SóProvas


ID
2979988
Banca
CETAP
Órgão
Prefeitura de São João de Pirabas - PA
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                    Rio de Lama, Rio de Lágrimas.


      Ainda aturdida por duas imensas tragédias sem conserto para vidas e lugares atingidos, escrevo sobre uma, na Europa, que assusta o mundo e outra, no Brasil, que deveria nos assustar especialmente. Vejo em capitais brasileiras vigílias pela carnificina em Paris. São justas, não só porque qualquer cidade assim ferida merece homenagens, mas porque para muitíssimos Paris é uma cidade especial. E esse foi anunciado pelos autores como sendo apenas um primeiro golpe na tempestade. Pela extensão e sofisticação de sua capacidade destrutiva, e pelos locais de preparação antes nunca imaginados, mas que começam a ser descobertos, outros países estão na mira, pela Europa inteira. Sem falar na Olimpíada do ano próximo, no Brasil.

      Todos alertas, todos assustados, todos um tanto perplexos com essa tragédia - e outra ainda maior e mais complexa se anuncia, ou já começou: a chegada de milhões de refugiados, migrantes sofridos e necessitados, parece ser cavalo de Troia com que se movem facilmente bandos de terroristas assassinos. O que fazer, como fazer, perguntam-se os líderes dos países envolvidos. Mesmo quem recebia os migrantes com alguma boa vontade começa a rever sua postura, pensar em mudar leis, levantar muros de toda sorte: pagarão inocentes por alguns culpados. “A vida não é justa”, suspiramos.

      Mas esperei entre nós vigília e lágrimas pelo Brasil por este que é um dos maiores crimes ambientais do mundo: protesto e pranto pela morte do Rio Doce, miseravelmente envenenado e travado pela lama, que mata as águas do Doce e de seus afluentes, os peixes, os bichos, os campos cultivados, as pastagens, as plantações, as pessoas - quantas de verdade? Que providências se tomam? O que se faz para encontrá-las, além de urubus, cães e paus enfiados na lama repulsiva para ver se dali sai “odor”?

      Morrem também profissões na região, como as de agricultor e pescador: um velho pescador declara aos prantos que sua profissão não existe mais por ali. A extensão é vastíssima, quilômetros de esterilização, envenenamento, em suma, assassinato. Pois o desastre era previsível: laudos anteriores alertavam para a fragilidade das barragens, e aparentemente nada foi feito, além de negar, desviar os olhos, e de novo negar. “Nada de barulho, pois podemos ter problemas.” E os trágicos problemas chegaram: segundo Sebastião Salgado, a “cura” das águas e terras levará de vinte a trinta anos.

      O grande fotógrafo e humanista (sim) internacionalmente admirado nasceu e cresceu junto ao Doce, onde criou com sua parceira, Lélia, o maravilhoso projeto de revitalização de zonas quase mortas décadas atrás, o Instituto Terra. Agora, tudo está pior do que antes dos esforços deles. Recuperar toda aquela região, que vai de Mariana ao mar no Espírito Santo, onde certamente haverá muita contaminação, custará não apenas somas incríveis - projeto que ele já tinha proposto ao BNDES algum tempo atrás foi aprovado, mas não houve o repasse do dinheiro -, como terá de manter aceso por décadas o interesse num país de momento tão superficial, tão desinteressado, tão focado em poder, poder, e fuga à responsabilidade, ocultamento de crimes, e salvação das próprias feias peles. Não sou otimista. Até aqui só vi, como em geral neste país, promessas de planos, projetos, eternas comissões ineficientes e mornas, pouquíssima ação concreta, também nesta crise: mesmo na busca de mortos, lenta e atrasada. Ficarão emparedados na lama que, ao secar, parece cimento. Homens, mulheres, crianças, velhos, eternamente ocultos, a não ser para os corações que por eles choram. O que está fazendo o Brasil para compensar todo esse sofrimento, cada vez menos mencionado?

      Precisamos de lágrimas e vigílias pelos inocentes chacinados na França, mas de movimentos vibrantes pelo que, aqui entre nós, vem sendo lentamente assassinado, e agora foi brutalmente soterrado pelo rio de lama, de lágrimas, de pouca esperança. Vamos trabalhar, e nos manifestar, e chorar, com Sebastião Salgado.

                                                                               Fonte: Lya Luft - 25 de novembro de 2015)

Indique a opção em que a concordância verbal está correta:

Alternativas
Comentários
  • A) A população esperava socorro já faziam oito semana. -> Verbo fazer indicando tempo decorrido é impessoal.

    B) No bolso dos empresário haviam muitas moedas podres. -> Verbo haver com sentido de existir é impessoal.

    C)Os homens parece estarem doentes pela ambição. -> Correto

    D) Devem haver aqui ainda pessoas honestas. -> o verbo haver transmite sua impessoalidade na locução verbal.

    E) Todas parecem terem ficado chocado com o crime ambiental. -> ou parecem ter ou parece terem

  • Os homens parece estarem doentes pela ambição.

    Parece (oração principal), Os homens estarem doentes pela ambição(oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo).

    Parecem(auxiliar) estar (principal) uma locução verbal.

  • GABARITO: LETRA C

    → questão sorrateira.

    Os homens parece estarem doentes pela ambição. → quando o sujeito é realizado por expressões de sentido coletivo como (os homens → sociedade em geral), o verbo pode concorda com o predicativo do sujeito se este estiver no plural (doentes), ou manter-se no singular: parece estar.

    Força, guerreiros(as)!!

  • Difícil de digerir essa questão.

    Mas não podemos estagnar. Avante.

  • "O verbo concorda com o núcleo do sujeito" acabou de morrer.

    "O verbo auxiliar que flexiona" Também morreu.

  • Os homens parece estarem doentes... como pode estar certo isso? dói o olho só de ler kk

  • Para mim, particularmente, todas estão um absurdo, nem na linguagem coloquial eu falaria assim!

  • Vamos lá, segundo professor Paulo Jamilk, nos casos de concordância verbal do verbo parecer + verbos no infinitivo, podemos flexionar ou o verbo parecer para o coletivo (parecem) ou o verbo do infinitivo (nesse caso estar vira estarem)

  • Vamos lá, segundo professor Paulo Jamilk, nos casos de concordância verbal de verbo parecer + verbos no infinitivo, podemos flexionar ou o verbo parecer para o coletivo (parecem) ou o verbo do infinitivo (nesse caso estar vira estarem)

  • Igualmente poderíamos escrever "parecem estar". O verbo "parecer", quando seguido de infinitivo, pode ser flexionado (parecem estar) ou flexiona-se o auxiliar (parece estarem).

    Letra C

  • No bolso dos empresário ????

  • O verbo "parecer" admite duas formas de concordância quando empregado em uma locução verbal:

    1 - Os sujeitos parecem estar nervosos com a situação.

    2 - Os sujeitos parece estarem nervosos com a situação.

  • GAB C

    Ultimamente questões de prefeituras estão mais difíceis do que estadual e federal

  • Letra C

    PM Bahia 2019

  • Alguém poderia explicar a letra D ?

  • Oi Danilo. Pelo que sei, letra D está errada:

    O verbo haver, quando impessoal, transmite a impessoalidade ao auxiliar, no caso, transmite ao verbo Dever.

    Correto seria "Deve haver aqui ainda...." e não "Devem haver aqui ainda..."

  • alguém pode me explicar a letra E?

  • Verbo parecer + infinitivo

    Eles parecem gostar... = formal

    Eles parece gostarem... = informal

    Eles parece que gostaram... = A única forma correta.