SóProvas


ID
2971033
Banca
IBFC
Órgão
SEDUC-MT
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Quando era novo, em Pringles, havia donos de automóveis que se gabavam, sem mentir, de tê-los desmontado “até o último parafuso” e depois montá-los novamente. Era uma proeza bem comum, e tal como eram os carros, então, bastante necessária para manter uma relação boa e confiável com o veículo. Numa viagem longa era preciso levantar o capô várias vezes, sempre que o carro falhava, para ver o que estava errado. Antes, na era heroica do automobilismo, ao lado do piloto ia mecânico, depois rebaixado a copiloto. [...]

      Na realidade, os bricoleurs* de vila ou de bairro não se limitavam aos carros, trabalhavam com qualquer tipo de máquinas: relógios, rádios, bombas d´água, cofres. [...] Desnecessário dizer, assim, que desde que os carros vêm com circuitos eletrônicos, o famoso “até o último parafuso” perdeu vigência.

      Houve um momento, neste último meio século, em que a humanidade deixou de saber como funcionavam as máquinas que utiliza. De forma parcial e fragmentária, sabem apenas alguns engenheiros dos laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento de algumas grandes empresas, mas o cidadão comum, por mais hábil e entendido que seja, perdeu a pista há muito. Hoje em dia usamos os artefatos tal como as damas de antigamente usavam os automóveis: como “caixas-pretas”, com um Input (apertar um botão) e um Output (desliga-se o motor), na mais completa ignorância do que acontece entre esses dois polos.

      O exemplo do carro não é por acaso, acredito ter sido a máquina de maior complexidade até onde chegou o saber do cidadão comum. Até a década de 1950, antes do grande salto, quando ainda se desmontavam carros e geladeiras no pátio, circulava uma profusa bibliografia com tentativas patéticas de seguir o rastro do progresso. [...]

      Hoje vivemos num mundo de caixas-pretas. Ninguém se assusta por não saber o que acontece dentro do mais simples dos aparelhos de que nos servimos para viver. [...]

      O que aconteceu com as máquinas é apenas um indício concreto do que aconteceu com tudo. A sociedade inteira virou uma caixa-preta. A complicação da economia, os deslocamentos populacionais, os fluxos de informação traçando caprichosas espirais num mundo de estatísticas contraditórias, acabaram por produzir uma cegueira resignada cuja única moral é a de que ninguém sabe “o que pode acontecer”; ninguém acerta os prognósticos, ou acerta só por casualidade. Antes isso acontecia apenas com o clima, mas à imprevisibilidade do clima o homem respondeu com civilização. Agora a própria civilização, dando toda a volta, se tornou imprevisível.

(César Aira. In: Marco M. Chaga, org. Pequeno manual de procedimentos. Tradução: Eduardo Marquardt. Cuuritiba: Arte & Letra, 2007, p.49-51)

* bricoleur: aquele que faz qualquer espécie de trabalho

Assinale a opção em que se indica corretamente o sujeito das orações abaixo.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO B// HAVER NO SENTIDO DE EXISTIR ELE SERÁ SUJEITO INDETERMINADO.

    OUTRO TAMBÉM// "FAZER" INDICANDO TEMPO OU CLIMA TAMBÉM SERÁ INDETERMINADO. EX.: "FAZ ANOS QUE NÃO A VEJO"

  • GAB. B

    A- Qdo (eu) era novo - sujeito determinado está implícito

    C- máquinas é sujeito simples

    D - carros e geladeiras: sujeito composto

    E - Ninguém: sujeito determinado

  • “Quando (eu) era novo,” (1º§) – Sujeito Oculto/Elíptico.

    havia donos de automóveis” - sujeito inexistente: verbos impessoais.

    “como funcionavam as máquinas” – sujeito simples: as máquinas funcionavam

    “quando ainda se desmontavam carros e geladeiras” - sujeito composto: quando ainda carros e geladeiras eram desmontadas.

     “Ninguém se assusta” – sujeito simples: ninguém.

  • GABARITO: LETRA B

    A) “Quando era novo,” (1º§) – sujeito indeterminado. ------> sujeito oculto (eu).

    b) “havia donos de automóveis” (1º§) – sujeito inexistente. ------> haver com sentido de existir é um verbo impessoal e não possui sujeito (inexistente).

    c) “como funcionavam as máquinas” (3º§) – sujeito composto. ------> perguntando ao verbo: o quê funcionavam? As máquinas funcionavam (sujeito simples, núcleo: máquinas).

    d) “quando ainda se desmontavam carros e geladeiras” (4º§) – sujeito desinencial. --------> perguntando ao verbo: o quê se desmontavam? Carros e geladeiras (sujeito composto: dois núcleos).

    e) “Ninguém se assusta” (5º§) – sujeito indeterminado. ------> quem se assusta? Ninguém (temos um sujeito simples).

    Força, guerreiros(as)!!

  • (a) “Quando [eu] era novo,” (1º§) – sujeito oculto

    (b) “havia donos de automóveis” (1º§) – sujeito inexistente.

    (c) “como funcionavam as máquinas” (3º§) – sujeito simples.

    (d) “quando ainda se desmontavam carros e geladeiras” (4º§) – sujeito composto.

    (e) “Ninguém se assusta” (5º§) – sujeito simples.

  • Não entendi porquê a letra A é sujeito oculto ao invés de indeterminado.

    em "Quando era novo" pode ser reescrito como "Quando EU era novo" e " Quando ELE era novo" , logo o sujeito é indeterminado, pois não sei se é ELE ou EU

  • Guilherme Cabral...

    suj indeterminado: nao pode estar escrito na frase, nem implícito. Há dois casos...

    1°- verbo na terceira pessoa do plural sem referente.

    2º - a partícula " se " com os verbos intransitivos, transitivos indireto e de ligaçao, na terceira do singular !

  • Verbo "Haver" no sentido de existir NÃO tem SUJEITO.

    é impessoal, não flexiona.

    gab:B

  • haver sentido de existir verbo impessoal, sujeito inexistente.

  • Corrigindo o colega ARTHUR CARVALHO

    Na Letra C, é sujeito simples

    Visto que só tem 1 núcleo.

  • verbo haver sentido de existir vai ser impessoal, por esse motivo não sujeito.

  • Não entendi o erro da A,cadê o professor que concursos para corrigir a questão.