SóProvas


ID
2979991
Banca
CETAP
Órgão
Prefeitura de São João de Pirabas - PA
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                    Rio de Lama, Rio de Lágrimas.


      Ainda aturdida por duas imensas tragédias sem conserto para vidas e lugares atingidos, escrevo sobre uma, na Europa, que assusta o mundo e outra, no Brasil, que deveria nos assustar especialmente. Vejo em capitais brasileiras vigílias pela carnificina em Paris. São justas, não só porque qualquer cidade assim ferida merece homenagens, mas porque para muitíssimos Paris é uma cidade especial. E esse foi anunciado pelos autores como sendo apenas um primeiro golpe na tempestade. Pela extensão e sofisticação de sua capacidade destrutiva, e pelos locais de preparação antes nunca imaginados, mas que começam a ser descobertos, outros países estão na mira, pela Europa inteira. Sem falar na Olimpíada do ano próximo, no Brasil.

      Todos alertas, todos assustados, todos um tanto perplexos com essa tragédia - e outra ainda maior e mais complexa se anuncia, ou já começou: a chegada de milhões de refugiados, migrantes sofridos e necessitados, parece ser cavalo de Troia com que se movem facilmente bandos de terroristas assassinos. O que fazer, como fazer, perguntam-se os líderes dos países envolvidos. Mesmo quem recebia os migrantes com alguma boa vontade começa a rever sua postura, pensar em mudar leis, levantar muros de toda sorte: pagarão inocentes por alguns culpados. “A vida não é justa”, suspiramos.

      Mas esperei entre nós vigília e lágrimas pelo Brasil por este que é um dos maiores crimes ambientais do mundo: protesto e pranto pela morte do Rio Doce, miseravelmente envenenado e travado pela lama, que mata as águas do Doce e de seus afluentes, os peixes, os bichos, os campos cultivados, as pastagens, as plantações, as pessoas - quantas de verdade? Que providências se tomam? O que se faz para encontrá-las, além de urubus, cães e paus enfiados na lama repulsiva para ver se dali sai “odor”?

      Morrem também profissões na região, como as de agricultor e pescador: um velho pescador declara aos prantos que sua profissão não existe mais por ali. A extensão é vastíssima, quilômetros de esterilização, envenenamento, em suma, assassinato. Pois o desastre era previsível: laudos anteriores alertavam para a fragilidade das barragens, e aparentemente nada foi feito, além de negar, desviar os olhos, e de novo negar. “Nada de barulho, pois podemos ter problemas.” E os trágicos problemas chegaram: segundo Sebastião Salgado, a “cura” das águas e terras levará de vinte a trinta anos.

      O grande fotógrafo e humanista (sim) internacionalmente admirado nasceu e cresceu junto ao Doce, onde criou com sua parceira, Lélia, o maravilhoso projeto de revitalização de zonas quase mortas décadas atrás, o Instituto Terra. Agora, tudo está pior do que antes dos esforços deles. Recuperar toda aquela região, que vai de Mariana ao mar no Espírito Santo, onde certamente haverá muita contaminação, custará não apenas somas incríveis - projeto que ele já tinha proposto ao BNDES algum tempo atrás foi aprovado, mas não houve o repasse do dinheiro -, como terá de manter aceso por décadas o interesse num país de momento tão superficial, tão desinteressado, tão focado em poder, poder, e fuga à responsabilidade, ocultamento de crimes, e salvação das próprias feias peles. Não sou otimista. Até aqui só vi, como em geral neste país, promessas de planos, projetos, eternas comissões ineficientes e mornas, pouquíssima ação concreta, também nesta crise: mesmo na busca de mortos, lenta e atrasada. Ficarão emparedados na lama que, ao secar, parece cimento. Homens, mulheres, crianças, velhos, eternamente ocultos, a não ser para os corações que por eles choram. O que está fazendo o Brasil para compensar todo esse sofrimento, cada vez menos mencionado?

      Precisamos de lágrimas e vigílias pelos inocentes chacinados na França, mas de movimentos vibrantes pelo que, aqui entre nós, vem sendo lentamente assassinado, e agora foi brutalmente soterrado pelo rio de lama, de lágrimas, de pouca esperança. Vamos trabalhar, e nos manifestar, e chorar, com Sebastião Salgado.

                                                                               Fonte: Lya Luft - 25 de novembro de 2015)

Assinale a opção que completa corretamente a frase:


É provável que________justificativas para o desastre, mas não _________retorno das vidas ceifadas, são muitas as formalidades a ________ cumpridas até o alívio das dores da alma chegar.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    É provável que HAJA justificativas para o desastre, mas não EXISTE retorno das vidas ceifadas, são muitas as formalidades a SEREM cumpridas até o alívio das dores da alma chegar.

    → verbo "haver" com sentido de existir é impessoal, não tendo sujeito e mantendo-se no singular.

    → verbo "existir" possui sujeito: o quê existe? Retorno das vidas ceifadas >>> núcleo do sujeito no singular.

    → o quê são cumpridas? formalidadeS sÃO cumpridas → formalidades a SEREM cumpridas.

    Força, guerreiros(as)!! ☺

  • Ser ou Serem ?

  • verbo haver com sentido de existir torna-se impessoal!! letra A

  • Serem.

    Infinitivo pessoal: por serem eles

  • Gabrito Letra A!

    É provável que HAJA justificativas para o desastre, mas não EXISTE retorno das vidas ceifadas, são muitas as formalidades a SEREM cumpridas até o alívio das dores da alma chegar.

  • GABARITO A

    O correto é SEREM, pessoal ! Formalidade a SEREM cumpridas !

    bons estudos

  • Gabarito''A''.

    Assinale a opção que completa corretamente a frase:

    É provável que haja justificativas para o desastre, mas não  existe retorno das vidas ceifadas, são muitas as formalidades a ser cumpridas até o alívio das dores da alma chegar.

    Esse verbo, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal. Isso significa que permanece na terceira pessoa do singular, pois não tem sujeito. Portanto, é errônea a flexão do verbo no plural.

    O verbo "existir" concorda normalmente com o plural. 

    Estudar é o caminho para o sucesso.

  • Haja(conjugação do verbo Haver) .

    Verbo haver com sentido de existir é impessoal(sujeito inexistente) e fica na 3° pessoa do singular.

    Vingadores, avante!

  • A flexão do infinitivo passivo é preferível e preferida quando o substantivo ou o pronome que é sujeito do infinitivo vier logo na frente da preposição:   1.Relacione as medidas a serem tomadas, por favor.   2.O editor guardou mil histórias para serem contadas. 3.As casas a serem visitadas foram apontadas pelo delegado. Há um vídeo do Rodrigo Bezerra no YouTube abordando esse tema. É um vídeo curto, mas muito útil.