"Diversos acontecimentos influenciaram as transformações que ocorreram na Psicologia ao longo do tempo. Dentre esses, vale ressaltar as profundas mudanças políticas que o processo de redemocratização do Brasil possibilitou: como a criação de espaços públicos que permitiu a ampliação da participação da sociedade civil nas discussões e na elaboração das políticas públicas (YAMAMOTO, 2004; GONÇALVES, 2010; SPINK, 2011). A Constituição de 1988 é considerada um marco formal que consagrou o princípio de participação da sociedade civil e possibilitou a participação dos cidadãos na administração pública através dos conselhos gestores de políticas públicas nas diversas áreas, como saúde, educação, cultura entre outros (DAGNINO, 2004). Trata-se de uma mudança estrutural no contexto nacional e os cidadãos brasileiros de modo geral têm conquistado espaços de participação nas políticas públicas. Diferentes categorias profissionais passam a se posicionar e se envolver no campo das políticas públicas seja para defender interesses da categoria seja para contribuir na elaboração, implementação e avaliação de programas e de políticas. Nesta mesma perspectiva, no campo da saúde a participação política na Reforma Sanitária e na Oitava Conferência de Saúde, realizadas na década de 1980, são um marco na inclusão dos profissionais e dos atores envolvidos no processo de pensar, elaborar e propor ações para o Estado. A partir da criação do SUS, os conselhos de saúde têm sido espaços privilegiados de participação e de contribuição dos diversos profissionais que atuam no campo da saúde. Um dos exemplos de sucesso deste processo pode ser observado na consolidação dos ideais políticos do movimento antimanicomial, da reforma psiquiátrica e nas políticas oficiais"
FONTE: AS INTERFACES ENTRE PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS E A CONFIGURAÇÃO DE NOVOS ESPAÇOS DE ATUAÇÃO Jaqueline Brigagão* Vanda Lúcia Vitoriano do Nascimento** Peter Kevin Spink**
REU, Sorocaba, SP, v. 37, n. 1, p. 199-215, jun. 2011