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ID
2723797
Banca
INAZ do Pará
Órgão
CRF-PE
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO PARA AS QUESTÕES 01 A 10


O que se aprende com o óbvio


    “Ensinar” vem do latim ensignar, vem de signo, de sinal, de deixar uma marca. Ensignar é o que você grava em algo ou alguém. Se uma pessoa me pergunta o que aprendi na vida até agora, minha resposta revelará tudo que me “ensignou”, as marcas que foram gravadas em mim. Revelará minhas características, meus caracteres, meu caráter. Perceba que as palavras ensignar e aprender estão conectadas, uma vez que ninguém ensina sem ter aprendido e vice-versa. Parece óbvio, mas pouca coisa é mais perigosa na existência do que o óbvio, essa âncora que paralisa o pensamento e induz à falsidade, à distorção, ao erro. Quantas vezes você já disse ou ouviu alguém dizer isso: “Puxa, procurei as chaves pela casa toda e só encontrei no último lugar em que olhei”. E quem escuta isso geralmente diz: “Que curioso, isso também sempre acontece comigo!”. Mas é óbvio. É claro que a pessoa encontra no último lugar em que procurou, pois ninguém encontra algo e, em sã consciência, continua procurando o que já encontrou. Sempre se encontra algo no último lugar, e jamais antes nem depois.

    Todo conhecimento e todo avanço vão contra o óbvio, contra tudo aquilo que ancora, que evita o progresso e o desenvolvimento humano. Sim, mudar é complicado, pois a mudança é contrária à imobilidade – e a imobilidade diversas vezes se esconde por trás da máscara traiçoeira da coerência. Os melhores artistas não são coerentes. São a antítese do óbvio. Picasso pintou um painel sobre o tema. Nele, não há nada de óbvio; não há bombas, explosões, soldados, nada disso. Mas basta olhar as pessoas que estão ali, o cavalo, para ver que o quadro retrata o desespero e o horror. Há muitas maneiras de fugir do óbvio, e os melhores artistas são especialistas nisso.

    O grito também pode ser contrário ao óbvio. O diretor Francis Ford Coppola, no filme O poderoso chefão III, mostrou o grito mais silencioso da história do cinema, na cena em que a filha do personagem de Al Pacino leva um tiro e morre. Ao perceber o que ocorrera, ele abre a boca em desespero e grita, sem som, por uns trinta segundos, num silêncio ensurdecedor. Nelson Rodrigues disse que o que dói na bofetada é o som. Shakespeare disse que a vida é feita de som e fúria. Se você tirar o som, a fúria desaparece – no filme Ran, o diretor Akira Kurosawa inseriu uma cena de batalha em câmara lenta e sem som, foi contra o óbvio e transformou um confronto sangrento em um balé.

    O que podemos aprender com o óbvio? Podemos aprender que ninguém nasce pronto e vai se desgastando. Nós nascemos crus e vamos nos fazendo. Sim, isso é óbvio, mas como eu aprendi? O que mais aprendi? Quando aprenderei? Aprenderei? Sou sempre a minha mais recente edição, revista e ampliada.

    [...]


CORTELLA, M. S. Viver em paz para morrer em paz: se você não existisse, que falta faria? São Paulo: Planeta, 2017.

Verifica-se, segundo as normas do português, que a concordância em “Todo conhecimento e todo avanço vão contra o óbvio” é adequada devido:

Alternativas
Comentários
  • Letra C

  • GABARITO LETRA C.

     

    Todo conhecimento e todo avanço [SUJEITO COMPOSTO] vão [VERBO NO PLURAL] contra o óbvio.

     

    O sujeito ser composto e vir acompanhado imediatamente do verbo, o que justifica este estar no plural, ou seja, verbo "VER" será flexionado no plural.

     

  • Acredito que seja verbo "ir" e não "ver"

  • GABA LETRA CÊ,


    Questãozinha boa de fazer, bem tranquila. É só perguntar ao verbo: "QUE É QUE VÃO?" , TODO CONHECIMENTO E TODO AVANÇO". Ou seja, sujeitinho composto que corresponde a 2 ou mais núcleos de sujeito.


    Espero ter ajudado! Bons estudos a todos os guerreiros!

  • Gabarito: C


    Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo, a concordância se faz no plural.

     “Todo conhecimento e todo avanço vão contra o óbvio”


    Bons estudos!!!

  • Regras sujeito composto:

    ANTES do verbo >> plural (obrigatorio)

    DEPOIS do verbo >>> plural ou singular

  • Por que a alternativa B está errada?

  • GABARITO C

    Pessoal, regrinha básica do sujeito composto:

    1) Quando o sujeito é composto e vem ANTES do verbo, a concordância se faz obrigatoriamente no PLURAL:

    Ex.: Pai e filho conversavam longamente.

    2) Quando o sujeito composto vem DEPOIS do verbo (ordem inversa do sujeito), o verbo pode ir para o PLURAL ou SINGULAR:

    Ex.: "Irei ao Rio eu e ela"  ou   "Iremos ao Rio eu e ela".

    bons estudos

  • GABARITO C. TÔ MELHORANDO #FORÇA