SóProvas


ID
27712
Banca
CESGRANRIO
Órgão
Transpetro
Ano
2006
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A INTERNET NÃO É RINGUE

          Você já discutiu relação por e-mail? Não discuta.
     O correio eletrônico é uma arma de destruição de massa
     (cerebral) em caso de conflito. Quer discutir? Quer
     quebrar o pau, dizer tudo o que sente, mandar ver, detonar a
 5  outra parte? Faça isso a sós, em ambiente fechado. [...]
          Brigar por e-mail é muito perigoso. Existe pelo
     menos um par de boas razões para isso. A primeira é que
     você não está na frente da pessoa. Ela não é "humana" a
     distância, ela é a soma de todos os defeitos. A segunda
 10 razão é que você mesmo também perde a dimensão de
     sua própria humanidade. Pelo e-mail as emoções ficam
     no freezer e a cabeça, no microondas. Ao vivo, um olhar
     ou um sorriso fazem toda a diferença. No e-mail todo
     mundo localiza "risos", mas ninguém descreve "choro".
15        Eu sei disso, porque cometi esse erro. Várias
     vezes. Nunca mais cometerei, espero. [...] Um tiroteio
     de mensagens escritas tende à catástrofe. Quando você
     fala na cara, as palavras ficam no ar e na memória e uma
     hora acabam sumindo de ambos. "Eu não me lembro de ter
20  dito isso" é um bom argumento para esfriar as tensões.
     Palavras escritas ficam. Podem ser relidas muitas vezes.
          Ao vivo, você agüenta berros [...]. Responde no
     mesmo tom rasteiro. E segue em frente. Por e-mail, cada
     frase ofensiva tende a ser encarada como um desafio para
25 que a outra parte escolha a arma mais poderosa destinada
     ao ponto mais fraco do "adversário". Essa resposta letal
     gera uma contra-resposta capaz de abalar os alicerces
     do edifício, o que exigirá uma contra-contra-resposta
     surpreendente e devastadora. Assim funciona o ser
30  humano, seja com mensagens, seja com bombas nucleares.
          Ao vivo, um pode sentir a fraqueza do outro e eventualmente
     ter o nobre gesto de poupar aquelas trilhas
     de sofrimento e rancor. Ao vivo, o coração comanda. Por
     e-mail é o cérebro que dá as cartas. [...]
35       E tem o fator fermentação. Você recebe um e-mail
     hostil. Passa horas intermináveis imaginando qual será a
     terrível, destrutiva resposta que vai dar. Seu cérebro ferve
     com os verbos contundentes e adjetivos cruéis que serão
     usados no reply. Aí você escreve, e reescreve, e reescreve
40 de novo, e a cada nova versão seu texto está mais
     colérico, e horas se passam de refinamento bélico do
     texto até que você decida apertar o botão do Juízo Final,
     no caso o Enviar. Começam então as dolorosas horas de
     espera pela resposta à sua artilharia pesada. É uma
45 angústia saber que você agora é o alvo, imaginar que
     armas serão usadas. E dependendo do estado de deterioração
     das relações, você poderá enlouquecer a ponto
     de imaginar a resposta que vai dar à mensagem que
     ainda nem chegou.
50      É por isso que eu aconselho, especialmente aos
     mais jovens: se for para mandar mensagens de amizade,
     se é para elogiar, se é para declarar amor, use e abuse
     dos meios digitais. E-mail, messenger, chat, scraps, o
     que aparecer. Mas se for para brigar, brigue pessoalmente.
55  A não ser, claro, que você queira que o rompimento seja
     definitivo. Aí é só abrir uma nova mensagem e deixar o
     veneno seguir o cursor.

     MARQUEZI, Dagomir, Revista Info Exame, jan. 2006. (adaptado)

Quando se substitui a expressão "pelo menos um par de boas razões (l. 6-7)" por pelo menos duas boas razões, a concordância, conforme a norma culta, será:

Alternativas
Comentários
  • locução verbal:
    deve haver
    porém devem existir.
  • Resposta “B”A opção “A” está errada. O verbo “haver” é impessoal e fica na 3ª pessoa do singular quando indica tempo decorrido, existência, ocorrência ou acontecimento. Por isso quando o verbo “haver” forma locução com um verbo auxiliar, este também não varia. Pelo menos deve haver duas boas razõesA opção “B” está certa. Quando o verbo existir fizer parte de uma locução verbal, o auxiliar concordará com o sujeito e não com o verbo principal. Pelo menos devem existir duas boas razões.A opção “C” está errada. Quando o verbo existir fizer parte de uma locução verbal, o auxiliar concordará com o sujeito e não com o verbo principal. Pelo menos podem existir duas boas razõesA opção “D” está errada. O verbo “haver” é impessoal e fica na 3ª pessoa do singular quando indica tempo decorrido, existência, ocorrência ou acontecimento. Por isso quando o verbo “haver” forma locução com um verbo auxiliar, este também não varia. Pelo menos possível que haja duas boas razões.
  • e quanto a letra E? Não poderia está correta ?
  • Pois é... por que a alternativa E não pode estar correta? Alguém saberia explicar?
  • Acredito que a letra E esteja errada mais por uma questão de significado que de concordância, pois em todas as alternativas há uma afirmação ( como no texto "Existe"... sim recorri ao texto pois achei q questão um pouco mal elaborada) enquanto na letra E é uma possibilidade.
  • Acredito que Na letra E  depende muito do que vem depois da palavra têm que está no plural....se vier uma palavra de ordem singular quebrou a construção da frese...então o examinador colocou a frase como uma pegadinha sabe ....

  • A letra "e" não pode estar correta, visto que o verbo ter necessita de um complemento, ou seja, ele não pode ser usado com intransitivo. Sendo assim, a mais correta é a letra "b" mesmo.

  • Nas locuções verbais, o verbo principal é sempre o último; os demais são verbos auxiliares. Se o verbo principal for impessoal (=sujeito inexistente), o verbo auxiliar fica no SINGULAR.

     

    Ex:

    “DEVE HAVER muitas pessoas na reunião.” (=devem existir)

     

    Obs:

    O verbo EXISTIR é pessoal (=com sujeito) e deve concordar com o seu sujeito

    Os verbos OCORRER e ACONTECER também são pessoais

     

    O verbo HAVER pode ser usado no plural, desde que não tenha o sentido “existir”, “ocorrer” ou “tempo decorrido”:

    “Os professores HOUVERAM por bem adiar as provas.” (=decidiram)

     

    [Fonte: http://redeglobo.globo.com/sp/tvtribuna/camera-educacao/platb/2013/09/12/concordando-ou-nao-concordancia-verbal-com-haver-e-existir/ ]