SóProvas


ID
2979451
Banca
CETAP
Órgão
Prefeitura de Ananindeua - PA
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Hora da verdade.

            Criança sabe ou não de sexo? Com que idade? Não estou falando do que seria ideal, em termos educacionais, teóricos etc, etc. Mas do real. Informações sobre sexo variam i muito entre as classes sociais e locais de moradia. Escrevo livros infantojuvenis. Em certa época, muitos autores amigos achavam importante falar de sexo em seus livros. Eu não. Pelo simples fato, comentei com uma escritora amiga minha, que as crianças saberiam mais sobre sexo do que eu. Já soube de casos absurdos. Uma escola adotou um livro de um amigo para leitura paradidática. Em certa página, o casal de adolescentes descobria o sexo. Alguns pais fizeram escândalo. A solução da escola foi arrancar a página específica e queimar! Muitos adultos pensam, esquecendo a própria infância, que a criança é um anjinho ingênuo e intocável, a quem as informações jamais devem ser oferecidas, Nossa, quanta bobagem! Entre meus muitos livros, tenho um que aborda a questão do crack, Vida de Droga. A personagem é uma adolescente que se vicia. Escrevi a partir de entrevistas com adolescentes. Achava que seria um : fracasso absoluto, devido à ousadia do tema. Para minha surpresa, logo após o lançamento, fui chamado para dar muitas palestras em escolas religiosas. Um dia perguntei para uma : freira se não se chocava com o tema. 

            - A gente quer mostrar como realmente acontece. O fundo do poço! Para evitar o vício - disse ela.

            Achei interessante. Mas foi em um colégio público, na periferia de São Paulo, que descobri a real. Dei uma palestra e,  em seguida, assisti à dramatização de meu livro, feita pelos  próprios alunos. Para minha surpresa, havia cachimbos em cena ; e uma descrição do uso de crack absolutamente completa! No intervalo, falei com a diretora e com os professores. Comentei sobre o meu medo de o livro ser pesado. A diretora apontou a janela.

             - Está vendo aquela esquina? Atravessando a rua?

            Concordei.

            - Boa parte das alunas sai daqui no fim da tarde e vai se prostituir, logo ali. 

            Eu todo cheio de dedos. A diretora me revelou outras coisas de arrepiar

            - Pegamos uma aluna com seis garotos. Chamamos a família. Mas...como lidar com isso?

            Eu já quebrei a cara em palestra. Tenho outro livro, A corrente da vida, que fala sobre a contaminação do HIV entre jovens. Fui a uma cidade próxima a São Paulo. Terminada a palestra em que falo sobre os riscos-nessas ocasiões, sou bem professoral-, pedi aos alunos que me enviassem perguntas escritas e anônimas, para que cada um se sentisse a vontade para perguntar o que quisesse. Lá pelas tantas veio: “É possível reutilizar uma seringa?” 

            Olhei para aqueles rostinhos, entre 10 e 12 anos. E me senti no papel de moralizar. Respondi: 

            - Nunca se pode reutilizar uma seringa, porque há risco de contaminação.

            Sinceramente, eu só queria que ninguém naquela sala usasse a tal seringa... Um garoto de no máximo 11 anos ergue a mão. 

            - O senhor está mentindo. Para esterilizar uma seringa, a gente faz assim, assim.... 

            E dei o serviço. Quase cai duro.

            Meus livros abordam temas atuais, mas não em torno da sexualidade. Vi amigos despencar nas vendas porque pais reclamam de situações que, segundo dizem, os filhos não' podem saber. Na televisão e em todo meio de comunicação, a mesma pressão. Até na propaganda. Proíbem-se anúncios e comerciais para crianças, para não criar desejos que redundem em frustrações se o pai não puder comprar. Fui um menino pobre, tive muitos desejos que meus pais não puderam satisfazer. Isso me deu noção de limites. Não um sofrimento atroz, a não ser por um cavalo branco, que eu desejava ter no quintal. Foram anos de brigas como Papai Noel, que nunca trazia o tal cavalo.

            Eu vejo argumentos de educadores e penso onde é que eles estão, num país em que adolescentes têm seu primeiro filho aos 12,13 anos? E onde o problema já é evitar o segundo? Onde as drogas correm solto nas praias, escolas? Vamos continuar fingindo que nada disso existe ....Que a criança é um anjinho de procissão? 

            Penso que está na hora de rever o Estatuto da Criança e do Adolescente. Rever situações que satisfazem aos adultos aos teóricos, mas não resolvem as questões básicas. Penso que aulas de educação sexual, com valores, jamais poderiam ser abolidas, porque ou a criança já sabe ou vai saber de um jeito pior.

            Eu só não entendo como os teóricos de educação e tantos pais podem ser tão inocentes - enquanto para crianças e adolescentes basta abrir a internet e fazer o diabo. 

Walcyr Carrasco é jornalista, autor de livros peças teatrais e novelas de televisão. Época, 26/01/2018.

Leia a frase seguinte:

"-Boa parte das alunas sai daqui no fim da tarde e vai se prostituir, logo ali.”

A outra possibilidade correta de concordância verbal seria: 

Alternativas
Comentários
  • "BOA PARTE das alunas SAI daqui no fim da tarde e VAI se prostituir, logo ali.”

    "Boa parte das ALUNAS SAEM daqui no fim da tarde e VÃO se prostituir, logo ali.”

     

    Quem escolheu a busca não pode recusar a travessia - Guimarães Rosa

    ------------------- 

    Gabarito: A

  • Esse é um caso de concordância com coletivos ou partitivos especificados: o verbo concorda com o núcleo do sujeito (parte) ou com o adjunto adnominal (das alunas).

  • GABARITO: LETRA A

    "-Boa parte das alunas sai daqui no fim da tarde e vai se prostituir, logo ali.”

    ===> temos um “coletivo partitivo” o termo no plural (alunas) em associação com o núcleo do sujeito no singular que expressa quantidade (parte).

    Quando isso ocorre, a concordância pode ser feita tanto com o núcleo do sujeito e, então, ficará no singular quanto com o substantivo após o núcleo e, portanto, ficará no plural.

    ===> "-Boa parte das alunas SAEM daqui no fim da tarde e VÃO se prostituir, logo ali.”

    Força, guerreiros(as)!!

  • GAB.: A

    COLETIVO PARTITIVO

    O VERBO CONCORDA COM O NÚCLEO DO SUJEITO OU COM O TERMO ESPECIFICATIVO 

    "BOA PARTE DAS ALUNAS SAI DAQUI NO FIM DA TARDE E VAI SE PROSTITUIR, LOGO ALI." 

    PARTE--> NÚCLEO DO SUJEITO   OBS.: NÃO PODE SER PROCEDIDO DE PREPOSIÇÃO 

    DAS ALUNAS--> TERMO ESPECIFICATIVO 

  • Baaaa, essa é a típica questão que o cara que não estudou e o cara que se arrebentou de estudar vão acertar! f0da isso!

  • QUE FRASE PESADA KKKKK, O EXAMINADOR TÁ QUE TÁ KKKK

     

     

    VEJAMOS:

    A regra geral de concordância verbal é que o verbo deve concordar com o sujeito, em número (singular/plural) e pessoa (1a. , 2ª. ou 3ª. pessoa). Mas, como o uso da língua é muito amplo, existem algumas regras específicas.  Esse é o caso da concordância em orações em que há expressões partitivas, como “a maioria”, “a minoria”, “grande parte de”, “mais da metade”.

     

    Seguem exemplos de como podem ser conjugados os verbos:

     

    A maior parte dos colaboradores aderiu à greve. (singular)

    Mais da metade dos funcionários não compareceram à reunião (plural)

    Na primeira oração, o verbo está no singular; na segunda, está no plural. Vale ressaltar que ambas as frases estão corretas.

    A explicação para a ocorrência do verbo no singular ou no plural nesses casos é a seguinte: quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (“a maior parte”, “mais da metade”)  acompanhada de um especificador no plural (“dos colaboradores”, “dos funcionários”), o verbo pode ser conjugado das duas formas.

    :

    A menor parte dos participantes não gostou/gostaram do curso.

    Boa parte dos integrantes concorda/concordam com a política do grupo.

    Menos da metade dos monitores lembra/lembram daquela aluna.

    Mas há uma sutil diferença de sentido:

    a)    conjugar o verbo no singular, dá ênfase à noção de conjunto, de grupo (foco na expressão “a menor parte”, “boa parte”, “menos da metade”).

    b)    conjugar no plural, enfatizam-se aqueles que formam o grupo ( “participantes”, “integrantes”, “monitores”), ainda que esta seja a forma incomum de redigir esse tipo de oração.

    Como recomendação, dê preferência ao uso do verbo no singular quando redigir orações com expressões partitivas, por ser a mais usual. Mas saiba que tanto a versão no singular quanto no plural são aceitas gramaticalmente

  • GABARITO: Letra A

    Como temos expressão partitiva seguida de determinante: “boa parte das alunas”, podemos concordar com “parte” ou com “alunas”: "Boa parte das alunas saem daqui no fim da tarde e vão se prostituir, logo ali.”