SóProvas


ID
28225
Banca
CESGRANRIO
Órgão
REFAP SA
Ano
2007
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Aquele estranho animal
Os do Alegrete dizem que o causo se deu em Itaqui,
os de Itaqui dizem que foi no Alegrete, outros juram que
só poderia ter acontecido em Uruguaiana. Eu não afirmo
nada: sou neutro.
Mas, pelo que me contaram, o primeiro automóvel
que apareceu entre aquela brava indiada, eles o mataram
a pau, pensando que fosse um bicho. A história foi assim
(...).
Ia um piazinho estrada fora no seu petiço - tropt,
tropt, tropt (este é o barulho do trote) - quando de repente
ouviu - fufufupubum ! fufufupubum chiiiipum!
E eis que aí a "coisa", até então invisível, apontou
por detrás de um capão, bufando que nem touro brigão,
saltando que nem pipoca, se traqueando que nem velha
coroca, chiando que nem chaleira derramada e largando
fumo pelas ventas como a mula-sem-cabeça.
"Minha Nossa Senhora."
O piazinho deu meia-volta e largou numa disparada
louca rumo da cidade (...).
Chegado que foi, o piazinho contou a história como
pôde, mal e mal e depressa, que o tempo era pouco e não
dava para maiores explicações, pois já se ouvia o barulho
do bicho que se aproximava.
Pois bem, minha gente: quando este apareceu na
entrada da cidade, caiu aquele montão de povo em cima
dele, os homens uns com porretes, outros com garruchas
que nem tinham tido tempo para carregar de pólvora,
outros com boleadeiras, mas todos de a pé, porque
também nem houvera tempo para montar, e as mulheres
umas empunhando as suas vassouras, outras as suas
pás de mexer marmelada, e os guris, de longe, se
divertindo com seus bodoques, cujos tiros iam acertar
em cheio nas costas dos combatentes. E tudo abaixo de
gritos e pragas que nem lhes posso repetir aqui.
Até que enfim houve uma pausa para respiração.
O povo se afastou, resfolegante, e abriu-se uma
clareira, no meio da qual se viu o auto emborcado,
amassado, quebrado, escangalhado, e não digo que morto,
porque as rodas ainda giravam no ar, nos últimos transes
de uma teimosa agonia. E quando as rodas pararam, as
pobres, eis que o motorista, milagrosamente salvo, saiu
penosamente engatinhando por debaixo dos escombros
do seu ex-automóvel.
- A la pucha! - exclamou então um guasca, entre
espantado e penalizado - o animal deu cria!

QUINTANA, Mário. Poesia Completa. Rio de Janeiro,
Editora Nova Aguilar, 2005.

Assinale a frase em que há uso INADEQUADO do acento grave, indicativo da crase.

Alternativas
Comentários
  • a) O piazinho chegou à cidade rapidamente.(CERTA)

    O verbo chegar é termo regente, ou seja, exige complemento regido pela preposição "a". Portanto,usa-se crase.

    b) Foi, às pressas, contar o que tinha visto.(CERTA)

    Usa-se crase antes de locuções adverbiais femininas.


    c) Todos ficaram à beira da estrada para ouvi-lo.(CERTA)

    Usa-se crase antes de locuções prepositivas femininas.


    d) Então ele deu todas as informações àquelas pessoas espantadas.(CERTA)

    Usa-se crase antes de pronomes demonstrativos.


    e) A multidão quase mata o motorista à porretadas. (ERRADA)

    Nas locuçoes adverbiais(expressões que indicam circunstâncias de tempo, lugar, modo, etc.), recomenda-se o emprego do acento grave nas formadas de "a" + palavra feminina no SINGULAR. Portanto, está errada porque o modo como mataram o motorista está no plural.


  • Cuidado Kémmelly!não se usa crase diante de pronomes demonstrativo, com exceção de: aquele, aquela e aquilo. Portanto a questão está correto por se tratar de em exceção.Refiro-me a esta senhora.Fizeram referência a essa dívida.Refiro-me àquele senhor.
  • Só para facilitar o entendimento:Para saber se vai ocorrer crase antes de pronome demostrativo basta subistituir "aquele" por "esse", se aparecer "a esse" usa-se crase.Exemplos: Fui àquele sítio.(crase)Fui(a esse)sítio.Comprei aquele sapato.(sem crase)Compre (esse) sapato.
  • e) ERRADA

    Não ocorre a crase em locuções adverbiais que indicam meio ou instrumento.

  • A no singular e palavra no plural, crase nem a pau.
  • Não se usa crase diante de palavras no plural.
  • Comentário da Érica
    e) ERRADA

    Não ocorre a crase em locuções adverbiais que indicam meio ou instrumento.
    --------------------------------------------------------------------------------------

    Essa explicação é o que teve mais fundamento.

    Um trecho do livro explica sobre isso.

    "...não se emprega a crase quando, substituindo-se na locução o nome feminino por outro masculino, não aparece a forma ao; por isso é que não se craseia o a da expressão: "Ele foi ferido a bala", porque não se diz: "Foi ferido ao cacete", mas sim "ferido a cacete", o que vem demonstrar que o nessa frase é apenas preposição. Assim, não se diz: "excrever uma carta ao lápis". Não se grafa "pagamento à vista" mas "pagamento a vista" (não se diz pagamento ao prazo; não há determinação"; grafa-se, porém, "O resultado está à vista de todos", porque se diz "O resultado está ao alcance de todos" (= na vista de todos; há determinação")"

  • Só para complementar o que o colega Saulo Lopes disse...

     

    Não se usa crase diante de palavras no plural (femininas) quando não forem precedidas de artigo. 

  • GABARITO:E

  • GABARITO: LETRA E

    Principais casos em que não ocorre a crase:

    * Antes de palavra masculina

    * Em locução feminina que indique instrumento (ex: Ela escreveu o texto a caneta)

    * Antes de verbo

    * Entre palavras repetidas que formem uma expressão (ex: cara a cara)

    * Antes de artigo indefinido

    * Quando o A estiver no singular e a palavra posterior estiver no plural

    * Antes dos seguintes pronomes: 

       a) De tratamento (exceções: senhora, senhorita, dona e madame)

       b) Relativos (exceção: à qual, às quais)

       c) Indefinidos (exceção: outra(as))

       d) Demonstrativos (exceções: àquele, àquela, àquilo)

       e) Pessoais

    FONTE: QC