SóProvas


ID
2747971
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
SEDUC-AL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Filosofia
Assuntos

      Sendo então a alma imortal e tendo nascido muitas vezes, e tendo visto tanto as coisas (que estão) aqui quanto as (que estão) no Hades, enfim, todas, as coisas, não o que não tenha aprendido; de modo que não é nada de admirar, tanto com respeito à virtude quanto ao demais, ser possível a ela rememorar aquelas coisas justamente que já antes conhecia. Pois, sendo a natureza toda congênere e tendo a alma aprendido todas as coisas, nada impede que, tendo (alguém) rememorando alguma só coisa — fato esse precisamente que os homens chamam aprendizado —, essa pessoa descubra todas as outras coisas, se for corajosa e não se cansar de procurar. Pois, pelo visto, o procurar e o aprender são, no seu total, uma rememoração.

                          Platão. Mênon. Rio de Janeiro: São Paulo, 2001. p. 51-2.

Tendo o fragmento do texto de Platão como referência inicial, julgue o item a seguir, acerca da teoria da reminiscência platônica.


Na teoria platônica, exposta no Mito de Er ou Mito da Reminiscência, a alma e o corpo, sendo congêneres, detêm os mesmos aspectos reminiscentes quanto ao conhecimento.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: Errado

    Congênere: que é do mesmo gênero, espécie, tipo, classe, modelo, função etc. (que outro); similar, congenérico.

    Na teoria platônica alma e corpo não são congêneres, mas sim separados (dualismo). O conhecimento está na alma racional.

  • Platão via alma e corpo formas distintas.

  • É através da alma que o homem conhece, segundo Platão. O corpo e as sensações explicam “como” são as coisas. A alma e a inteligência explicam “o que” são as coisas. É por isso que a alma é esse trânsito entre os dois mundos, inteligível e sensível, ainda que suas características sejam dadas pelo mundo inteligível. A alma tem de se assemelhar àquilo que ela busca ou aspira: as ideias. E ainda que encarnada em um corpo, a morte refere-se somente a essa parte material, divisível, múltipla, instável. A alma como unidade não se dissolve, mas busca, segundo os mitos escatológicos que Platão narra, o aperfeiçoamento a partir de uma série de ciclos reencarnatórios. A expiação se dá pelas faltas cometidas em vidas passadas que a alma guarda na memória e ao contemplar o inteligível faz sua escolha da vida que quer viver. Então, põe-se novamente em movimento para realizar sua trajetória, mas o corpo torna-se um obstáculo e a faz esquecer parcialmente o que contemplou no mundo inteligível. É assim que ela busca o conhecimento como tentativa de purificação da alma, através da inteligência. A alma é, pois, sujeito do conhecimento.