SóProvas


ID
2829550
Banca
IDECAN
Órgão
CRF-SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

E se o Império Romano não tivesse acabado?

    Em vez da França, a província de Gália. Em vez da Inglaterra, a Bretanha. Em vez da Bulgária, a Trácia. Quem já leu as aventuras de Asterix conhece bem esses nomes esquisitos de regiões dominadas pelos exércitos de Roma (as histórias do herói gaulês se passam por volta de 50 a.C., época do apogeu do Império Romano). Pois assim seria o Velho Mundo se o império com sede em Roma não tivesse se desintegrado: uma única nação contornando o Mediterrâneo ao longo das costas europeia, asiática e africana. Mas a mudança dos nomes das localidades europeias é a menos importante das diferenças. O mundo seria outro. O capitalismo talvez ainda não tivesse surgido e, sem ele, a conquista e a colonização da América não aconteceriam. No final das contas, o Brasil poderia ser até hoje uma terra de índios.
    Mas vamos aos poucos. Primeiro é bom lembrar o que houve com o império de Roma. O poder imperial começou a se esfarelar no século 3, quando ocorreram lutas internas entre generais e vivia-se uma verdadeira anarquia militar. Para se ter uma ideia, em 50 anos houve pelo menos 20 imperadores, que foram destituídos um após o outro (alguns inclusive reinaram simultaneamente, em conflito). 
    Não era para menos. A economia romana era baseada no trabalho escravo e o suprimento de escravos dependia da conquista de novos territórios. O problema foi que o reino tornou-se grande demais para ser administrado, as conquistas minguaram, os escravos escassearam e a vida boa acabou. A arrecadação de impostos diminuiu e a população pobre começou a reclamar. Para ajudar, ainda havia o cristianismo (que era contra a escravidão e a riqueza da elite) e uma peste que varreu a região. Nessa barafunda de problemas, tentou-se de tudo, até a divisão administrativa do império em dois, o do Ocidente (com sede em Roma) e o do Oriente (o Império Bizantino), com sede em Constantinopla (onde antes ficava Bizâncio).
    Para este último, a solução foi eficaz. Mas o Império Romano do Ocidente, assolado pela crise econômica, perdeu seu poder militar e foi aos poucos invadido por guerreiros germânicos. Em 395, a divisão administrativa transformou-se em divisão política e o império rachou em dois. Deixada à própria sorte, a metade ocidental durou pouco. A queda definitiva ocorreu em 476, quando a tribo do rei Odoacro derrubou o último chefe de Roma, Rômulo Augústulo. No Oriente, no entanto, o Império Romano continuou existindo por quase mil anos, até 1453, quando os turcos tomaram Constantinopla.
    Se o Império Romano resistisse, possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental, diz Pedro Paulo Funari, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em primeiro lugar, o imperador seria também o papa, como em Constantinopla, onde o imperador governava tudo o que interessava: o Exército e a Igreja. Ou isso ou haveria uma divisão de poderes com a Igreja. Essa mistureba de papéis provavelmente criaria situações curiosas, como bispos governando uma província como Portugal, ou melhor, a Lusitânia, e párocos dirigindo cidades.
    A influência religiosa seria ainda maior do que foi na Idade Média ou atualmente. Nas províncias, o divórcio e o aborto provavelmente seriam proibidos e não seria nenhum absurdo que alguns costumes alimentares cristãos, como comer peixe às sextas-feiras, tivessem a força de lei, com penas severas (o açoite, o exílio e a prisão domiciliar eram comuns) para quem degustasse uma costelinha no dia sagrado.
    As línguas derivadas do latim, como o português, o espanhol, o francês e o italiano, provavelmente seriam muito diferentes. O português, por exemplo, não teria sofrido a influência das línguas árabe e germânica, já que, nesse nosso mundo hipotético, possivelmente não ocorreriam as invasões dos germânicos e muçulmanos na península Ibérica. Palavras de origem árabe e tão portuguesas, como azeite, não fariam parte do nosso vocabulário.
    E o capitalismo? “Provavelmente demoraria mais para acontecer”, afirma Funari. “Impérios em geral dificultam o desenvolvimento do capitalismo, que depende do individualismo para se desenvolver. Um Estado muito forte e controlador é um obstáculo”, diz o historiador. Na Europa, o feudalismo e a fragmentação do poder favoreceram o surgimento do capitalismo. No Japão, onde houve a fragmentação do Estado e a implantação de um sistema de shogunato, isso também aconteceu, ao contrário da China, um império que durou até 1911. Retardado o capitalismo, a colonização da América também seria outra. E os astecas, incas, tupinambás e guaranis talvez tivessem se desenvolvido mais e oferecido maior resistência aos europeus. Indo mais longe, um império inca talvez pudesse existir até hoje. Mas essa é uma outra hipótese.

(Lia Hama e Adriano Sambugaro – http://super.abril.com.br/cultura/se-imperio-romano-nao-tivesse-acabado-444330.shtml?utm_source= redesabril_super&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_jovem.)

Analise as frases a seguir, observando a função e o uso destacado da palavra “se”. 

I. “As histórias do herói gaulês se passam por volta de 50 a.C.” (1º§).

II. “[...] assim seria o Velho Mundo se o império com sede em Roma não tivesse se desintegrado.” (1º§).

III. “O poder imperial começou a se esfarelar no século 3 [...].” (2º§).

IV. Se o Império Romano resistisse, possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental [...].” (5º§). 

“Se” tem a mesma função apenas em 

Alternativas
Comentários
  • Não sei se estou certa, mas pelo que entendi:

    I- Voz passiva;

    IV- Condicional.

  • Acredito que nos itens II e III o SE tem função reflexiva, pois não consegui passar para o voz passiva analítica.

  • Nos itens II e III o SE é conjunção integrante.

  • To com o sonhador, pra mim É REFLEXIVO

    I - Pra mim é Partícula Expletiva.

    IV - Pra mim é Conjunção Subordinada Condicional.

  • Gabarito: B


    I) partícula expletiva de realce

    II) pronome reflexivo

    III) pronome reflexivo

    IV) conjunção condicional


    Aula do Décio Terror sobre os usos do "SE": https://www.youtube.com/watch?v=mpQxt6EqD9g


    Qualquer erro me avisem!

  • Ynara, concordo, andei analisando, a dúvida mesmo é na I, só a título de curiosidade, caso fosse o SE um pronome recíproco, denotaria uma ação mútua, o sentido seria assim: as histórias passam por si mesmas por volta de 50 a.c, ficaria meio que sem nexo, também nem parte integrante do verbo (retira-se o SE e o verbo muda de classificação), retiramos o SE e ''passam'' continua sendo verbo intransitivo: As histórias do herói gaulês passam por volta de 50 a.C. Sendo '' por volta de 50 a.c'' adjunto adverbial temporal.


    Também não é voz passiva- SE partícula apassivadora pois não estamos diante de um verbo transitivo direto ou bitransitivo e este verbo principal sendo no particípio, como já mencionei acima.



    Realmente, só nos resta uma partícula expletiva, apenas para realçar o verbo.



    ''Mas aquele que perseverá até o fim, ganhara a Coroa da Vida''


  • I - PA As histórias do herói gaulês se passam por volta de 50 a.C - (Voz passiva analítica - As histórias são passadas por volta de...).

    II - PIV

    III - PIV

    IV - CONJ. CONDICIONAL


    Concordo com o Matheus Spielberg.

  • A particula de realce pode ser retirada da frase sem que altere o sentido.

    Logo, na I não poderia ser de realce pois mudaria o sentido,

    Ex: Toda plateia riu-se diante das travessuras do palhaço trapalhão.

     

    Acredito a I como passiva analítica;

    II e III parte integrante do verbo;

    IV como Conjunção condicional;

     

    Gab. B

     

  • ·         Partícula Expletiva/Realce: Sujeito presente + verbo intransitivo (rir, sorrir, partir, sentar) - Quando os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, vos) estiverem juntos ao verbo.

    ·         Pronome Reflexivo: O Agente da frase sofre e pratica a ação ao mesmo tempo – VTD/VTDI, pode o pronome ser substituído por: para si mesmo.

  • Gabarito B:

     

    Colegas Luci e Matheus, permitam-me discordar de vocês:

     

    Reparem que a ideia do texto é justamente identificar que o próprio Império Romano é, em suma, o culpado pelo seu fracasso.

     

    Sendo assim, se as partículas "SE" de II e de III fossem PIV (partícula integrante do verbo), não seria possível resgatar compatibilidade com este raciocínio, o que ocorre perfeitamente quanto à reflexão (o próprio Império Romano "desintegrou"  e "esfarelou" a si mesmo).

     

    Comentário opinativo. Em caso de erro, por favor, me avisem! Obrigada!

     

    Bons estudos!

  • Galera, vamos tomar cuidado ao comentar!

    O comentário mais curtido está errado!


    No item I, dentro do contexto, o verbo é intransitivo e foi usado como pronominal.


    Fonte: Professor Felipe Luccas do Estratégia Concursos.

  • I“As histórias do herói gaulês se passam por volta de 50 a.C.” (1º§). REALCE - pode ser retirado sem prejuízo gramatical e semântico.

    II. “[...] assim seria o Velho Mundo se (caso) o império com sede em Roma não tivesse se desintegrado.” (1º§). SE= CASO - condição - conjunção subordinativa condicional

    III“O poder imperial começou a se esfarelar no século 3 [...].” (2º§).  ESFARELAR-SE - faz parte do verbo será pronominal

    IV. Se (caso)  o Império Romano resistisse, possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental [...].” (5º§).  SE= CASO - condição - conjunção subordinativa condicional

  • I“As histórias do herói gaulês se passam por volta de 50 a.C.” (1º§). 

    I. Por volta de 50 a.C foram passada as histórias do herói gaulês

    II. “[...] assim seria o Velho Mundo se o império com sede em Roma não tivesse se desintegrado.” (1º§). 

    II. assim seria o Velho Mundo se o império com sede em Roma não tivesse desintegrado a si próprio .” 

    III“O poder imperial começou a se esfarelar no século 3 [...].” (2º§). 

    III“O poder imperial começou a esfarelar a sim mesmo no século 3 [...].” 

    IV. “Se o Império Romano resistisse, possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental [...].” (5º§). 

    IV. Caso o Império Romano resistisse, possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental [...].”


    I) partícula apassivadora

    II) pronome reflexivo

    III) pronome reflexivo

    IV) conjunção condicional

  • GAB: B

     

    I) Parte integrante do verbo (PIV)

    II) Pronome reflexivo (o império desintegrou a si mesmo)

    III) Pronome reflexivo (o poder imperial esfarelou a si mesmo)

    IV) Conjunção condicional (dá ideia de hipótese)

     

     

    Parte Integrante do Verbo


    "Sempre acompanha verbo intransitivo (VI) ou transitivo indireto (VTI). Baseando-me no Bechara, posso dizer que tais verbos são chamados de pronominais, pois não se conjugam sem a presença do pronome oblíquo, indicando sentimento (indignar-se, ufanar-se, atrever-se, alegrar-se, admirar-se, lembrar-se, esquecer-se, orgulhar-se, arrepender-se, queixar-se etc.) ou certos movimentos ou atitudes do ser em relação a si próprio, intencionalmente ou não (sentar-se, suicidar-se, concentrar-se, converter-se, afastar-se, precaver-se, partir-se, afogarse
    etc.)."

     

    FONTE: PESTANA- 2013

  • Em meu entendimento:


    I - Partícula Expletiva/ Realce;

    II - Pronome Reflexivo;

    III - Pronome Reflexivo;

    IV - Conjunção Condicional.


    Gab.: B

  • Ninguem chegou a uma concordância quanto aos itens 2 e 3.

    Porém no meu ver seria;

    1- Particula Expletiva

    2- PIV

    3- PIV

    4- Conj Condicional

  • ACHO ESSE CONTEÚDO O MAIS DIFÍCIL DE PORTUGUÊS.

  • Indiquem Para o comentário do Professor, assim Tiraremos as dúvidas!

  • Realmente, a grande dúvida que ficou foi quanto as afirmativas II e III, se são P.I.V ou pronome reflexivo, o que gerou muitas opiniões contrárias. Também não tenho certeza, mas acredito que nessas afirmativas o SE é PARTE INTEGRANTE DO VERBO, já que para ser pronome reflexivo, é necessário que o sujeito PRATIQUE e SOFRA a ação, o que não ocorre na seguinte frase:

    "O poder imperial começou a se esfarelar no século 3"

    Nessa frase, o sujeito (O poder imperial) não PRATICA a ação de esfarelar, somente SOFRE a ação de se esfarelar, portanto não há como haver voz REFLEXIVA na afirmativa. Por isso, penso que não há pronome reflexivo, mas sim "parte integrante do verbo". O mesmo ocorre quanto à alternativa II.

  • Gab B

    Mas é muito estranho se for reflexivo. O império praticou ação de desintegrar-se? o poder imperial, ele mesmo se esfarelou-se. Muito esquisito.

  • COMO CLASSIFICAR

    1º:Os verbos ligados à particula "se" são: Ir, Partir, Sorrir, Rir ou Sentar ?

    Sim: Particula expletiva

    Não: Vá ao proximo

    2º: Consigo determinar o sujeito ?

    Sim: "se" é uma P.A ou I.I.S

    Não: Vá ao proximo

    3º: O sujeito do verbo pratica e sofre a ação ao mesmo tempo ?

    Sim: "se" é um Pronome reflexivo

    Não: Então é um Termo Integrante do Verbo

    FONTE: Colega do Qconcursos.

  • Fiquei com muita dúvida...Questão foi difícil pra mim.

  • Bastava dar uma analisada nas alternativas - vi uma logica na II e a III em serem pronomes reflexivos ,

    GAB B

  • GAB [ B ]

    #NAOAREFORMAADMINISTRATIVA.

    #ESTABILIDADESIM.

    #NAOÀTERCEIRIZACAO.

    *MANDE E-MAIL AO SEU DEPUTADO / SENADOR,NÃO DEIXE ESTA BARBÁRIE ACONTECER COM SERV PUB.

  • BIZU GALERA!!

    No item I podemos destacar que, NÂO conseguimos identificar quem pratica a AÇÂO VERBAL, com essa dica podemos dizer com toda certeza que NÃO se trata de um PRONOME APASSIVADOR nem um ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO. Trata-se de um pronome EXPLETIVO/REALCE, por que ESSE PRONOME PODE SER COMPLETAMENTE DISPENSÁVEL NA ESTRUTURA ORACIONAL, não alterando o sentido nem a morfossíntaxe da sentença.

    PRONOME REFLEXIVO ; a AÇÃO VERBAL recai sobre o PRÓPRIO SUJEITO - diante disso podemos dizer que as opções II e III trata-se da voz reflexiva, ou seja, o pronome "SE" está sendo usado como pronome reflexivo.

    Em relação ao item IV trata-se de um pronome usado numa CONDIÇÃO, sendo mais fácil de identificar substituindo pela conjunção condicional CASO, se permanecer o sentido terá a certeza que será uma CONDIÇÃO.

    Obrigado e qualquer erro só falar respondendo esse comentário.

  • se eu tiver errado me corrijam. Na primeira alternativa ocorre o pronome reflexivo, na segunda e na terceira são partículas integrantes do verbo indicando uma mudança uma mudança de estado.

  • gab: B

    a) partícula apassivadora

    b) pronome reflexivo

    c) pronome reflexivo

    d) condicional

    dica para as opções II e III: parte integrante do verbo nunca acompanha VTD OU VTDI.

    elas acompanham: VI ou VTI raramente VL.

    dica para a opção I: partícula apassivadora pode ser passada para voz passiva analítica.