SóProvas


ID
2779504
Banca
INAZ do Pará
Órgão
CORE-MS
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  O fim do artigo científico


Um pilar da ciência transformou-se em zumbi à espera de um verdugo que abrevie sua agonia e da troca por algo melhor


      Um teste para o leitor: quais destes títulos correspondem a artigos verdadeiros? 1. Desenvolvendo redes ativas usando algoritmos randomizados; 2. Re-representação (sic) como projeto de trabalho em terceirização: uma visão semiótica; 3. As dinâmicas de intersubjetividade e os imperativos monológicos em Dick e Jane: um estudo sobre modos de gêneros transrelacionais; 4. Atalhos e jornadas interiores: construindo identidades portáteis para carreiras contemporâneas.

      Parabéns a quem respondeu 2 e 4. O artigo 2 foi publicado em MIS Quarterly, um dos principais periódicos da área de Gestão da Informação; e o 4 saiu na prestigiosa revista Administrative Science Quarterly. Os demais são falsos. O título 1 foi obra de um software criado por estudantes do MIT, que gera artigos completos, totalmente falsos e absurdos; e o 3 foi retirado de um cartoon de Calvin, no qual o personagem, depois de criá-lo, exclama: “Academia, aqui vou eu!”

      De fato, não falta ironia contra a linguagem adotada em textos científicos. Alguns parecem ter sido criados para inflar achados menores e intimidar leitores com uma linguagem empolada e turva.

      Ocorre que o artigo científico é um dos pilares de desenvolvimento da ciência. Antes de seu surgimento, os resultados de experimentos e novos conhecimentos eram informados em apresentações e por meio de cartas. O artigo científico facilitou a comunicação e acelerou a evolução do conhecimento.

      Hoje, o sistema de publicações científicas compreende milhares de revistas e está estruturado em castas. Grandes grupos editoriais estão por detrás do lucrativo negócio. No topo encontram-se os periódicos mais seletivos e reputados. Publicar nesses veículos requer passar pelo duro escrutínio de exigentes avaliadores. Provê status e reconhecimento dos pares. Facilita o acesso a financiamentos e pode acelerar a carreira acadêmica.

      Nos últimos anos, o sistema passou a ser criticado. As universidades, preocupadas com rankings e sob pressão para justificar gastos, passaram a pressionar pesquisadores a publicar mais. Muitos deles mudaram de rumo: em lugar de gerar novo conhecimento, passaram a orientar seus esforços para gerar mais publicações.

      Assim, o foco na ciência foi trocado pelo foco nos indicadores de desempenho e na própria carreira. Do outro lado do balcão, a própria comunidade científica multiplicou o número de periódicos, ampliando o espaço para textos de qualidade duvidosa.

      Mesmo no topo, a situação é preocupante. Textos científicos de eras anteriores eram menos especializados e formais. Eram também mais curtos e diretos. E não havia ainda o fetiche da estatística. A superespecialização da ciência tornou os artigos mais longos, herméticos e cheios de jargão.

      O modelo tornou-se anacrônico e precisa de reformas. Artigos científicos deveriam ser mais simples de escrever e mais rápidos de ler. A forma deveria ceder espaço ao conteúdo. Escapar da forma papel (ou pdf) é o primeiro passo. Em seu lugar, poderíamos ter módulos de conhecimento, curtos e objetivos, especializados e rigorosos, porém também atraentes e interessantes.

      Este sucedâneo deveria se distanciar do hermetismo estatístico tanto quanto das caudalosas digressões textuais. Hiperlinks e recursos interativos poderiam prover acesso direto a bases de dados, textos de apoio, imagens, simulações e outros recursos de interesse dos leitores. Entretanto, mudar somente a forma não é suficiente. Em muitos campos a superespecialização levou à fragmentação, com a multiplicação de pequenos grupos de pesquisa orientados por interesses próprios e pouco dispostos a esforços cooperativos. É preciso reverter essa tendência e fomentar pesquisa em torno de temas aglutinadores, convergentes com as necessidades e demandas da sociedade.

      Recentemente, o editor do periódico Academy of Management Journal, um dos principais do campo da Administração, exortou a comunidade científica a orientar esforços de pesquisa na busca de soluções para problemas críticos que afetam o planeta: pobreza, desigualdade, crise ambiental e muitos outros. Não há escassez de problemas e não temos um planeta de reserva. A ciência deveria fazer mais.

Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/revista/1002/o-fim-do-artigo-cientifico. Acesso em: 21/05/18

A utilização da palavra sic se dá para alertar o leitor que determinada parte do texto está escrita incorretamente ou soa de forma estranha. Com relação à classe gramatical de tal palavra, vista em “Re-representação (sic) como projeto de trabalho em terceirização”, é possível dizer que ela pertence à classe:

Alternativas
Comentários
  • Significado de Sic

    advérbio

    Põe-se entre parênteses depois de uma palavra, expressão ou frase, para indicar que a citação é textualmente exata, e que por ela não se responsabiliza quem a faz, seja qual for sua forma.

    (https://www.dicio.com.br/sic/)


    Tá aí a fonte... agora, por que essa palavra é considerada advérbio eu não sei explicar...

  • Gabarito C.


    Sic é um advérbio latino que significa «assim», «deste modo», «desta forma». Por exemplo:

    «Sic itur ad astra» («É assim que se chega ao céu»).

    «Sic transit gloria mundi» («É assim que passa a glória mundana»).

    Ao passar para as línguas novilatinas, este advérbio revestiu-se de novo matiz, pois deu origem a sim em português, si em francês e em catalão,  em castelhano e  em italiano. No entanto, é provável que este uso de sic como advérbio afirmativo já corresse em latim vulgar, pois conhece-se pelo menos um exemplo deste uso nas comédias de Públio Terêncio (195/185-159 a. C.). No caso do romeno, a matização foi ainda mais longe, pois de sic deriva a copulativa și* («e»).

    Seja como for, o advérbio sic resistiu à voragem do tempo e ainda se usa em muitas línguas modernas, português incluído. Pospõe-se entre parênteses e serve para indicar, numa citação, que a palavra ou a expressão antecedentes, por muito estranhas ou erradas que possam parecer, se encontram tal e qual no texto original. Por vezes, quando o erro é crasso, o citador até apõe um ponto de exclamação (ou vários...) ao termo latino, para deixar bem vincado que aquele despautério é da responsabilidade do autor do texto original ou se deve à malícia de qualquer gralha desplumada. No fundo, ao escrever sicnuma citação, é como se escrevêssemos sic scripsit, que é como quem diz «foi assim que ele escreveu (e não eu!)».


    Fonte - https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/o-significado-da-palavra-latina-sic/32473

  • Gabarito C.


    Sic é um advérbio latino que significa «assim», «deste modo», «desta forma». Por exemplo:

    «Sic itur ad astra» («É assim que se chega ao céu»).

    «Sic transit gloria mundi» («É assim que passa a glória mundana»).

    Ao passar para as línguas novilatinas, este advérbio revestiu-se de novo matiz, pois deu origem a sim em português, si em francês e em catalão,  em castelhano e  em italiano. No entanto, é provável que este uso de sic como advérbio afirmativo já corresse em latim vulgar, pois conhece-se pelo menos um exemplo deste uso nas comédias de Públio Terêncio (195/185-159 a. C.). No caso do romeno, a matização foi ainda mais longe, pois de sic deriva a copulativa și* («e»).

    Seja como for, o advérbio sic resistiu à voragem do tempo e ainda se usa em muitas línguas modernas, português incluído. Pospõe-se entre parênteses e serve para indicar, numa citação, que a palavra ou a expressão antecedentes, por muito estranhas ou erradas que possam parecer, se encontram tal e qual no texto original. Por vezes, quando o erro é crasso, o citador até apõe um ponto de exclamação (ou vários...) ao termo latino, para deixar bem vincado que aquele despautério é da responsabilidade do autor do texto original ou se deve à malícia de qualquer gralha desplumada. No fundo, ao escrever sicnuma citação, é como se escrevêssemos sic scripsit, que é como quem diz «foi assim que ele escreveu (e não eu!)».


    Fonte - https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/o-significado-da-palavra-latina-sic/32473

  • Gabarito C.

    Sic é um advérbio latino que significa «assim», «deste modo», «desta forma». Por exemplo:

    «Sic itur ad astra» («É assim que se chega ao céu»).

    «Sic transit gloria mundi» («É assim que passa a glória mundana»).

    Ao passar para as línguas novilatinas, este advérbio revestiu-se de novo matiz, pois deu origem a sim em português, si em francês e em catalão,  em castelhano e  em italiano. No entanto, é provável que este uso de sic como advérbio afirmativo já corresse em latim vulgar, pois conhece-se pelo menos um exemplo deste uso nas comédias de Públio Terêncio (195/185-159 a. C.). No caso do romeno, a matização foi ainda mais longe, pois de sic deriva a copulativa ?i* («e»).

    Seja como for, o advérbio sic resistiu à voragem do tempo e ainda se usa em muitas línguas modernas, português incluído. Pospõe-se entre parênteses e serve para indicar, numa citação, que a palavra ou a expressão antecedentes, por muito estranhas ou erradas que possam parecer, se encontram tal e qual no texto original. Por vezes, quando o erro é crasso, o citador até apõe um ponto de exclamação (ou vários...) ao termo latino, para deixar bem vincado que aquele despautério é da responsabilidade do autor do texto original ou se deve à malícia de qualquer gralha desplumada. No fundo, ao escrever sicnuma citação, é como se escrevêssemos sic scripsit, que é como quem diz «foi assim que ele escreveu (e não eu!)».

    Fonte - https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/o-significado-da-palavra-latina-sic/32473