SóProvas


ID
2800618
Banca
FCC
Órgão
Câmara Legislativa do Distrito Federal
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Leia abaixo o Capítulo I do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão. 

      Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.

      – Continue, disse eu acordando.

      – Já acabei, murmurou ele.

      – São muito bonitos.

      Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” – “Vou para Petrópolis, dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.” – “Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.

      Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.

(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 79-80.) 

O verbo destacado deve sua flexão ao termo sublinhado em:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito - C

     

     

    a) No dia seguinte [ ELE ] entrou a dizer de mim nomes feios, e [ ELE ] acabou alcunhando-me Dom Casmurro

     

     

    →  Errado, o verbo "acabou" deve sua flexão ao sujeito oculto "ELE" que se refere ao rapaz que leu os versos para Dom Casmurro.

     

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    b) Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou

     

     

    →  Errado, o verbo "dar" deve sua flexão ao seu sujeito "vizinhos".

     

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    c) Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo

     

     

    →  Correto, o verbo "pôr" deve sua flexão ao seu sujeito "o vulgo".

     

    →  Ordem direta: Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que o vulgo de homem calado e metido lhe pôs.

     

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  • Alguém pode explicar a D?

  • @guilherme bezerra, segue a explicação:

    O mais certo em questões como essa da FCC é identificar o sujeito e posteriormente coloca-lo no plural

     

    "Meu caro dom Casmurro (sublinhado), não cuide (negrito) que o dispenso do teatro amanhã (5°parágrafo)"

    Neste caso, não há sujeito e sim vocativo. Neste caso, o correto é trocar a palavra sublinhada por um suposto sujeito pra ver se há concordância,  a exemplo:

    "Meu caro colegas , não cuide (negrito) que o dispenso do teatro amanhã (5°parágrafo)"

    Obs:. Note que aqui eu teria uma discordância porque meu caro não está no plural; agora

     

     "Meus caros colegas , não cuidem (negrito) que o dispenso do teatro amanhã (5°parágrafo)"  

    Obs:. Aqui se fosse sublinhado todo o vocativo, então teria concordância. 

    Portanto, fica dica: nesses casos é necessário encontrar o sujeito e posteriormente coloca-lo no plural ou singular para saber com quem o verbo está concordando. 

    Abraços

  • Põe um texto em Russo mas não põe essas poesias, texto com portugues arcaico, textos filosoficos e afins
    Ninguem entende nada !

  • não entendi nada

  • Acertei a questão mas ainda não entendi...

     

  • alguem cometem a d e a e obrigada

     

  • Gabarito C

    Quem está na dúvida sobre a letra D, o sujeito é oracional portanto o verbo sempre ficará na 3ª pessoa do singular e geralmente precedida da conjunção que.

    Não cuide (disso) que o dispenso...

  • Letra D:

    Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã.

    O termo sublinhado é vocativo.

    O verbo em negrito está no Imperativo e concorda implicitamente com "você" (Não cuide você) e não com o vocativo.

  • ANÁLISE SINTÁTICA

    CASMURRO NÃO ESTÁ AQUI NO SENTIDO QUE ELES LHE DÃO, MAS CASMURRO ESTÁ AQUI NO SENTIDO O QUAL O VULGO DE HOMEM CALADO E METIDO CONSIGO LHE PÔS.

    ORDEM DIRETA DA ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA RESTRITIVA DESENVOLVIDA

    O VULGO DE HOMEM CALADO E METIDO CONSIGO LHE PÔS O SENTIDO.

    SUJEITO = O VULGO DE HOMEM CALADO E METIDO CONSIGO

    VERBO = PÔS

    OBJETO DIRETO = O SENTIDO

    OBJETO INDIRETO = LHE (AO CASMURRO)

  • D) Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã (5°parágrafo)

    Como LEO afirmou na letra D há um vocativo, porém se prestarmos atenção existe uma vigula entre DOM CASMURRO e CUIDE. Então mesmo que não tenha indetificado o vocativo lembre-se não pode haver virgula separando sujeito do verbo.

  • Errei essa questão por julgar o pôs. Fiz confusão.