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ID
2724685
Banca
FUNRIO
Órgão
AL-RR
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO


      Parece haver um abismo de mútua incompreensão entre os médicos e seus pacientes. Essa distância parece aumentar. Apesar da grande maioria dos diagnósticos (70-90%) ser feita com base na história do paciente, a escuta médica é sem dúvida o ponto de maior fragilidade na medicina atual. Os médicos geralmente querem saber apenas dos fatos, interrompendo os pacientes antes da história completa.

      O registro técnico, resumido, com linguagem técnica e supostamente neutra, é insuficiente para uma inter-relação que possa auxiliar a criação de narrativas que facilitem a realização de hipóteses diagnósticas e a escolha de intervenções terapêuticas que levem em conta a perspectiva do próprio paciente. No processo de criação de anamneses médicas objetivas, acabamos, muitas vezes, por desumanizar e suprimir delas aspectos que podem ser decisivos para a abordagem diagnóstica e terapêutica, além de dificultarmos a criação de uma narrativa por parte do paciente que dê sentido ao seu processo de adoecimento.

      O declínio das doenças infecciosas, o envelhecimento da população e o concomitante aumento da prevalência das doenças crônicas determinam a necessidade de um novo papel do profissional de saúde, em especial do médico, na condução dos conflitos inerentes ao acompanhamento de pessoas com doenças que não têm cura, mas que muitas vezes levam a incapacidades permanentes e de longa duração.

      Em relação à incompreensão médico-paciente, uma das dificuldades é, sem dúvida, a barreira de linguagem criada pela terminologia técnica entre os profissionais e os pacientes. A condição clínica do paciente é interpretada e referida a ele em uma linguagem que muitas vezes ele não entende. Na alta hospitalar, menos de 1/3 entendem de que doença eles foram tratados e menos de 1/4 que tipo de terapia receberam. 

Ana Luisa Rocha Mallet. Literatura e medicina: uma experiência de ensino. Rio de Janeiro: Livros Ilimitados, 2014, pp. 18-19 (Adaptado)

A transformação dos dois períodos indicados a seguir em um único período pode ser realizada com mudanças na redação.


Parece haver um abismo de mútua incompreensão entre os médicos e seus pacientes. Essa distância parece aumentar.


Assinale a alteração que mantém a correção gramatical e o sentido pretendido pela autora do texto.

Alternativas
Comentários
  • A leitura do trecho possibilita-nos entender que "a distância" referida diz respeito à "incompreensão".  Para uma nova e correta redação, é necessário que haja um termo que remeta à "incompreensão". A única frase cuja palavra alude anaforicamente à "incompreensão" é a da alternativa A.

     

    Letra A 

  • a) Parece haver um abismo de mútua incompreensão entre os médicos e seus pacientes cuja distância parece aumentar.

    O pronome relativo CUJO é usado quando se indica posse (a distância pertence aos médicos e pacientes,). A concordância é feita a partir da palavra seguinte, no caso, CUJA está concordando com DISTÂNCIA em gênero e número.

    MACETE: O 'CU'JO APONTA PARA TRÁS CONCORDANDO COM O DA FRENTE.

     

     

    b) Parece haver um abismo de mútua incompreensão entre os médicos e seus pacientes, contudo a distância parece aumentar.

    Mudança de sentido. O CONTUDO tem sentido de contraste. É uma conjunção adversativa.

     

     

    c) Parece haver um abismo de mútua incompreensão entre os médicos e seus pacientes onde a distância parece aumentar.

    Na língua culta, escrita ou falada, “onde” deve ser limitado aos casos em que há indicação de LUGAR FÍSICO, ESPACIAL

     

     

     d) Parece haver um abismo de mútua incompreensão entre os médicos e seus pacientes, ainda que a distância pareça aumentar.

    Mudança de sentido. A conjunção AINDA QUE introduz uma oração que tem ideia contrária da oração principal. É uma conjunção concessiva.

     

     

    O IGNORANTE AFIRMA, O SÁBIO DUVIDA E O SENSATO REFLETE.
    Aristóteles