SóProvas


ID
2723497
Banca
CONSULPLAN
Órgão
SEDUC-PA
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                     Coisas & Pessoas


      Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!”. Mas eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo com estes olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e levanta no excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos, um vulto junto à minha cama, senti-me estremunhado e olhei atônito para um tipo de chiru, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma:

      – Pois é! Não vê que eu sou o sereno…

      E eis que, por milésimo de segundo, ou talvez mais, julguei que se tratasse do sereno noturno em pessoa. [...]

             (Mário Quintana. Caderno H. 5. ed. São Paulo: Globo, 1989, p. 153-154.)

Após a leitura do texto e considerando seu conteúdo, pode-se afirmar quanto ao emprego da conjunção em relação à titulação do texto que o sentido produzido indica

Alternativas
Comentários
  • Gabarito D

     

    Marquei D pois ele sempre personificava as coisas, logo elas se relacionavam.

     

    a) compensação de um elemento em relação ao outro. Errado, em nenhum momento o autor da a entender a ideia de compensação.

     

     

    b) acrescentamento de um elemento em relação ao outro. Errado, apesar do E ser uma adição, o autor não fala em acrescentar nada, ele apenas enxerga as coisas como pessoas.

     

     

    c) sobreposição do último elemento em detrimento do primeiro. Errado, ele enxerga as coisas como pessoas, essa aqui podia gerar confusão, mas ele relaciona coisas com pessoas e não substitui, sem falar que o "E" não representa substituição, mas sim uma soma.

  • B) a meu ver, o autor personifica conceitos que a princípio não possuem personalidade, isto é, acrescenta um elemento a outro.

    C) sobrepor não significa substituir, mas dispor a cima de outro plano. A meu ver, a personalidade física é sobreposicionada em conceitos de origem alheia a personificação.

    D) também existe uma relação.

     

    Se fosse pra marcar a errada, teria acertado =]

  • Acorreta é mesmo a letra D. Lendo-se o título e o texto, percebe-se que aquele poderia até mesmo ser substituído por "Coisas são pessoas", o que demonstra a relação estabelecida entre os dois, de maneira que o autor atribui traços de personalidade às coisas de que ouve falar, desfazendo a separação que normalmente se faz entre coisas e pessoas.

     

    Bons estudos! =)

  • o padrão geralmente é assim: quando tem uma resposta que parece certa ao mesmo tempo que possui uma outra que também é certa mas é mais genérica, marque a alternativa mais genérica. Neste caso, a letra d

  • A questão foi muito mal escrita na minha opinião. "pode-se afirmar quanto ao emprego da conjunção em relação à titulação do texto que o sentido produzido indica". Qual conjunção seria essa? Ou está falando de conjunções de um modo geral? De qualquer forma concordo com os colegas de ser a letra D pois as conjunções conectam termos de orações.