SóProvas


ID
2928553
Banca
Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ
Órgão
Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto: É brincando que se aprende


      O professor Pardal gostava muito do Huguinho, do Zezinho e do Luizinho e queria fazê-los felizes. Inventou, então, brinquedos que os fariam felizes para sempre, brinquedos que davam certo sempre: uma pipa que voava sempre, um peão que rodava sempre e um taco de beisebol que acertava sempre na bola. Os três patinhos ficaram felicíssimos ao receber os presentes e se puseram logo a brincar com seus brinquedos que funcionavam sempre.

      Mas a alegria durou pouco. Veio logo o enfado. Porque não existe nada mais sem graça que um brinquedo que dá certo sempre. Brinquedo, para ser brinquedo, tem de ser um desafio. Um brinquedo é um objeto que, olhando para mim, me diz: “Veja se você pode comigo!”. O brinquedo me põe à prova. Testa as minhas habilidades. Qual é a graça de armar um quebra-cabeça de 24 peças? Pode ser desafio para uma criança de 3 anos, mas não para mim. Já um quebra-cabeça de 500 peças é um desafio. Eu quero juntar as suas peças! Para isso, sou capaz de gastar meus olhos, meu tempo, minha inteligência, meu sono.

      Qualquer coisa pode ser um brinquedo. Não é preciso que seja comprado em lojas. Na verdade, muitos dos brinquedos que se vendem em lojas não são brinquedos precisamente por não oferecerem desafio algum.

      Que desafio existe numa boneca que fala quando se aperta a sua barriga? Que desafio existe num carrinho que anda ao se apertar um botão? Como os brinquedos do professor Pardal, eles logo perdem a graça. Mas um cabo de vassoura vira um brinquedo se ele faz um desafio: “Vamos, equilibre-me em sua testa!”. Quando era menino, eu e meus amigos fazíamos competições para saber quem era capaz de equilibrar um cabo de vassoura na testa por mais tempo. O mesmo acontece com uma corda no momento em que ela deixa de ser coisa para se amarrar e passa a ser coisa de se pular.

      Laranjas podem ser brinquedos? Meu pai era um mestre em descascar laranjas sem arrebentar a casca e sem ferir a fruta. Para o meu pai, a laranja e o canivete eram brinquedos. Eu olhava para ele e tinha inveja. Assim, tratei de aprender. E ainda hoje, quando vou descascar uma laranja, ela vira brinquedo nas minhas mãos ao me desafiar: “Vamos ver se você é capaz de tirar a minha casca sem me ferir e sem deixar que ela arrebente”.

       Para um alpinista, o Aconcágua é um brinquedo: é um desafio a ser vencido. Mas um morrinho baixo não é brinquedo porque é muito fácil – não é desafio. Ao escalar o Aconcágua, ele está medindo forças com a montanha ameaçadora! Pelo desafio dos picos, os alpinistas arriscam as suas vidas, e muitos morrem. Parodiando o Riobaldo: “Brincar é muito perigoso...”.

      Há brinquedos que são desafios ao seu corpo, à sua força, à sua habilidade, à sua paciência. E há brinquedos que são desafios à inteligência. A inteligência gosta de brincar. Brincando, ela salta e fica mais inteligente ainda. Brinquedo é tônico para a inteligência. Mas se ela tem de fazer coisas que não são desafio, ela fica preguiçosa e emburrecida.

      Todo conhecimento científico começa com um desafio: um enigma a ser decifrado! A natureza desafia: “Veja se você me decifra!”. E aí os olhos e a inteligência do cientista se põem a trabalhar para decifrar o enigma. Assim aconteceu com Johannes Kepler (15711630), cuja inteligência brincava com o movimento dos planetas. Assim aconteceu com Galileu Galilei (1564-1642), que, ao observar a natureza, tinha a suspeita de que ela falava uma linguagem que ele não entendia. Pôs-se, então, a observar e a pensar (ciência se faz com essas duas coisas, olho e cérebro!) até que decifrou o enigma: a natureza fala a linguagem da matemática! E até hoje os cientistas continuam a brincar o mesmo brinquedo descoberto por Galileu.

      Aconteceu assim também com um monge chamado Gregor Johann Mendel (1882-1962). No seu mosteiro havia uma horta onde cresciam ervilhas. Os outros monges, vendo as ervilhas, pensavam em sopa. Mas Mendel percebeu que elas escondiam um segredo. E ele tanto fez que acabou por descobrir o segredo que nos revelou o incrível mundo da genética. E não é esse mesmo jogo que faz a criança que está começando a aprender a ler? Ela olha para as letras-ervilhas e tenta decifrar a palavra que elas formam. Tudo é brinquedo!

Rubem Alves
https://institutorubemalves.org.br/wp-content/uploads/2018/08/2002.12.17.pdf

Foge à norma padrão da língua a seguinte frase:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    Vamos, me equilibra na sua testa!

    >>> Existe uma vírgula, ela é fator enclítico, o correto seria: equilibra-me.

    Força, guerreiros(as)!!

  • Em se tratando de casos em que o sujeito é representado por “tudo, isso, isto, aquilo”, a concordância do verbo “ser” normalmente se efetiva com o predicativo expresso no plural. Exemplos? Observe:

    Tudo são flores.

    Aquilo eram fantasias cultivadas.

    Isso são desencantos passageiros.

    https://www.portugues.com.br/gramatica/concordancia-verbo-ser.html

  • Vamos, me equilibra na sua testa! ERRADO.

    Vamos, equilibra-me na sua testa! CERTO

  • Vírgula evita próclise

  • Nao se usa pronome oblíquo atono depois de pontuação,salvo quando quando haver termos enumerados
  • Virgula evita a proclise.
  • GABARITO D

    Inicio de frase e após pontuação usaremos SEMPRE a ênclise.

    Dê-me um abraço.

    Vamos, dê-me um beijo.

    bons estudos

  • A letra "A" não está errada? deveria ser : Tudo é brinquedo.

  • Resposta: alternativa d

     

    Alternativa e -> Ramon Soares, quando tanto o sujeito quanto o predicativo são referentes a seres não humanos, o verbo ser pode concordar com qualquer um dos dois, realçando-os.

    Logo, em "Tudo são brinquedos." o verbo ser concorda com o sujeito (tudo), realçando-o;

    o que também estaria certo em "Tudo são brinquedos" em que o verbo ser concordaria com brinquedos (o predicativo), realçando-o nessa construção.

  • Letra D

    Não se usa pronome átono depois de vírgula.

  • Acredito que tenha mais um erro por se tratar de uma frase imperativa!

    Equilibre-me

  • Sobre a letra A

    Concordância do verbo SER: o verbo de ligação SER concorda com o predicativo quando o sujeito é tudo, o, isto, isso ou aquilo.

    "Tudo eram hipóteses."

    "Isso serão os sinais de progresso."

    "Nem tudo são flores."

    "Hoje o que não falta são divertimentos."

    Retirei da gramática do Cegalla, se não me engano. Não anotei a referência.

  • Diria que vírgula "rejeita" próclise.

  • Diria que vírgula "rejeita" próclise.

  • Vamos, me equilibra na sua testa! = VAMOS, EQUILIBRA-ME NA SUA TESTA!

    A ênclise é obrigatória apos pontuação. A frase se encontra no imperativo afirmativo.

    GABARITO D

  • GAB: D

    RESUMÃO - COLOCAÇÃO DE PRONOMES:

    Próclise

    Palavras negativas:não, ninguém, nunca.

    ex. Não o quero aqui

    Pronomes relativos, indefinidos ou demonstrativos.

    Ex: Foi ela que o fez. (pronome relativo)

    Alguns lhes deram maus conselhos. (pronomes indefinidos)

    Isso me lembra algo. (pronome demostrativo)

    Verbos antecedidos por advérbios ou expressões adverbiais

    (exceção: quando haja vírgula depois do advérbio, uma vez que dessa forma o advérbio deixa de atrair o pronome)

    Ex: Ontem me disseram que havia greve hoje.

    exceção: Agora, descansa-se.

    Orações com conjunções subordinativas.

    Ex. Embora se sentisse melhor, saiu.

    Conforme lhe disse, hoje vou sair mais cedo.

    Verbo no gerúndio regido da preposição em.

    Ex. Em se tratando de confusão, ele está presente.

    Mesóclise

    A Mesóclise é possível apenas com verbos do Futuro do Presente ou do Futuro do Pretérito.

    Ex: Orgulhar-me-ei dos meus alunos.

    Orgulhar-me-ia dos meus alunos

    Ênclise

    Usa-se pronome depois do verbo nas seguintes situações:

    Verbo no imperativo afirmativo.

    Ex. Depois de terminar, chamem-nos.

    Verbo no infinitivo impessoal.

    Ex. Gostaria de pentear-te a minha maneira.

    Verbo inicia a oração.

    Ex. Fiz-lhe a pessoa mais feliz do mundo.

    Verbo no gerúndio

    (sem a preposição em, pois quando regido pela preposição em deve ser usada a Próclise).

    Ex.Tive a vida encantando-me com as suas surpresas.

    SEMPRE CAI:

    Com Locução Verbal

    Usa-se a Ênclise depois do verbo auxiliar ou depois do verbo principal nas locuções verbais em que o verbo principal está no infinitivo ou no gerúndio.

    Ex. Devo explicar-te o que se passou

    Devo-lhe explicar o que se passou.

    Caso não haja palavra que atraia a Próclise, usa-se a Ênclise depois do verbo auxiliar em que o verbo principal está no particípio.

    Ex. Foi-lhe explicado como deveria agir.

  • GAB.: D

    PROIBIÇÃO DE PRÓCLISE 

    * INÍCIO DO ENUNCIADO

    * DEPOIS DA PONTUAÇÃO 

    EX.:

    TE AMO (ERRADO)

     AMO-TE (CERTO)

    GAROTO, ME DEVOLVA ISSO! (ERRADO)

    GAROTO, DEVOLVA-ME ISSO! (CERTO)

  • Vamos, equilibra-me na sua testa.

  • Letra D

    Vamos, me equilibra na sua testa! = VAMOS, EQUILIBRA-ME NA SUA TESTA!

    A ênclise é obrigatória apos pontuação. A frase se encontra no imperativo afirmativo.

  • Lembrando que o correto seria "equilibra-me na TUA testa"

  • Vamos, me equilibra na sua testa!

    O correto seria...

    Vamos, equilibra-me na sua testa!

  • VIRGULA JUNTO DE PRONOME DÁ LUBISOMEM.

  • Dou sim, Débora Oliveira.

  • Existe uma virgula, isso é fator eclético, então o correto é equilibra-me