SóProvas


ID
2886475
Banca
IBAM
Órgão
Prefeitura de Santos - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

OS SHORTINHOS E A FALTA DE DIÁLOGO


Li na coluna de Monica Bergamo na Folha da última sexta-feira (5) a reportagem "A crise dos shortinhos no colégio Rio Branco". Trata-se do seguinte: o uniforme dessa escola pede bermudas, mas as garotas querem usar shortinhos, pois não querem ser obrigadas a "sofrer em silêncio com o calor do verão", como afirmam em um abaixo-assinado intitulado "Liberdade aos shortinhos".

Os argumentos das jovens, contidos no texto do abaixo-assinado que li na internet, passam pelas exigências diferentes feitas pela escola aos meninos e às meninas, pela falta de recursos de algumas alunas para comprar uma calça que substituiria o shortinho vetado e pelo desrespeito dos meninos, que não sabem controlar seus hormônios, qualquer que seja a vestimenta das meninas. 

Resumo da história: a direção insiste no uso do uniforme, e as jovens no uso do shortinho. Vale a pena, caro leitor, pensar a respeito desse que seria um conflito que representa muitos outros que ocorrem diariamente em todas as escolas, mas que já nasce como confronto. E quero destacar dois pontos para esta conversa.

Não é incrível que, mesmo depois do movimento de ocupação das escolas públicas de São Paulo e em outros Estados, nossas escolas continuem a ignorar a participação dos alunos, para que eles sintam de forma mais concreta que fazem parte dela? Eles precisam se sentir ativos e participativos na escola, e não somente atender às regras a eles impostas. Aliás, onde há regra, há transgressão, mas parece que as escolas não sabem o que fazer quando as transgressões ocorrem.

O grande receio da instituição escolar é o de ter de atender a todas as demandas do alunado, inclusive as impertinentes. Como a do uso do shortinho, por exemplo. Mas aí cabe discutir, à luz do conhecimento, a informalidade no mundo contemporâneo e os seus limites em ambientes profissionais, por exemplo.

Por que as escolas não discutem o uso do uniforme com seus alunos, já que serão eles que o utilizarão? Algumas poucas escolas já fizeram isso e conseguiram adesão dos alunos que, inclusive, criaram as vestimentas que usam diariamente.

O segundo ponto que quero ressaltar é que a falta de diálogo e de administração de conflitos gera jovens que nem sequer conseguem elaborar argumentos sólidos, coerentes e bem fundamentados para suas idéias.

Faz parte do papel da escola ensinar os jovens a debater, defender pontos de vista, dialogar, argumentar e contra argumentar, mas sempre à luz do conhecimento.

Hoje, porém, os alunos podem falar qualquer bobagem, que famílias e escolas aceitam, não é?

Já testemunhei mães e pais aceitarem como argumento dos filhos para fazer algo com as explicações "porque todo mundo faz" ou "porque está na moda". Já vi mães e professores aceitarem as justificativas mais esfarrapadas dos mais novos para algo que fizeram ou aceitar desculpas deles sem que estes demonstrassem o menor sinal de arrependimento. Falar por falar: é isso o que temos ensinado aos jovens, mas que não deveríamos. 

Precisamos honrar nosso papel de adultos e levar a relação com os mais novos com seriedade, mas sem sisudez. O bom humor no trato com eles é fundamental para que eles não ouçam tudo o que o adulto diz como um sermão, como afirmou a diretora-geral do colégio ao qual a reportagem citada se refere.

Rosely Sayão, jornal Folha de São Paulo, edição de 9/2/16.

Analise as proposições abaixo.

I. De acordo com o texto, episódios como o da ocupação das escolas públicas de São Paulo e de outros Estados deveriam ter servido de exemplo às autoridades, para que enérgicas medidas sejam tomadas no sentido de que os alunos atendam às regras a eles impostas, coibindo as indesejadas transgressões.

II. A autora avaliza o fato de a escola ensinar a debater e defender pontos de vista, sempre à luz do conhecimento, porém critica a falta de sisudez nesse processo, o que faz com que os jovens não avaliem com a devida seriedade os conceitos que lhe estão sendo transmitidos.

III. Rosely Sayão pondera que a falta de diálogo gera jovens incapazes de elaborar argumentos coerentes e fundamentados para exporem suas opiniões.

Vai ao encontro do texto o que se afirmou em:

Alternativas
Comentários
  • A questão está classificada como lógica, porém, ela é de Português.

  • Lingua portuguesa ou RLM????

  • Rosely Sayão pondera que a falta de diálogo gera jovens incapazes de elaborar argumentos coerentes e fundamentados para exporem suas opiniões.

    Na proposição acima, esta identificando o nome da pessoa que afirma a falta de diálogo gera jovens incapazes...

    Na segunda alternativa, apenas específica que é uma autora, mas não cita quem é. Então é uma sentença falsa.

    Alternativa: A

  • I - ERRADA - 4º parágrafo

    II - ERRADA - Último parágrafo

    III - CORRETA - 6º parágrafo

    GABARITO - A

  • I - O texto afirma que mesmo depois do movimento de ocupação das escolas públicas de São Paulo e em outros Estados as escolas continuam a ignorar a participação dos alunos. A autora levanta ess questionamento e fecha afirmando que onde há regra, há transgressão.

    II - Na verdade, a autoria diz que a falta de diálogo e de administração de conflitos gera jovens que nem sequer conseguem elaborar argumentos sólidos, coerentes e bem fundamentados para suas ideias. Ainda, diz que faz parte do papel da escola ensinar os jovens a debater e argumentas sempre a luz do conhecimento. 

    III - Sim, isso se afirma no 7º parágrafo do texto e conforme a explicação acima.

    COMPLEMENTANDO: o enunciado da questão pede a alternativa que vai AO ENCONTRO do texto, isto é, que CONCORDA com o texto. Se ela pedisse a alternativa que vai DE ENCONTRO com o texto, seria aquela que DISCORDA com ele.

  • Para quem não sabe, sisudez pode significar austeridade, severidade ou sensatez e prudência.

    No caso do texto, o significado é de severidade.

    "Precisamos honrar nosso papel de adultos e levar a relação com os mais novos com seriedade, mas sem sisudez."

  • I - ERRADA

    A despeito da afirmação, a autora, a partir do exemplo das ocupações nas escolas públicas de São Paulo e em outros Estados, convida o leitor a refletir sobre uma nova concepção de escola onde os alunos sejam partes ativas e participativas e não somente seguidores de regras:

    "[...] Não é incrível que, mesmo depois do movimento de ocupação das escolas públicas de São Paulo e em outros Estados, nossas escolas continuem a ignorar a participação dos alunos, para que eles sintam de forma mais concreta que fazem parte dela? Eles precisam se sentir ativos e participativos na escola, e não somente atender às regras a eles impostas" (quarto parágrafo) (grifei).

    II - ERRADA

    Ao contrário da afirmação, a autora sugere que a escola deveria, num plano ideal, ensinar a debater e argumentar à luz do conhecimento porque este é o seu papel. Entretanto, no cotidiano, não é isso que ocorre no espaço escolar e familiar. Outrossim, Sayão, mais à frente no texto, afirma que a relação com os mais jovens não deve ser pautada pela sisudez.

    "[...] Faz parte do papel da escola ensinar os jovens a debater, defender pontos de vista, dialogar, argumentar e contra argumentar, mas sempre à luz do conhecimento.

    Hoje, porém, os alunos podem falar qualquer bobagem, que famílias e escolas aceitam, não é?" (parágrafos 7 e 8).

    "[...] Precisamos honrar nosso papel de adultos e levar a relação com os mais novos com seriedade, mas sem sisudez" (primeira linha, último parágrafo).

    III - CORRETA

    É o que Sayão afirma no parágrafo sexto do texto:

    "O segundo ponto que quero ressaltar é que a falta de diálogo e de administração de conflitos gera jovens que nem sequer conseguem elaborar argumentos sólidos, coerentes e bem fundamentados para suas idéias" (parágrafo sexto).

    Portanto, como apenas uma afirmação está correta, o gabarito é a letra A.

  • O enunciando da questão deve ter derrubado muitos candidatos

  • Acho que X da questão está no "AO Encontro", e não "DE Encontro"...sacaram?!!