Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
A família dos porquês
A lógica costuma definir três modalidades distintas no uso do termo “porque": o “porque” causal (“a jarra quebrou porque caiu");
o explicativo (“recusei o doce porque desejo emagrecer"); e o indicador de argumento (“volte logo, você sabe por quê”). Mas há outros
aspectos que precisam ser considerados.
Imagine, por exemplo, que alguém inconformado com a morte de uma pessoa especialmente querida exclama: “Eu não
consigo entender, isso não podia ter acontecido, por que não eu? Por que uma criatura tão jovem e cheia de vida morre assim?" Um
médico solícito, se a ouvir nesse desabafo inconformado, poderá dizer-lhe: “Sinto muito pela perda, mas eu examinei o caso de sua
filha e posso dizer-lhe o que houve: ela padecia de má-formação vascular e foi vítima da ruptura da artéria carótida que irriga o lobo
temporal direito."
A explicação do médico é irretocável, mas seria a resposta ao “por quê" do pai inconsolável? Os porquês da ciência são por
vezes rasos: mapas, registros e explicações cada vez mais precisas e minuciosas da superfície causal do que acontece. Eles
excluem de antemão como ilegítimos os porquês que mais importam. O “porque" da ciência médica nem sequer arranha o “por quê"
do pai desconsolado.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 30-31.)
Ao considerar os distintos empregos da palavra “porque”, o autor do texto defende sobretudo a ideia de que