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ID
2801077
Banca
FCC
Órgão
Câmara Legislativa do Distrito Federal
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      A retórica de que se trata aqui é essa metalinguagem (cuja linguagem-objeto foi o “discurso”) que reinou no Ocidente do século V a.C. até o século XIX d.C. Esse discurso sobre o discurso comportou várias práticas, presentes, simultânea ou sucessivamente, segundo as épocas, na “Retórica”, entre elas:

1. uma técnica, isto é, uma “arte”, no sentido clássico da palavra – arte da persuasão, conjunto de preceitos cuja aplicação permite convencer o ouvinte do discurso (e mais tarde, o leitor da obra), mesmo quando aquilo de que se deve persuadi-lo seja “falso”;

2. um ensinamento – de início transmitida por vias pessoais, inseriu-se rapidamente em instituições de ensino;

3. uma ciência, ou, em todo caso, uma protociência − um campo de observação autônomo delimitando certos fenômenos, a saber, os “efeitos” de linguagem;

4. uma moral – sendo um sistema de “regras”, a retórica está penetrada da ambiguidade da palavra: é ao mesmo tempo um manual de receitas, animadas por uma finalidade prática, e um Código, um corpo de prescrições morais, cuja função é vigiar (isto é, permitir e limitar) os “desvios” da linguagem passional;

5. uma prática social – a Retórica é essa técnica privilegiada (pois que é preciso pagar para adquiri-la) que permite à classe dirigente garantir para si a propriedade da palavra. Sendo a linguagem um poder, decidiu-se das regras seletivas de acesso a esse poder, constituindo-o em pseudociência, fechada para “aqueles que não sabem falar”, tributária de uma iniciação dispendiosa (nascida há 2500 anos de processo de propriedade, a retórica se esgota e morre na classe de “retórica”, consagração iniciática da cultura burguesa).

      A Retórica (como metalinguagem) nasceu do processo de propriedade. Por volta de 485 a. C., dois tiranos sicilianos, Géron e Hiéron, operaram deportações, transferências de população e expropriações, para povoar Siracusa e distribuir lotes aos mercenários; quando foram derrubados por um levante democrático e se quis voltar ao ante qua, houve inumeráveis processos, pois os direitos de propriedade estavam obscurecidos. Esses processos eram de um tipo novo e mobilizavam grandes júris populares, diante dos quais, para convencer, era preciso ser “eloquente”.

      Essa eloquência, participando ao mesmo tempo da democracia e da demagogia, do judicial e do político (o que se chamou depois de deliberativo), constituiu-se rapidamente em objeto de ensino. Os primeiros professores dessa nova disciplina foram Empédocles de Agrigento, Córax, aluno seu de Siracusa (o primeiro a cobrar pelas aulas), e Tísias. Esse ensino passou com igual rapidez para a Ática (depois das guerras médicas), graças às contestações dos comerciantes, que moviam processos conjuntamente em Siracusa e em Atenas: a retórica já é, em parte, ateniense desde meados do século V.

      Córax coloca já as cinco grandes partes da oratio, que formarão durante séculos o “plano” do discurso oratório: 1. exórdio; 2. narração (relação dos fatos); 3. argumentação ou prova; 4. digressão; 5. epílogo. É fácil verificar que, ao passar do discurso judicial para a dissertação escolar, esse plano conservou a sua organização principal: uma introdução, um corpo demonstrativo, uma conclusão.

(Adaptado de: BARTHES, Roland. “A Antiga Retórica”, A Aventura Semiológica, Lisboa, Edições 70, 1987) 

A adequada transição de tópico frasal se encontra em:

Alternativas
Comentários
  • letra d

    tópico frasal é uma frase principal que apresenta a informação central do parágrafo. É uma apresentação/ resumo do que será apresentado ao longo do parágrafo. A única que apresenta uma ideia é a "d"

    Fonte -Técnicas de redação para concursos ( Lilian Furtado e Vínicios Carvalho Pereira).2015. Editora método

     

  • por favor comentem as outras alternativas obrigada

     

  • aqui não aparece o texto de apoio

  • Em minha opinião, essa é a ordem correta:

    A retórica grega concentra-se na êuresis, ou descoberta dos argumentos, e não na linguagem, ou elocutio, que, por sua vez, relaciona-se ao termo “eloquência”(Tópico frasal). Desenvolvimento: A eloquência romana tem, como seus teóricos mais representativos, Cícero e Quintiliano; por seu turno, é um desenvolvimento da retórica grega, sobretudo quanto ao que Platão teoriza em seus diálogos. Platão, no Fedro, diálogo que trata da boa e da má retórica, que por seu turno oferece duas diferentes perspectivas sobre o problema, ainda escreve outros dois diálogos relacionados diretamente à linguagem, o Sofista e Górgias. Górgias, para provar a eficácia do discurso, compõe dois discursos sobre Helena, causa da Guerra de Troia, que provam um suas virtudes, o conhecido Elogio de Helena, e outro seus vícios (final do desenvolvimento do parágrafo). Os tratados retóricos latinos eram devedores dos gregos, que traziam os princípios basilares da disciplina, cujos textos remanescentes mais antigos remontam aos fragmentos de Górgias. (Fechamento do parágrafo)

    Gabarito: D