A crise deflagrou-se, assim, por um dos tripés do déficit trigêmeo: o déficit das famílias, as quais vêm, desde 1999, consumindo mais do que ganham. O resultado foi o aumento crescente do endividamento familiar. Um dos recursos adotados para viabilizar esse consumismo foi a tomada de empréstimos no mercado imobiliário dando como garantia a própria residência, isto é, hipotecando-a. Quando os juros estavam baixos (no começo desta década, a taxa básica praticada pelo Banco da Reserva Federal, o banco central dos EUA, chegou ao patamar de 0,5% ao ano), as famílias conseguiram compatibilizar renda e endividamento, mas, quando os juros voltaram a subir até atingirem a taxa de 5,25% no ano passado, já não foi possível manter essa conciliação e a bolha estourou em inadimplência, tomada dos imóveis pelos bancos, queda do valor dos imóveis, crise do sistema bancário (estima-se que seus prejuízos podem variar de US$ 400 bilhões a US$ 700 bilhões) e encurtamento do crédito.
Gab. A