Pierre Bourdieu foi um sociólogo francês que buscava superar
a oposição entre o indivíduo e a sociedade, e analisava a coletividade por meio
dos agentes sociais e da forma dos objetos/produções culturais.
Segundo Bourdieu, a chamada “opinião pública" não é a
opinião do público, mas a dos que podem ter opinião, que possuem instrução para
tanto e das pessoas que importam. Ele afirma que a produção de uma opinião não
está ao alcance de todos e nem todas as opiniões têm valor. Por isso, a
concepção de opinião pública, aceita por aqueles que realizam as pesquisas de
opinião pública ou utilizam seus resultados, não existe.
Vamos analisar as alternativas:
A)
Errado. Opinião pública
não corresponde à opinião da mídia. A mídia exerce influência na formação da
opinião pública, mas sofre limitações pelos aspectos cultural, religioso e social.
B)
Errado. A publicidade é
como uma caixa de ressonância (Lipovetsky, 2007), pois amplifica o que é
consenso e aumenta a duração e a intensidade dos sentidos e valores veiculados
nas mídias, tornando os receptores cúmplices de certa forma. Ela impacta a
opinião dos públicos mas não é a opinião pública descrita por Bourdieu.
C)
Errado. Bourdieu não
associou a detenção do capital à opinião pública. Quem fez isso foi Habermas
(1997), quando afirmou que o interesse da classe burguesa, que detinha o
capital no capitalismo da livre concorrência, era a base da opinião pública.
D)
Certo. A opinião pública,
para Bourdieu, é a opinião dos ilustres, dos que importam, dos que podem ter
opinião ou têm condições dá-la.
E)
Errado. Opinião pública
não se resume à divulgação da opinião das empresas interessadas no lucro. Para
Bourdieu, está relacionada não ao lucro ou ao capital, mas à opinião dos
ilustres.
Com base nessas explicações, podemos concluir que a
alternativa correta é a D.
Gabarito do professor: Letra D.
Bibliografia:
- Bourdieu, Pierre. A Opinião Pública não existe. Les Temps
Modernes, 318, janeiro de 1973.
- Lipovetsky, G. A felicidade paradoxal: ensaio sobre a
sociedade de hiperconsumo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
- Habermas, Jurgen. Direito e democracia: entre facticidade
e validade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. v. 2.