SóProvas


ID
2979466
Banca
CETAP
Órgão
Prefeitura de Ananindeua - PA
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Hora da verdade.

            Criança sabe ou não de sexo? Com que idade? Não estou falando do que seria ideal, em termos educacionais, teóricos etc, etc. Mas do real. Informações sobre sexo variam i muito entre as classes sociais e locais de moradia. Escrevo livros infantojuvenis. Em certa época, muitos autores amigos achavam importante falar de sexo em seus livros. Eu não. Pelo simples fato, comentei com uma escritora amiga minha, que as crianças saberiam mais sobre sexo do que eu. Já soube de casos absurdos. Uma escola adotou um livro de um amigo para leitura paradidática. Em certa página, o casal de adolescentes descobria o sexo. Alguns pais fizeram escândalo. A solução da escola foi arrancar a página específica e queimar! Muitos adultos pensam, esquecendo a própria infância, que a criança é um anjinho ingênuo e intocável, a quem as informações jamais devem ser oferecidas, Nossa, quanta bobagem! Entre meus muitos livros, tenho um que aborda a questão do crack, Vida de Droga. A personagem é uma adolescente que se vicia. Escrevi a partir de entrevistas com adolescentes. Achava que seria um : fracasso absoluto, devido à ousadia do tema. Para minha surpresa, logo após o lançamento, fui chamado para dar muitas palestras em escolas religiosas. Um dia perguntei para uma : freira se não se chocava com o tema. 

            - A gente quer mostrar como realmente acontece. O fundo do poço! Para evitar o vício - disse ela.

            Achei interessante. Mas foi em um colégio público, na periferia de São Paulo, que descobri a real. Dei uma palestra e,  em seguida, assisti à dramatização de meu livro, feita pelos  próprios alunos. Para minha surpresa, havia cachimbos em cena ; e uma descrição do uso de crack absolutamente completa! No intervalo, falei com a diretora e com os professores. Comentei sobre o meu medo de o livro ser pesado. A diretora apontou a janela.

             - Está vendo aquela esquina? Atravessando a rua?

            Concordei.

            - Boa parte das alunas sai daqui no fim da tarde e vai se prostituir, logo ali. 

            Eu todo cheio de dedos. A diretora me revelou outras coisas de arrepiar

            - Pegamos uma aluna com seis garotos. Chamamos a família. Mas...como lidar com isso?

            Eu já quebrei a cara em palestra. Tenho outro livro, A corrente da vida, que fala sobre a contaminação do HIV entre jovens. Fui a uma cidade próxima a São Paulo. Terminada a palestra em que falo sobre os riscos-nessas ocasiões, sou bem professoral-, pedi aos alunos que me enviassem perguntas escritas e anônimas, para que cada um se sentisse a vontade para perguntar o que quisesse. Lá pelas tantas veio: “É possível reutilizar uma seringa?” 

            Olhei para aqueles rostinhos, entre 10 e 12 anos. E me senti no papel de moralizar. Respondi: 

            - Nunca se pode reutilizar uma seringa, porque há risco de contaminação.

            Sinceramente, eu só queria que ninguém naquela sala usasse a tal seringa... Um garoto de no máximo 11 anos ergue a mão. 

            - O senhor está mentindo. Para esterilizar uma seringa, a gente faz assim, assim.... 

            E dei o serviço. Quase cai duro.

            Meus livros abordam temas atuais, mas não em torno da sexualidade. Vi amigos despencar nas vendas porque pais reclamam de situações que, segundo dizem, os filhos não' podem saber. Na televisão e em todo meio de comunicação, a mesma pressão. Até na propaganda. Proíbem-se anúncios e comerciais para crianças, para não criar desejos que redundem em frustrações se o pai não puder comprar. Fui um menino pobre, tive muitos desejos que meus pais não puderam satisfazer. Isso me deu noção de limites. Não um sofrimento atroz, a não ser por um cavalo branco, que eu desejava ter no quintal. Foram anos de brigas como Papai Noel, que nunca trazia o tal cavalo.

            Eu vejo argumentos de educadores e penso onde é que eles estão, num país em que adolescentes têm seu primeiro filho aos 12,13 anos? E onde o problema já é evitar o segundo? Onde as drogas correm solto nas praias, escolas? Vamos continuar fingindo que nada disso existe ....Que a criança é um anjinho de procissão? 

            Penso que está na hora de rever o Estatuto da Criança e do Adolescente. Rever situações que satisfazem aos adultos aos teóricos, mas não resolvem as questões básicas. Penso que aulas de educação sexual, com valores, jamais poderiam ser abolidas, porque ou a criança já sabe ou vai saber de um jeito pior.

            Eu só não entendo como os teóricos de educação e tantos pais podem ser tão inocentes - enquanto para crianças e adolescentes basta abrir a internet e fazer o diabo. 

Walcyr Carrasco é jornalista, autor de livros peças teatrais e novelas de televisão. Época, 26/01/2018.

Leia o excerto seguinte e responda à questão a seguir.

“Um dia perguntei para uma freira se não se chocava com o tema.”


Quanto à predicação, o verbo “chocar” é:

Alternativas
Comentários
  • Socorrooooo!!
  • O verbo chocar é intransitivo

    EX.: Um dia eu perguntei a freira se ela não se chocou.

    Ex.: A mulher chocou-se. Eu me choquei. O homem se chocou.

    Observa-se que o verbo não necessita de um complemento para obter todo o sentido, logo é intransitivo.

    OBS: Para saber se um verbo é intransitivo, basta construir uma frase semelhante a esta e observar se o próprio verbo em si traz todo o sentido ou não.

    Por exemplo: o verbo preferir é V.T.D.I logo, se eu construir a seguinte frase: Eu preferi. Preferiu o quê? A mulher preferiu, o quê?

    Denota-se que o verbo precisa de um complemento para dar o sentido completo, ele sozinho (sem complemento) não é capaz de trazer sentido a frase.

  • Gerúndio: chocando
    Particípio passado: chocado
    Infinitivo: chocar

    Tipo de verbo: regular
    Transitividade: transitivo, intransitivo, transitivo, pronominal e intransitivo
    Separação silábica: cho-car

  • Verbo chocar tem sentido completo. O complemento indica circunstância.

    Gabarito:A

  • Pensei que o verbo ''chocar'' era verbo transitivo indireito, por causa da preposição ''com'' logo em seguida.

  • NO CONTEXTO APRESENTADO, o verbo "chocar" é transitivo INDIRETO. O engraçado que quem fala que é intransitivo não dá nem um pio sobre o que vem adiante (com o tema), os senhores poderiam me dizer de onde vem a preposição "com"? No aguardo. Parem de forçar a barra pra concordar com gabarito errado.

  • Ravi Pin, acredito que o gabarito esteja correto. Ela não se chocou no sentido de esbarrar/colidir, ela ficou chocada com o assunto.

    "Um dia perguntei para uma freira se não se chocava com o tema."

    Na minha opinião o verbo é intransitivo

    e "com o tema" é Adj. Adv. de assunto.

    Mas vou aguardar comentários de professores.

  • CHOCAR

    1. ~ (se) COM algo (estar em oposição; ser oposto a)

    _ O seu comportamento choca-se com as suas promessas.

    2. ~ (se) COM, CONTRA, EM algo (bater, colidir; ir de encontro a)

    _ O caminhão chocou-se com (contraem) um carro.

    Mas no contexto da questão, é Intransitivo!!!

    Gabarito A.

  • Ravi Pin, vê se tu concorda com meu pio.

    'Chocada' no contexto da questão está com sentido de 'abismada', 'impactada', 'estarrecida'.

    Você tem que se prender à semântica nas questões de regência, pois é o sentido do verbo que vai te dizer se ele foi usado com transitividade ou só com alguma circunstância.

    Exemplo, quantas vezes você já viu uma reportagem aterradora na TV e alguém perto de você falou 'Tô chocada, cara!', no sentido de 'Estou abismada/impactada.' Precisa de algum complemento pra você entender que essa pessoa ficou estarrecida? Não. Mas, pra facilitar o entendimento de quem não estava ali presente, a pessoa quando for falar sobre o ocorrido com outra pessoa pode circunstanciar a situação dizendo 'Cara, fiquei chocada com uma notícia que vi hoje.', nesse caso, ela só deu uma circunstância pra melhorar o entendimento do ouvinte, porém, o verbo em si continua sem necessidade de complementação pra ter sentido, 'com uma notícia' é mero adjunto adverbial, pra situar o ouvinte/leitor.

    Na assertiva "Um dia perguntei para uma freira se não se chocava com o tema", o autor apenas circunstanciou pro leitor o assunto/tema que a freira se chocava (ou não), logo 'com o tema' é tão somente um adjunto adverbial de assunto.

    Se o verbo estivesse com transitividade indireta, exigindo a preposição 'com', ele teria outro sentido, o sentido de 'chocar-se contra alguma coisa', 'esbarrar em algo/alguém', e, perceba que, de forma alguma esse sentido poderia ser usado na fala do autor, pois a freira não 'esbarrou/trombou' com o assunto, como se tivesse havido uma colisão entre eles, entende a semântica envolvida?

    Em questões de regência você tem que ver o sentido que se depreende no trecho, pois, a depender dele, a transitividade muda drasticamente. E, no caso dessa questão, o sentido nos diz que esse verbo não poderia estar sendo empregado com transitividade de forma alguma, visto que esse 'com' foi usado apenas para circunstanciar/situar.

    Repito, não se prenda ao verbo em si,mas ao seu sentido no contexto, só assim você consegue diferenciar uma preposição, exigida pela regência, de uma mera circunstância dada pelo autor.

    Espero ter ajudado. Abraços.

  • NÃO NECESSITA DE COMPLEMENTO POR SER INTRANSITIVO

    #PMBA2019

    FORÇA GUERREIROS

  • Verbo Intransitivo.

    Gab. A

     

    #CFOPM-BA 2019

    "Quando você arrumar briga no carnaval de Salvador, em 2020, eu estarei lá"

  • "Quando você estiver tomando um chocolate quente em PARIS, em 2020, eu estarei lá"

    ri ri ri ri

  • O verbo Chocar, no sentido de assustar, é VI pessoal.

    Porém, quando empregado é no sentido de "bater em algo" é VTI, regendo preposição com. (Imaginem vocês andando de boa na rua e, de repente, "dão de cara" com algo.)

    Ex.:

    O carro chocou-se com o poste. (VTI)

    O homem ficou chocado com os resultados obtidos. (VI)

    Gab.: A

  • Gostei muito Munique da sua explicação.

  • Essa questão me deixou chocado !

    E se fosse uma galinha?

    A galinha chocou o ovo.

    Não seria VTD?

    O enunciado nn deixou muito claro a que se referia.

  • O verbo é intransitivo e seguido de um adjunto adverbial. Os verbos intransitivos não demandam complementos verbais; entretanto, podem ser seguidos de adjunto, conforme o foi o verbo em tela.

    Letra A

  • Ótimo comentário da @Annalise Keating!

  • GABARITO ERRADO Verbete Atualizado   Verbete Original chocar A  A  A  A chocar1 (cho.car) v. 1. Ir de encontro; mover-se até chegar aonde está algo (objeto, corpo) e tocá-lo com força, atingi-lo com alguma energia ou violência, ger. produzindo ruído, ou algum estrago ou abalo físico, ou dor etc. [tr. + com, em : O trem descarrilou e chocou no muro: O menino chocou -se com a árvore: Dois aviões chocaram-se durante a exibição] 2. Provocar ou ter choque, abalo moral; causar ou sentir grande surpresa, ou impressão forte e inesparada, ger. de desconforto ou desagrado [td. ] [tr. + com ] 3. Restr. Causar ou sentir forte insatisfação, esp. reprovação, repulsa, aversão ou desconforto moral; ESCANDALIZAR(-SE); MELINDAR(-SE); OFENDER(-SE) [td. : algumas cenas chocaram a plateia] [tr. + com : A plateia chocou -se com algumas cenas da peça.A regência tr. é menos empregada do que a loc. ficar chocado com.] 4. Restr. Comover(-se) profunda e intensamente; causar ou sentir dor, tristeza misturados ou não a algum tipo de revolta [td. : A notícia do desastre chocou a todos] [tr. + com : O país chocou -se com as imagens do acidente.A regência tr. é pouco frequente, sendo mais comum, neste sentido, o uso da expr. ficar chocado com .] 5. Fig. Entrar em conflito, em contradição; ser incompatível [tr. + com : A proposta de lei choca -se com os princípios da democracia] [F.: choqu(e) + -ar 2. Hom./Par.: choco (fl.), choco (sm. e a.); choca(s) (fl.), choca(s) (sf.[pl.] e fem.[pl.] de choco); choque(s) (fl.), choque(s) (sm.[pl.]).] chocar2 (cho.car) 1. Cobrir (ovos) aquecendo-os com o corpo, para desenvolver-lhes o germe, até que o filhote de ave esteja pronto para nascer. [td. : A galinha está chocando os ovos] [int. : As galinhas estão chocando] 2. P.ext. Manter (ovo) aquecido artificialmente, para garantir o desenvolvimento do embrião até o nascimento (diz-se esp. de incubadora). [td. ] 3. Fig. Conceber e preparar longamente ou em segredo (plano, projeto etc.); maquinar ou preparar secretamente [td. : Ficou chocando a ideia de abrir um negócio.] 4. Bras. Fig. Esperar longamente, ger. sem sair do lugar ou sem fazer mais nada. [int. : Fiquei chocando na fila.] 5. Estragar-se, deteriorar-se, fermentar, esp. devido ao calor (diz-se de alimentos prontos para consumo) [int. : A geladeira quebrou e as comidas e bebidas ficaram chocando, no calor.] 6. Restr. Perder o gás, a efervescência (diz-se de bebida, esp. cerveja) [int. : A cerveja chocou.] 7. Pop. Chegar (o ovo) ao final do desenvolvimento do embrião, quando se quebra para o nascimento do filhote de ave [int. ] 8. Bras. N.E. Pop. Provocar ou sentir medo; fazer fugir ou fugir (de perigo ou ameaça); ACOVARDAR(-SE); AMEDRONTAR(-SE); INTIMIDAR(-SE) [td. : Suas ameaças não chocaram ninguém] [int. : O menino, assustado, chocou.] 9. Olhar para (algo ou alguém) como se o possuísse, ou com grande satisfação, prazer, cobiça [td. : Parou diante da vitrine, chocando a blusa e a calça.] [F.: choc(o) + -ar2. Par./Hom.: ver chocar1.]
  • Deus, sou eu de novo!