SóProvas


ID
28228
Banca
CESGRANRIO
Órgão
REFAP SA
Ano
2007
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Aquele estranho animal
Os do Alegrete dizem que o causo se deu em Itaqui,
os de Itaqui dizem que foi no Alegrete, outros juram que
só poderia ter acontecido em Uruguaiana. Eu não afirmo
nada: sou neutro.
Mas, pelo que me contaram, o primeiro automóvel
que apareceu entre aquela brava indiada, eles o mataram
a pau, pensando que fosse um bicho. A história foi assim
(...).
Ia um piazinho estrada fora no seu petiço - tropt,
tropt, tropt (este é o barulho do trote) - quando de repente
ouviu - fufufupubum ! fufufupubum chiiiipum!
E eis que aí a "coisa", até então invisível, apontou
por detrás de um capão, bufando que nem touro brigão,
saltando que nem pipoca, se traqueando que nem velha
coroca, chiando que nem chaleira derramada e largando
fumo pelas ventas como a mula-sem-cabeça.
"Minha Nossa Senhora."
O piazinho deu meia-volta e largou numa disparada
louca rumo da cidade (...).
Chegado que foi, o piazinho contou a história como
pôde, mal e mal e depressa, que o tempo era pouco e não
dava para maiores explicações, pois já se ouvia o barulho
do bicho que se aproximava.
Pois bem, minha gente: quando este apareceu na
entrada da cidade, caiu aquele montão de povo em cima
dele, os homens uns com porretes, outros com garruchas
que nem tinham tido tempo para carregar de pólvora,
outros com boleadeiras, mas todos de a pé, porque
também nem houvera tempo para montar, e as mulheres
umas empunhando as suas vassouras, outras as suas
pás de mexer marmelada, e os guris, de longe, se
divertindo com seus bodoques, cujos tiros iam acertar
em cheio nas costas dos combatentes. E tudo abaixo de
gritos e pragas que nem lhes posso repetir aqui.
Até que enfim houve uma pausa para respiração.
O povo se afastou, resfolegante, e abriu-se uma
clareira, no meio da qual se viu o auto emborcado,
amassado, quebrado, escangalhado, e não digo que morto,
porque as rodas ainda giravam no ar, nos últimos transes
de uma teimosa agonia. E quando as rodas pararam, as
pobres, eis que o motorista, milagrosamente salvo, saiu
penosamente engatinhando por debaixo dos escombros
do seu ex-automóvel.
- A la pucha! - exclamou então um guasca, entre
espantado e penalizado - o animal deu cria!

QUINTANA, Mário. Poesia Completa. Rio de Janeiro,
Editora Nova Aguilar, 2005.

Indique a opção em que a concordância verbal NÃO está feita corretamente.

Alternativas
Comentários
  • A alternativa b não está correta porque é o típico caso de verbo haver no sentido de existir se tornando impessoal, portanto, o verbo fica no singular.
    Corrigindo a frase: "Na cidade, havia mulheres com vassouras."
  • UM GRUPO ENTOU NO SALÃO
    &
    UM GRUPO DE ALUNOS (ENTROU OU ENTRARAM) NO SALÃO .

    "PENSEI" É A PORRA DA B , MAS ESSA D , ENQUADRA NA REGRA...
    GENTE ERRA , ACERTANDO...É FODA!
  • Resposta “B” A opção “A” está correta. O verbo fica no singular quando os sujeitos são resumidos pelos pronomes indefinidos: tudo, nada, nenhum, cada um, cada qual, outro, ninguém, alguém, isso, isto e aquilo. Homens, mulheres, guris, ninguém o aceitava.

    A opção “B” está errada. O verbo “haver” é impessoal e fica na 3ª pessoa do singular quando indica tempo decorrido, existência, ocorrência ou acontecimento. Na cidade, havia mulheres com vassouras.

    A opção “C” está certa. No caso de sujeito composto formado por pessoas gramáticas diferentes (eu e tu), o verbo vai para a 1ª pessoa do plural (nós). Eu e tu não acreditaríamos na história.

    A opção “D” está correta. Havendo sujeito e predicado, o verbo ser concorda com certas palavras que prevalecem sobre outras. No caso da questão, entre plural e singular, prevalece o plural. O maior problema daquele grupo são as superstições.

    A opção “E” está certa. O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa. Os piazinhos têm medo do desconhecido.
  • Comentando a alternativa E:

    A alternativa E apresenta uma situação de concordância verbal do verbo "ser" em casos de predicado nominal. Nesse tipo de situação, o verbo pode (facultativo) concordar com qualquer dos elementos, no entanto há algumas regras que prevalecem sobre essa faculdade:

    1) PRONOME PESSOAL RETO
    Prevalece SEMPRE o pronome pessoal reto.
    Exemplo: Todo eu era só coração. ("era" concorda com o pronome pessoal reto "eu")

    2) PESSOA x COISA
    Prevalece o termo que indica PESSOA, em detrimento de outro que indique COISA.
    Exemplo: O homem sempre foi suas idéias. ("foi" concorda com "O homem" (PESSOA), em detrimento de "suas idéias" (COISA))

    3) COISA x COISA
    Quando os dois elementos forem "COISAS", a concrodância é facultativa, dando-se preferência à concordância com o elemento no plural. Isso é o que ocorre na alternativa analisada, veja:
    d) O maior problema (COISA) daquele grupo são as superstições (COISA). Ambas as formas verbais ("são" ou "é") poderia term sido utilizadas, mas a alternativa apresentou a forma flexionada ("são"), preferível nesse tipo de situação.

  • Para fazer essa questão eu inverti a ordem da frase na assertiva D. Veja:
    d) O maior problema daquele grupo são as superstições.
    São as supertições o maior problema daquele grupo.
    Pensei assim: o grupo tem vários problemas, mas dentre todos os problemas o maior deles são as supertições.
    Não sei se viajei e como tb havia uma assertiva (como a letra B) que estava errada logo de cara, acabei conseguindo fazer :)

    Bons estudos!

  • O verbo HAVER no sentido de EXISTIR é impessoal e fica na 3ª pessoa do singular.

  • Gabarito letra B.

    a) Homens, mulheres, guris, ninguém o aceitava.

    (Regra do Aposto Resumitivo)

    b) Na cidade, haviam mulheres com vassouras.

    (Haver -no sentido de existir- sempre fica na 3ª pessoa do singular.

    c) Eu e tu não acreditaríamos na história.

    (Quando existe uma enumeração de pessoas e o eu se inclui nelas, conjuga-se o verbo na 1ª pessoal do plural: Nós)

    d) O maior problema daquele grupo são as superstições.

    (O verbo ser pode concordar tanto com o sujeito como com o predicado)

    e) Os piazinhos têm medo do desconhecido.

    (O verbo ter concordar com piazinhos, portanto vai ao plural: têm)