SóProvas


ID
2924455
Banca
VUNESP
Órgão
Câmara de Serrana - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                     Nero e a lira


      O Brasil ficou chocado com o incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro. Só diante das chamas terríveis e do patrimônio desaparecido para sempre que alguns perceberam que nunca tinham ido ao espaço museológico agora perdido. Eu já tinha escrito o mesmo sobre os riscos da nossa Biblioteca Nacional e do seu acervo inestimável em condições de risco similar. Aqui em São Paulo, é o caso do Museu do Ipiranga, fechado há tanto tempo. Perde o público, perde a cultura e empobrecemos em um campo já abalado da memória. Até quando? O que mais precisaria queimar no Brasil, para que a gente percebesse que patrimônio é algo que se vai para sempre?

      O descaso tem precedentes terríveis. Em 1978, um conjunto inestimável de quadros virou cinzas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Patrimônio científico foi carbonizado várias vezes: a coleção do Instituto Butantã em São Paulo e do Museu de Ciências Naturais da PUC de Minas Gerais. Coleções insubstituíveis torraram por completo. O Museu da Língua Portuguesa ardeu em chamas, como também a tapeçaria de Tomie Ohtake no Memorial da América Latina: somos o país que usa cultura como material de combustão. Nenhum Nero foi indiciado, ninguém responde, nada se faz com tantos e repetidos avisos trágicos. É uma política de terra arrasada, de resultados eficazes e criminosos.

      Mesmo aquilo que funciona e bem corre o risco do desamparo. A Sala São Paulo enche de orgulho os paulistas e brasileiros. A Osesp é uma joia esculpida com trabalho, talento e muito sacrifício. Manter algo do padrão da Osesp e da Sala São Paulo em um país como o Brasil é quase um milagre. A qualidade material da sala, o esforço de todos e a educação de um público fiel. Por ela passa a fina flor da música brasileira e internacional.

      A cultura brasileira é assim. Muita coisa queimou, projetos sobreviveram em estado precário, e todos aguardam poderes sensíveis ao papel insubstituível da cultura na definição da cidadania. Quando eu vejo o montante do fundo partidário em comparação ao estado precário de orquestras e museus, sou percorrido por uma dor muito forte.

      O que mais terá de silenciar, queimar, desaparecer ou ficar no passado até que acordemos? Quantos artistas deixarão de comunicar seu talento com uma sociedade que necessita desesperadamente de criação e sensibilidade para pensar mais alto e melhor? Alguém aqui acha coincidência que a economia mais forte da Europa, a Alemanha, também seja uma terra de forte investimento privado e público na música e nas artes? O que mais precisa desaparecer para sempre, para que governos e eleitores descubram o valor do nosso patrimônio material e imaterial?

      Para nós, pessoas sem poder, resta prestigiar o que ainda existe, visitar mais nossos museus, cobrar dos políticos que elegemos há pouco e valorizar com alunos e filhos os muitos heróis de uma resistência cultural.

               (Leandro Karnal. O Estado de S.Paulo. 18.11.2018. Adaptado)

As conjunções em destaque nas frases:


Quando eu vejo o montante do fundo partidário, sou percorrido por uma dor muito forte.

• O que mais precisaria queimar no Brasil, para que a gente percebesse que patrimônio é algo que se vai para sempre? - assumem, respectivamente, ideia de

Alternativas
Comentários
  • Conjunções temporais: Quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que (desde que).

    Conjunções finais: Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que.

  • Quando= no momento

    Para que= a fim de

    Gabarito letra D

  • Ter as conjunções decoradas te salva as vezes.

  • afim de que a gente percebesse.....

  • Finalidade: para que (=a fim de que).

    **Bizu: Verbos no subjuntivo.

    **Substituir "para que" por "para": Transforma o verbo no subjuntivo em Verbo infinitivo.

    ****O que mais precisaria queimar no Brasil, para que a gente percebesse que patrimônio é algo que se vai para sempre?

    ****O que mais precisaria queimar no Brasil, para a gente PERCEBER que patrimônio é algo que se vai para sempre?

    Erros? Me avisem.

  • Gabarito: D) tempo e finalidade.

    -Conjunções subordinativas adverbiais temporais-

    Introduzem uma oração que apresenta uma circunstância de tempo ao acontecimento da oração principal:

    quando, enquanto, agora que, logo que, desde que...

    ex: Assim que saí de casa, começou a chover.

    -Conjunções subordinativas adverbiais finais-

    Introduzem uma oração que apresenta o fim ou finalidade do acontecimento da oração principal:

    a fim de que, para que, que...

    ex: Li muitas vezes a receita, para que não houvesse erros.

  • gab. D

  • Gabarito D

    CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS

    ·       Temporais: Quando, ENQUANTO=Por ora(AGORA), apenas, mal, logo que, até que, antes que, depois que, assim que, sempre que, senão quando, ao tempo que.

    ·       Proporcionais: quanto mais...tanto mais, ao passo que, À MEDIDA QUE, quanto menos...tanto menos, À PROPORÇÃO QUE.

    ·       Causais: JÁ QUE, porque, que, VISTO QUE, uma vez que, sendo que, como, pois que, visto como, PORQUANTO, na medida que.

    ·       Condicionais: SE, salvo se, CASO, sem que, a menos que, contanto que, exceto se, a não ser que, com tal que, desde que. 

    Conformativa: CONSOANTE, segundo, conforme, da mesma maneira que, ASSIM COMO, com que.

    ·       Finais: PARA QUE, A FIM DE QUE, que, porque.

    Comparativa: como, tal como, tão como, TANTO QUANTO, mais...(do) que, menos...(do) que, ASSIM COMO.

    ·       Consecutiva: tanto que, DE MODO QUE, de sorte que, tão...que, sem que.

    ·       Concessiva: EMBORA, ainda que, CONQUANTO, dado que, posto que, em que, quando mesmo, MESMO QUE, por menos que, por pouco que, APESAR DE, por mais que. 

  • GAB. D

    FINAIS: PARA QUE, AFIM DE QUE, QUE

    TEMPO: QUANDO, ENQUANTO, ANTE QUE, DEPOIS QUE, LOGO QUE, TODAS AS VEZES QUE, DESDE QUE, SEMPRE, QUE, ASSIM QUE, AGORA, MAL