SóProvas


ID
2723773
Banca
INAZ do Pará
Órgão
CRF-PE
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO PARA AS QUESTÕES 01 A 10


O que se aprende com o óbvio


    “Ensinar” vem do latim ensignar, vem de signo, de sinal, de deixar uma marca. Ensignar é o que você grava em algo ou alguém. Se uma pessoa me pergunta o que aprendi na vida até agora, minha resposta revelará tudo que me “ensignou”, as marcas que foram gravadas em mim. Revelará minhas características, meus caracteres, meu caráter. Perceba que as palavras ensignar e aprender estão conectadas, uma vez que ninguém ensina sem ter aprendido e vice-versa. Parece óbvio, mas pouca coisa é mais perigosa na existência do que o óbvio, essa âncora que paralisa o pensamento e induz à falsidade, à distorção, ao erro. Quantas vezes você já disse ou ouviu alguém dizer isso: “Puxa, procurei as chaves pela casa toda e só encontrei no último lugar em que olhei”. E quem escuta isso geralmente diz: “Que curioso, isso também sempre acontece comigo!”. Mas é óbvio. É claro que a pessoa encontra no último lugar em que procurou, pois ninguém encontra algo e, em sã consciência, continua procurando o que já encontrou. Sempre se encontra algo no último lugar, e jamais antes nem depois.

    Todo conhecimento e todo avanço vão contra o óbvio, contra tudo aquilo que ancora, que evita o progresso e o desenvolvimento humano. Sim, mudar é complicado, pois a mudança é contrária à imobilidade – e a imobilidade diversas vezes se esconde por trás da máscara traiçoeira da coerência. Os melhores artistas não são coerentes. São a antítese do óbvio. Picasso pintou um painel sobre o tema. Nele, não há nada de óbvio; não há bombas, explosões, soldados, nada disso. Mas basta olhar as pessoas que estão ali, o cavalo, para ver que o quadro retrata o desespero e o horror. Há muitas maneiras de fugir do óbvio, e os melhores artistas são especialistas nisso.

    O grito também pode ser contrário ao óbvio. O diretor Francis Ford Coppola, no filme O poderoso chefão III, mostrou o grito mais silencioso da história do cinema, na cena em que a filha do personagem de Al Pacino leva um tiro e morre. Ao perceber o que ocorrera, ele abre a boca em desespero e grita, sem som, por uns trinta segundos, num silêncio ensurdecedor. Nelson Rodrigues disse que o que dói na bofetada é o som. Shakespeare disse que a vida é feita de som e fúria. Se você tirar o som, a fúria desaparece – no filme Ran, o diretor Akira Kurosawa inseriu uma cena de batalha em câmara lenta e sem som, foi contra o óbvio e transformou um confronto sangrento em um balé.

    O que podemos aprender com o óbvio? Podemos aprender que ninguém nasce pronto e vai se desgastando. Nós nascemos crus e vamos nos fazendo. Sim, isso é óbvio, mas como eu aprendi? O que mais aprendi? Quando aprenderei? Aprenderei? Sou sempre a minha mais recente edição, revista e ampliada.

    [...]


CORTELLA, M. S. Viver em paz para morrer em paz: se você não existisse, que falta faria? São Paulo: Planeta, 2017.

É correto afirmar que a conjunção coordenativa presente no trecho “Parece óbvio, mas pouca coisa é mais perigosa na existência do que o óbvio”, estabelece:

Alternativas
Comentários
  • “Parece óbvio, MAS pouca coisa é mais perigosa na existência do que o óbvio”

    Mas — conjunção coordenativa adversativa (oposição).

  • Pode-se substituir o MAS pelo PORÉM, ENTRETANTO.. dando idéia de oposição (conjunção coordenada adversativa)

  • VALE À PENA DECORAR "ESCREVER MUITO ATÉ MEMORIZAR" AS CONJUÇÕES, 95% DAS QUESTÕES REVOLVEM APENAS ELIMINANDO.

    CONJUÇÃO "MAS" É UMA CONJUÇÃO COORDENATIVA AVERSÁTIVA, PODE SER SUBSTITUIDA SEM QUALUQER ALTERAÇÃO POR "NO ENTANDO, ENTRETANTO, NÃO ABSTANTE, CONTUDO, TODAVIA..."

     

    ALTERNATIVA "B"

  • “Parece óbvio, mas (sentido de alternancia) pouca coisa é mais perigosa na existência do que o óbvio”

  • Correta B

    Mas dá ideia de oposição (Conjunção Coordenativa Adversativa).

  • válido substituir as conjunções que desempenham as mesmas funções. Por ex: a conjunção adversativa "MAS" é facilmente verificada ao substituir por aquelas que também são adversativas, a exemplo de ENTRETANTO.

    "Parece óbvio, entretanto pouca coisa é mais perigosa na existência do que o óbvio"
    Percebe que o sentido da oração não mudou?!
    Outra coisa boa de perceber também é que as orações adversativas mostram condições opostas, mas que não se anulam. 

  • Alternância é:

    1) OU eu viajo, OU eu estudo.

    2)Talvez eu vá dormir OU assistir filme.

    3) ORA eu quero trabalhar, ora quero dançar.

    4) QUER chovesse, QUER fizesse sol, tinha de sair.

    5) Preciso ir de qualquer jeito. Seja de carro, seja a pé.

    =D Bons estudos. Keep going!

  • A questão quer saber o valor semântico da conjunção "mas" na frase citada.

    Conjunções coordenativas são as que ligam termos ou orações de mesmo valor. As conjunções coordenativas podem ser: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

    A Uma explicação da segunda oração em relação à primeira.

    Conjunções coordenativas explicativas: têm valor semântico de explicação, justificativa, motivo, razão ...

    São elas: porque, pois (antes do verbo), porquanto, que...

    Ex.: Vamos indo, porque já é tarde.

    B Uma ideia de oposição da segunda oração em relação à primeira.

    Conjunções coordenativas adversativas: têm valor semântico de oposição, contraste, adversidade, ressalva ...

    São elas: mas, porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto, não obstante, inobstante, senão (= mas sim)...

    Ex.: Não estudou muito, mas passou nas provas.

    C Uma alternância contida entre as duas orações.

    Conjunções coordenativas alternativas: têm valor semântico de alternância, escolha ou exclusão

    São elas: ou... ou, ora... ora, já.. já, seja... seja, quer... quer, não... nem...

    Ex.: Ora estudava, ora trabalhava.

    D Uma ideia de conclusão da segunda oração a partir da primeira.

    Conjunções coordenativas conclusivas: têm valor semântico de conclusão, fechamento, finalização ...

    São elas: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois (posposto ao verbo), então, assim, destarte, dessarte...

    Ex.: Estudamos muito, portanto passaremos no concurso.

    E Uma adição de ideia ocasionada pela segunda oração.

    Conjunções coordenativas aditivas: têm valor semântico de adição, soma, acréscimo ...

    São elas: e, nem (e não), não só... mas também, mas ainda, como também, ademais, outrossim...

    Ex.: Estudaram muito e passaram no concurso.

    Gabarito: Letra B