SóProvas


ID
2893861
Banca
IESES
Órgão
Prefeitura de Palhoça - SC
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                         UMAS ESCRITAS

                                                                        Por: Sírio Possenti. Disponível em:

                       http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/4919/n/umas_escritas

                                                                                          Acesso em 29 mai 2017.


      O português popular escrito, de Edith Pimentel Pinto (São Paulo: Contexto, 1990), é um volume precioso. Deveria fazer parte da bibliografia dos cursos de letras, pedagogia e jornalismo, pelo menos.

      Estudantes de letras teriam à disposição uma bela amostra das principais características da escrita, tanto do ponto de vista textual quanto ortográfico, quando exercida por pessoas não muito escolarizadas. Ao invés de apenas fazer rir (como ocorre com as numerosas ‘placas do meu Brasil’, que podem ser vistas na internet), o livro é um precioso documento de indícios das hipóteses que vão pela cabeça das pessoas quando decidem escrever. Escrever é sempre um pouco solene, e, portanto, nunca se trata de descuido – como muitos poderiam pensar.

      Pedagogos teriam nele um mapa das dificuldades pelas quais passa uma criança que aprende a escrever, todas pertinentes, algumas variando de região a região e de classe social a classe social, mas muitas comuns a todas.

      Jornalistas, cuja ferramenta é a língua, poderiam aprender a tratar a variação como um fato (que até poderia ser notícia), sem contar que lá estão muitos ‘erros’ que eles mesmos cometem depois de 15 anos de escola e em uma profissão na qual se escreve diariamente...

      Quando se encontram grafias como ‘curuja’ ou ‘minino’, a pronúncia dessas vogais e nessas posições explica o fato. É um erro de escrita, evidentemente, mas tem explicação. E está longe da burrice. O mesmo vale para ‘maudade’ (sem contar que a dúvida entre ‘mal’ e ‘mau’ pode continuar pela vida afora).

      Esses erros revelam aspectos da língua falada e hipóteses sobre como lidar com casos em que a relação entre fala e escrita é menos transparente (ninguém erra ‘baba’ ou ‘data’).

      No entanto, há escritas efetivamente erradas, mesmo que se trate de fatos cuja natureza tem a ver com os acima mencionados, e cuja função é derrisória. São erros produzidos conscientemente, para humilhar. Ocorrem na escrita de gente estudada, que circula pela mídia, e que se vale de certo traço da linguagem de determinados grupos sociais para sugerir que se trata de gente despreparada, inferior, que deveria ficar no seu lugar.

      Apesar da evidente função, essa escrita revela a ignorância que caracteriza quem a pratica com a intenção de mostrar que o ignorante é o outro. [...]  

Considere as afirmativas seguintes:


I. Em “Estudantes de letras teriam à disposição uma bela amostra”, se a palavra ‘disposição’ fosse substituída por ‘seu alcance’, a crase poderia ser mantida ou não, haja vista ser facultativo seu emprego diante de pronomes possessivos.

II. Em “Estudantes de letras teriam à disposição uma bela amostra das principais características da escrita”, o verbo é transitivo direto.

III. Em: “Escrever é sempre um pouco solene, e, portanto, nunca se trata de descuido” a próclise empregada é obrigatória.

IV. A palavra “fatos”, destacada no texto, poderia ser substituída por “ocorrências”, sem prejuízo à correção do período.


Agora, assinale a alternativa com a análise correta sobre as afirmações. 

Alternativas
Comentários
  • GABARITO A

    I. “Estudantes de letras teriam à disposição uma bela amostra”

    Não se trata de um caso FACULTATIVO da crase porque o pronome "seu" é pronome possessivo MASCULINO. E a crase é facultativa nos casos de PRONOME POSSESSIVO FEMININO e no SINGULAR!!

    II. Em “Estudantes de letras teriam à disposição uma bela amostra das principais características da escrita”, o verbo é transitivo direto.

    Quem tem, tem ALGO, tem ALGUMA COISA. No caso tem "uma bela amostra das principais características da escrita à disposição.". CUIDADO para não confundir o caso de CRASE "à disposição" com VTI, pois nesse caso a crase é devido à locução feminina e não à regência de VTI.

    III. Em: “Escrever é sempre um pouco solene, e, portanto, nunca se trata de descuido” a próclise empregada é obrigatória.

    Esse é um caso SIM de próclise OBRIGATÓRIA, visto que as palavras negativas (não, nunca, jamais, nenhum, nem) atraem a próclise.

    bons estudos

  • muito boa a explicação da estudante "Débora oliveira" errei a questão justamente por não observar no item ll que a crase é devido a locução feminina " à disposição" julguei o verbo como VTI. pura falta de atenção da minha parte. BONS ESTUDOS.....

  • Não entendi porque a opção IV está errada

  • IV) Creio que esta alternativa está errada pois a palavra "Fatos" se refere a "escritas efetivamente erradas". Então, "Fatos" da ideia de comprovação e não de ocorrência. "Escritas" da ideia de um material científico, uma teoria e afins. Então por mais que estejam erradas, elas são o embasamento existente

  • [...] mesmo que se trate de ocorrências cuja natureza tem a ver com os acima mencionados [...]

    Prejuízo na concordância.

  • Muito bem elaborada!!!

  • Questões assim medem conhecimento! show de bola, bem elaborada!