SóProvas


ID
2911786
Banca
IF-PA
Órgão
IF-PA
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

     "O certo a ser feito": as marcas do utilitarismo no nosso dia-a-dia

                               Por Carlos Henrique Cardoso


      Ultimamente tenho analisado e refletido sobre a situação política do país e sua judicialização. E enxergo muito dos princípios do utilitarismo instaurados nos desejos de boa parte dos cidadãos. Enxergo o que? Como assim?

      O utilitarismo é uma teoria social desenvolvida pelo jurista, economista, e filósofo Jeremy Bentham, lá pelos fins do século XVIII e início do XIX. Essa teoria também foi objeto de estudo do filósofo John Stuart Mill. Tem como princípio a busca do prazer e da felicidade, mas também satisfazer os indivíduos na coletividade, almejando benefícios, onde as leis seriam socialmente úteis e as escolhas mais corretas. Alguns testes e dinâmicas de grupo também utilizam conceitos de base utilitarista, pautadas nas melhores escolhas para cada situação posta com a finalidade de encontrarmos um bem comum a todos.

      Um exemplo. No único hospital de uma pequena cidade, há apenas uma máquina de hemodiálise e quatro doentes renais. As características sociais, econômicas, profissionais, familiares, e pessoais de cada um são apresentadas e faz-se a pergunta: qual deles merece ser salvo para que possa utilizar o equipamento? Após um pequeno debate, chega-se à conclusão e as razões para que aquele felizardo seja o escolhido. Ou seja, o intuito é tomar decisões para obter o melhor resultado para todos.

      O utilitarismo pode ser transposto para o nosso cotidiano e sua doutrina ética pode estar incrustada em vários fatos e decisões. Sua aplicação pode ser considerável diante de fatores que venham a ocorrer e se tornar aceitável para diversos setores sociais.

      Digamos que comecem a aparecer pessoas feridas por rajadas de metralhadora nas ruas de um município e que muitos testemunharam um homem portando essa arma por aí. As autoridades partem a sua busca, mas não o encontram em lugar nenhum. E novas pessoas são baleadas. Com o rumo das investigações, familiares do suspeito são localizados. Como não informam seu paradeiro, os policiais passam a torturar seus pais, irmãos, e outros parentes a fim de obterem respostas ou pistas para sua descoberta. Dias depois, o “louco da metralhadora” é encontrado. A tortura é proibida por lei, mas sua utilização foi justificada pelo bem-estar público, ou seja, “o certo a ser feito”. Um cálculo que foi interpretado como moralmente aceitável por muitos que consideram aquela postura adequada para que mais ninguém fosse alvejado. Mesmo que jamais fosse preciso tomar tal atitude para um crime ser desvendado. Um princípio utilitarista.

      E assim observo muitas atitudes manifestadas por seguimentos de nossa população. Na véspera da decisão do Supremo Tribunal Federal em conceder ou não o Habeas Corpus para o ex-presidente Lula, grupos pediam que o STF não concedesse o HC porque Lula “tinha que ser preso”, pois já havia sido condenado. Apesar do HC ser um quesito legal, o desejo de prisão parecia ser maior que a virtude da lei. O que imperava era a vontade popular, o desejo de ver alguém que aprenderam a detestar, encarcerado. Importava menos o previsto em lei e mais “a voz das ruas”.

      Declarações de ministros e ex-ministros do STF engrossaram os manifestos. “Temos que ouvir a voz das ruas”, “o sentimento social”, e “o clamor popular” foram termos utilizados pelos ocupantes da Suprema Corte. Apesar das decisões judiciais não serem pautadas, obviamente, pelas vontades do povo profissionais que interpretam as leis não podem estimular aproximações demasiadas entre “as ruas” e os juízes, como termômetro a medir algum “choque térmico” entre a conclusão dos processos e os anseios sociais amparados pelas paixões e ódios. Uma linha tênue entre a lei e “o certo a ser feito”. Reflexões realizadas no calor dos acontecimentos podem influenciar atos finais moralmente justificáveis. Um receio calcado em posturas utilitaristas.

      Essas condutas são visíveis quando qualificam defensores dos Direitos Humanos – que seguem resoluções ratificadas por órgãos internacionais – como “defensores de bandidos”. Isso porque “o pessoal” dos Direitos Humanos defendem medidas previstas em leis e na Constituição Federal. Curioso que muitos dos críticos se referem aos Direitos Humanos como se fosse uma ONG, uma entidade representativa, com CNPJ, sede, funcionários (“o pessoal”) que se reúnem frequentemente em torno de uma grande mesa e passam a discutir políticas de apoio a assassinos, estupradores, e ladrões – uma espécie de “Greenpeace” voltado para meliantes. Com isso, proporcionam reflexões equivocadas sobre como devem ser tratados detentos, como a justiça deve agir com acusados de crime hediondo, ou como nossos policiais devem ser protegidos em autos de resistência ou intervenções repressoras. Tudo para alcançar o bem-estar social e “o certo a ser feito”. E a lei? Que se lasque!! Atos para que o “cidadão de bem” fique protegido das mazelas sociais e que se cumpra a vontade popular acima de qualquer artigo, parágrafo, inciso, ou decreto. Enquanto não se reestrutura o nosso defasado Código Penal, podemos bradar juntos as delicias de um Estado Utilitarista.

https://www.soteroprosa.com/inicio/author/Carlos-Henrique-Cardoso. Acessado em 28/01/2019 (Com adaptação)

Com base no emprego da acentuação gráfica do vocábuloque, no primeiro parágrafo do texto, assinale a alternativa CORRETA.

Alternativas
Comentários
  • Acento agudo? Não seria circunflexo?

  • Caramba! Já não dá pra confiar mais nessa banca...

    Pra mim a letra 'e' deveria ser a correta...

  • pessoal não é regra geral ele receber acento no inicio de frase ,exceto quando for interjeição .

    ex: quê !como pode isso acontecer?

    agora também fiquei na duvida nesse acento agudo kk

  • Acento agudo no QUE só se for em Mandarim kkkkkkkkkk

  • a banca pirou,viu! Acento circunflexo.

  • quÉ? piraram

  • Que "QUÉ" isso, meu povo?! Essa banca tá de brincadeira rs

  • Analisem as questões de português dessa banca. Pegaram um reprovado do enem pra fazer, não é possivel, ruim demais.

  • Qué questões são essas? Banca rudemente triste.

  • Em suma: escreve-se o que com acento para marcá-lo como monossílabo tônico, da mesma forma que se faz com dê, lê, sê, e essa tonicidade ocorre com o que quando interjeição ou substantivo e quando pronome no final da frase. 

     “quê (s.m., interj., ou pron. no fim da frase) e que (adv., conj., pron. ou part. expletiva)”.

    Com acento circunflexo:

    . Substantivo masculino: Seu olhar tem um quê de misterioso e vago.

    . Interjeição: Quê! isso é intriga.

    . Pronome em fim de frase: Fumar pra quê

         Ele falou não sei o quê

         Analise como e por quê.

    Sem acento:

    . Advérbio: Que beleza!

    . Conjunção: O ministro disse que vai pensar no caso.

    . Pronome: É linda a casa que construíram.

    . Partícula expletiva: Que doce que ela é!

  • Qué?! Tem que estudar espanhol agora??

  • Essa questão está errada.

  • gabarito B

    O CORRETO SERIA ACENTO CIRCUNFLEXO, CABERIA RECURSO POR NÃO HAVER ALTERNATIVA CORRETA

  • rapaz o IF-PA está em uma briga acirrada com a INAZ do Pará pra saber quem é o pior, putz srssrs já é a quarta questão absurda que respondo desta banca do IFAM

  • esse "que" ai é pronome interrogativo, logo não tem acento.

  • qué qué é isso?

  • O gabarito será alterado, provavelmente.

  • Acento agudo? '-'

  • Danou-se. Não deveria ser acento "Grave"?

  • nem a letra E estaria correta, pois a afirmação " no início ou no final da frase, antes de ponto..." primeiro que não existe ponto no início de frase, segundo é que se fosse no final da frase seria interrogação, e não ponto.

    O mais provável é que na letra B a banca errou ao colocar acento agudo ao invés de circunflexo.

  • Se fosse questão de espanhol o gabarito estaria correto...

  • Não resolvo mais questões dessa banca. Só me estresso...

  • kkkkkkkkkkkkkk

  • Quando vc tenta encontrar a opção que contenha o tal do circunflexo... não encontra!! E pensa... será que eu esqueci como se chama o acento "chapeuzinho"???

  • Uma vergonha de prova de português. QUEM saiu beneficiado nisso?

  • pqp :(

  • qué qué qué... qué casá comigo?

  • Só para confirmar: Algo de errado não está certo nesta questão?!

  • Qual é a regra de acentuação? IF ficou pior que cespe. Este queria mandar nos tribunais e o outro agora quer mandar na língua portuguesa?

    De qualquer forma, qual é a regra de acentuação mesmo?

  • No caso, não seria acento circunflexo? 

    Tem algo errado na questão ou não conheço essa regra. 

  • PQP

    Nunca vi essa regra de acentuação.

  • Fuleragem é essa??? Qué???

  • Primeiro, acho que esse que não é só um vocábulo, mais um pronome relativo e recebe acento circunflexo!!

     

    Eu amo o Pará, mas essas bancas de lá....

  • Que recebe acento:

    → Final de frase ←

    O vocábulo recebe acento quando estiver imediatamente antes de um ponto de interrogação, final ou de exclamação.

    Exemplos:

    “Ela precisa de você hoje para quê?”

    “Você disse o quê?”

    “Estão falando nem sei do quê.”

    O vocábulo recebe acento quando estiver ocupando função de nome na oração.

    Exemplos:

    “Tem um quê de mistério este livro.”

    “Encontrei 15 quês em seu primeiro parágrafo. Reveja o uso adequado.”

    O vocábulo recebe acento quando indica sentimento ou espanto.

    Exemplos:

    “Quê? Ela veio?”

    “Quê! Você conseguiu?”

  • Questão deveria ter sido anulada!!

  • Entendi foi nada... Então agora existe o "qué"? kkkkkkkk

  • Nossa que porcaria de questão! Onde entra essa regra do "QUÉ"??? kkkkk