma condição de ação certa no futuro.

    ALTERNATIVA C: Alternativa incorreta. A forma “deixarmos” pode adequadamente ser articulada com “quando”, porém temos um problema de coerência temporal quando da articulação com “vejamos”, que deveria ser substituído por “veremos”.

    ALTERNATIVA D: Alternativa incorreta, pois há incorreção na relação temporal entre “vejamos” e “deixamos”. Para que isso fosse corrigido, deveríamos substituir o primeiro verbo por “vemos”.

    ALTERNATIVA E: Alternativa incorreta pelo mesmo motivo do item B.