SóProvas


ID
2844337
Banca
CONSULPAM
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto II


         16 milhões de brasileiros sofrerão com a automação na próxima década


   A elite política e econômica global está preocupada com o futuro do trabalho. Só no Brasil, 15,7 milhões de trabalhadores serão afetados pela automação até 2030, segundo estimativa da consultoria McKinsey. Uma amostra recente foi o corte de 60 mil cargos públicos anunciado pelo governo Michel Temer este mês, boa parte em razão da obsolescência, como no caso de datilógrafos e digitadores.

   No mundo, no período entre 2015 e 2020, o Fórum Econômico Mundial prevê a perda de 7,1 milhões de empregos, principalmente aqueles relacionados a funções administrativas e industriais. A avaliação de especialistas da área é que o mercado de trabalho passa por uma grande reestruturação, semelhante à revolução industrial. A diferença é que agora tudo acontece muito mais rápido: desde 2010, o número de robôs industriais cresce a uma taxa de 9% ao ano, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

  Um caminho para contornar o problema é treinar a força de trabalho para que aqueles de menor qualificação profissional não fiquem para trás, diz o diretor da OIT. “Os novos empregos que estão sendo criados demandam habilidades matemáticas, analíticas e digitais. Isso significa que é preciso treino vocacional”, afirma. Ele cita como exemplo o Senai, cuja proposta é preparar mão de obra técnica para a indústria. Estudo na Unicef divulgado em dezembro alerta para o risco da tecnologia digital transformar-se em um novo motor de desigualdade. Embora 1 em cada 3 usuários da internet seja uma criança, há ainda 346 milhões de jovens sem acesso ao mundo digital.

   Há uma forte preocupação com os trabalhadores de menor qualificação, em termos do impacto da tecnologia. Essas pessoas não são realmente alfabetizadas digitais, e não terão oportunidade para aprender habilidades específicas. Eles serão deixados para trás e terão uma empregabilidade muito pequena", diz Salazar, da OIT. A velocidade com que as mudanças ocorrem demanda mudanças também na educação dos mais velhos, diante do prolongamento da vida profissional, na esteira do aumento da longevidade. A automação não é a único motivo de preocupação. A emergência de novas relações profissionais fora do contrato tradicional é outro fator desestabilizador. Um novo grupo de pessoas cresce à margem dos direitos trabalhistas, classificados ora como “trabalhadores independentes”, ora como "invisíveis" ou simplesmente "informais". 

   Segundo pesquisa feita pelo Fórum Econômico Mundial com diretores das áreas de recursos humanos em empresas de 15 países, 44% deles acreditam que o maior impacto no mercado hoje vem das mudanças no ambiente de trabalho, como home office, e nos arranjos flexíveis, como contratação de pessoas físicas para trabalhar por projeto (a chamada "pejotização”). O percentual é semelhante entre os brasileiros (42%). Outra forma emergente de trabalho são os relacionados à "gig economy", como plataformas online e aplicativos – programadores freelancer e motoristas de Uber entram nessa categoria. A tendência é de que as empresas reduzam ao máximo o número de empregados fixos dentro do contrato tradicional, terceirizando para consultores o que for possível como forma de redução de custos e ganho de eficiência, segundo o Fórum Econômico Mundial.

   Assim, embora a tecnologia gere uma demanda por novas atividades altamente qualificadas, como programação de um aplicativo, a probabilidade é que as empresas terceirizem a função, em vez de contratar diretamente esse profissional. Gerenciamento de mídias sociais é um exemplo de função repassada a consultores, pagos por tarefa. Essa ausência do reconhecimento de uma relação de emprego faz a OIT classificar esse tipo de trabalho como "invisível".

   Ainda não está claro se elas serão regulamentadas ou se cairão no trabalho informal, diz a OIT. Já nos Estados Unidos e na Europa, ganha força a classificação da categoria como "trabalhadores independentes", calculada em 162 milhões de pessoas pela consultoria McKinsey. A reforma trabalhista feita no Brasil no final de 2017 tentou abarcar em parte essas mudanças, ao regulamentar o home office, por exemplo. Polêmicas, como a situação dos motoristas de Uber, contudo, persistem.

   Um desafio extra para o Brasil é que ele precisa começar a lidar com essas questões novas ao mesmo tempo em que ainda não resolveu problemas antigos, como o alto índice de informalidade, que voltou a subir durante a crise e hoje atinge 44,6% dos trabalhadores, segundo o IBGE. É preciso estender a cobertura da legislação ao "velho" e ao "novo" mercado, Salazar-Xirinachs, diretor regional da OIT para a América Latina e Caribe. "O objetivo não é proteger o emprego em si, mas sim garantir os direitos trabalhistas clássicos mesmo que haja mais flexibilidade", diz. 

   Para o sociólogo Ruy Braga, professor da USP e autor dos livros "A Rebeldia do Precariado" (2017) e "A Política do Precariado" (2012), as novas formas de trabalho que surgem mascaram o avanço do velho subemprego. Para ele, a reforma trabalhista, ao formalizar atividades de tempo parcial ou de curta duração, oficializa essa desestruturação do mercado. "Do ponto de vista microeconômico, é bastante racional que você elimine cargos intermediários. Mas, do ponto de vista social, a coisa se complica, porque você vai ter menos empregos de qualidade e de maior renda. Consequentemente, uma sociedade mais polarizada, o que significa mais desigual e com dificuldades de se integrar", avalia.


(Extraído e adaptado de: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/01/195190 4-16-milhoes-de-brasileiros-sofrerao-com-automacao-na-proxima-decada.shtml)

Acerca da concordância presente em “Outra forma emergente de trabalho são os relacionados à gig economy”, identifique a opção que melhor lhe explicita uma justificativa.

Alternativas
Comentários
  • A  concordância ideológica ou silepse é um tipo de concordância na qual o termo flexionado concorda com as ideias de númerogênero ou pessoa associadas ao referente do sujeito da oração. Por esse motivo, ela pode ser classificada como silepse de número, silepse de gênero e silepse de pessoa.

    Esse tipo de concordância tem como referência a ideia associada ao sujeito da oração, por isso, é intitulada de “concordância ideológica”.


  • A letra D estava perfeita de mais para ser vdd...

  • A concordância do ver SER é toda jeito de disse me disse. Fiquem atentados quando cair questão de concordância com o verbo SER. No caso acima a concordância é feita no plural para concordar com o predicativo, que se refere à coisas.

  • Eu fui na A pensando justamente na tal silepse de ideia. No entanto, acredito que em outra questão, não me saia tão bem.

    Adicionando ao caderno...

  • Quando o enunciado pede que vc "identifique a opção que melhor lhe explicita uma justificativa.", entendo que pediu a alternativa A mesmo.

    Porém na alternativa E percebe-se que mudou o sentido da frase, ou seja, não está de acordo com o que pede o enunciado, mas também não tem erro de concordância.

  • A silepse é também chamada de “concordância irregular, ideológica ou figurada”. Trata-se de uma figura de linguagem em que as regras tradicionais da concordância sintática são contrariadas, usando-se em seu lugar a concordância de acordo com o sentido. A concordância siléptica não é considerada um erro!


    Quando uma banca não trabalha questão de silepse, stricto sensu, trabalha a ideia de que a silepse não constitui um erro gramatical, mas é um tipo especial de concordância – mais encontrada como recurso expressivo em textos igualmente expressivos.


    1) Silepse de Número


    Usa-se um vocábulo em número diferente da palavra a que se refere para concordar com o sentido que ela tem.

    – Flor tem vida muito curta, logo murcham.

    – Toda aquela multidão veementemente se insurgiu contra o governo. Estavam sedentos por justiça.


    2) Silepse de Pessoa


    Aqui o autor da frase participa do processo verbal; o verbo fica necessariamente na 1a

    pessoa do plural, pois ele se inclui.

    – Os brasileiros, especialmente os cariocas, quando podemos usar de malandragem,

    usamos.

    – “E os dois, ali no quarto, picamos em mil pedaços as trezentas páginas do livro.”

    (Paulo Setúbal)


    (CEPERJ – Pref. Angra dos Reis/RJ – Professor de Português – 2008) Leia a frase a seguir, atribuída ao autor de

    Canção do Exílio.

    – Eu sou poeta e, aos 30 anos, doente, não queremos desperdiçar o tempo. Nesta frase, a concordância do verbo querer é um exemplo de:


    a) silepse de número;

    b) silepse de gênero;

    c) silepse de pessoa; (Gabarito!)

    d) concordância atrativa;

    e) concordância lógica.

    Comentário: Ocorre silepse de pessoa, pois o autor da frase participa do processo verbal

    (queremos).


    35) (Dom Cintra – Pref. Petrópolis/RJ – Auxiliar em Enfermagem – 2008) Marque a frase que apresenta erro com relação à sintaxe de concordância:


    e) os mineiros nos orgulhamos da homenagem que nos prestou o capixaba Rubem Braga nessa crônica.


    Comentário: A letra E não foi considerada o gabarito, o que significa que a silepse (de pessoa: os mineiros nos orgulhamos) não é considerada um erro de concordância, mas tão somente um tipo de concordância. Ponto.


    Fonte: A gramática para concursos públicos (Pestana)

  • silepse

    substantivo feminino

    1. ESTILÍSTICA•GRAMÁTICA figura pela qual a concordância das palavras na frase se faz logicamente, pelo significado, e não de acordo com as regras da gramática (p.ex., muita gente aqui, pelo que dizem, não sabem se portar em público ). 2. ESTILÍSTICA emprego de um vocábulo ao mesmo tempo no sentido próprio e no figurado (p.ex., admiravam-na por sua beleza física e de caráter ).


  • alguém me explica por que essa forma é lícita? se esta errada a concordância :c

  • Alternativa A.

    Silepse de pessoa.

  • A silepse e concordância ideológica não têm previsão na norma culta, embora sejam aceitas do ponto de vista semântico

  • coloquei a frase na ordem direta, e letras B, C , D, apontavam erros, descartei-as e só sobrou a letra A, nosso gabrito

    os relacionados à gig economy são outra forma emergente de trabalho.

  • Pessoal, não há concordância em grau, apenas em gênero, número e pessoa.

    Com isso, já se matavam as alternativas C e D.

    Gab.: A

  • Qual será o autor de base dessa afirmação? Qual gramática traz essa regra?

  • Concordância por silepse é a concordância com o sentido que a expressão traz e não a concordância com a literalidade da expressão.

  • "Outra forma emergente de trabalho são os relacionados à gig economy

    Colocando na ordem direta fica:

    "Os relacionados à gig economy são outra forma emergente de trabalho"

  • Eu não marquei a letra A porque a condolência sileptica traz erro gramatical para o padrão da língua escrita, continuo sem entender a questão.