- ID
- 2885674
- Banca
- FAPEC
- Órgão
- UFMS
- Ano
- 2018
- Provas
-
- FAPEC - 2018 - UFMS - Analista de Tecnologia da Informação
- FAPEC - 2018 - UFMS - Arquiteto e Urbanista
- FAPEC - 2018 - UFMS - Assistente Social
- FAPEC - 2018 - UFMS - Contador
- FAPEC - 2018 - UFMS - Odontólogo
- FAPEC - 2018 - UFMS - Psicólogo - Área 1
- FAPEC - 2018 - UFMS - Psicólogo - Área 2
- FAPEC - 2018 - UFMS - Técnico em Assuntos Educacionais
- Disciplina
- História e Geografia de Estados e Municípios
- Assuntos
A era história desses últimos 30 anos tem sido uma era de indefinições e de incertezas quanto aos rumos do país e aos horizontes das novas gerações.
Nesses 30 anos, o Brasil transitou da alegria e da esperança sem medidas para o ceticismo e o
desalento, da euforia para o desencanto, da certeza de que estávamos no rumo certo das
possibilidades que a História nos abria para o vazio e o abismo. Imaginávamos que éramos de
esquerda para descobrir ao fim e ao cabo que éramos uma direita disfarçada, incapazes de
revolucionar o modo de vida porque algemados numa concepção estatista do poder e numa
consciência política pobre de tipo arcaico. Perdidos no redemoinho que nos joga, ao mesmo
tempo, para as alturas do radicalismo verbal e para as profundezas do realismo reacionário do
passado que nos domina e regula. Mergulhamos no tempo da indefinição e da indecisão.
Nesse novo tempo, a criminalidade organizada se difundiu e se tornou influente, o medo, a
insegurança e a incerteza se tornaram componentes da estrutura de personalidade dos
brasileiros, as novas gerações passaram a se comportar como adultas, amadurecidas à força, o
autoritarismo autocrático foi confundido com a democracia. Difundiu-se entre nós a concepção de
que democracia é a multiplicação dos comportamentos autoritários gestados e difundidos durante
a ditadura. A reação contra a ditadura não foi reação pela democracia, mas difusão do direito de
ser ditatorial e intolerante como ela foi – a “democratização” do mandonismo. O capitalismo que a
ditadura favoreceu, e incrementou tornou-se o capitalismo da corrupção, da propina, do
favorecimento escuso. Aqui, o capitalismo não reproduziu o modelo da ética protestante que o
concebeu. Temos o nosso capitalismo, o da “Lei de Gerson”, o “João sem braço”, o dinheiro
circulando livremente entre o lucro legítimo, o crime organizado e o poder desorganizado. Esses 30 anos foram os anos da lenta e segura edificação da desordem, que impõe ao cidadão a busca
constante de estratégias de sobrevivência, de reaprender regras todos os dias porque as regras
aqui não são mudadas por convenção mas por esperteza de quem manda e de quem pode.
Nesses 30 anos o Brasil aniquilou a política.
MARTINS, José de Souza. Sociedade Brasileira. O Brasil no Contexto (1987-2017). São Paulo: Contexto, 2017, página 25-27, adaptado.
Sobre o texto do intelectual José de Souza Martins, apresentado nesta questão, é coerente
afirmar que a reflexão deste pensador sobre a realidade do Brasil está inserida no contexto de
que: