GABARITO D
Comentário: José Mariano Filho foi diretor da Escola de Belas-Artes no Rio de Janeiro, onde lecionou para diversos arquitetos o estilo no qual defendia com tanto fervor: o Neocolonial. Entretanto, em 1930-1931 houve uma tentativa de reforma estrutural na academia no qual o jovem arquiteto Lúcio Costa, que se aventurava a compreender a arquitetura "moderna" (estilo internacional de Le Corbusier), se tornou diretor tentando implantar esse estilo em Belas-Artes juntamente com o até então estilo neocolonial. Assim, trouxe vários professores adeptos a lecionar para os alunos, inclusive Gregori Warchavchik, precursor do estilo moderno em São Paulo. Tal fato fez com que crescesse uma rivalidade entre José Mariano Filho e Lúcio Costa, fazendo com que o antigo diretor conseguisse a demissão de Lúcio Costa, fato que fez muitos estudantes protestarem e se sensibilizarem a causa de Lúcio Costa, apoiando-o.
O
percurso profissional do arquiteto e urbanista Lucio Costa foi um reflexo dos
acontecimentos na cultura brasileira ao longo do século XX, enquanto o
arquiteto definia seus pressupostos teóricos, estilos e partidos projetuais, passando
pelo ecletismo, neocolonialismo até chegar a nova linguagem moderna nacional. No
período do movimento neocolonial brasileiro, onde a arquitetura assumia características
de nacionalismo e regionalismo, por volta dos anos de 1930, segundo Carlucci
(2005), “Dr. José Mariano Filho, médico entusiasta das artes e da literatura,
anfitrião de portentosos sarais em seu Solar Monjope no Rio de Janeiro, do qual
Lúcio Costa era usual frequentador. Mais tarde, após 1930, será exatamente José
Mariano um dos maiores opositores à “nova arquitetura" tendo como alvo
principal Lucio Costa, por ele traidor da “causa" neocolonial".
Mais do
que um estilo, o neocolonialismo foi um movimento cultural e artístico de
representatividade das ideias nacionais e tradicionais. Como José Mariano era
defensor e patrocinador deste estilo, a oposição de Lucio Costa à ele, em períodos de maior amadurecimento profissional, defendendo o movimento moderno nas décadas de 30 e 40 e difundindo as ideias de
Le Corbusier, foi criado o cenário de divergências entre eles, como mencionado no enunciado da questão.
Gabarito da professora: Alternativa D.
FONTE: CARLUCCI, Marcelo. As casas de Lucio Costa.
Dissertação de Mestrado (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
de São Paulo). Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, 2005.