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ID
2985196
Banca
FCC
Órgão
SEFAZ-BA
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

            A ciência moderna e a economia de mercado figuram entre as mais notáveis realizações humanas. A Revolução Científica do século XVII e a Revolução Industrial do século XVIII foram apenas o prelúdio do que viria em seguida - a revolução permanente dos últimos três séculos. Ciência e mercado são apostas na liberdade: liberdade balizada por padrões impessoais de argumentação e validação de teorias no primeiro caso; e por regras que fixam os marcos dentro dos quais a busca do ganho econômico por parte das pessoas é livre, no segundo. Por mais brilhantes, entretanto, que sejam suas inegáveis conquistas, é preciso ter uma visão clara do que podemos esperar que façam por nós: a ciência jamais aplacará a nossa fome de sentido, e o mercado nada nos diz sobre a ética - como usar a nossa liberdade e o que fazer de nossas vidas.

            O sistema de mercado - baseado na propriedade privada, nas trocas voluntárias e na formação de preços por meio de um processo competitivo reconhecidamente imperfeito - define um conjunto de regras de convivência na vida prática. A regra de ouro do mercado estabelece que a recompensa material dos seus participantes corresponderá ao valor monetário que os demais estiverem dispostos a atribuir ao resultado de suas atividades: a remuneração de cada um, portanto, não depende da intensidade dos seus desejos de consumo, do civismo de suas ações, do seu mérito moral ou estético. Dependerá tão somente da disposição dos consumidores em pagar, com parte do ganho do seu próprio trabalho, para ter acesso aos bens e serviços que o outro oferece. Mas o mercado não decide, em nome dos que nele atuam, os resultados finais da interação. Assim como a gramática não determina o teor das mensagens, mas apenas as regras das trocas verbais, também o mercado não estabelece de antemão o que será feito e escolhido pelos que dele participam.

(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, edição digital)

Considere as afirmações abaixo a respeito da pontuação do texto:

I. Mantendo-se a correção e o sentido original, os travessões podem ser substituídos por vírgulas em: O sistema de mercado - baseado na propriedade privada, nas trocas voluntárias e na formação de preços por meio de um processo competitivo reconhecidamente imperfeito - define...

II. Sem prejuízo da correção, uma pontuação alternativa para um segmento do texto é: A regra de ouro do mercado estabelece que, a recompensa material dos seus participantes, corresponderá ao valor monetário que os demais estiverem dispostos a atribuir, ao resultado de suas atividades.

III. Sem prejuízo da correção e da lógica, o sinal de dois-pontos pode ser substituído por “pois”, precedido de vírgula, no segmento é preciso ter uma visão clara do que podemos esperar que façam por nós: a ciência jamais aplacará a nossa fome de sentido...

IV. Uma vírgula pode ser inserida imediatamente após Assim, sem prejuízo do sentido original, em Assim como a gramática não determina o teor das mensagens...

Está correto o que se afirma APENAS em 

Alternativas
Comentários
  • I. Os travessões podem ser substituídos por vírgulas ou ainda por parênteses, pois o trecho isolado nada mais é do que um aposto:

    O sistema de mercado, baseado na propriedade privada, nas trocas voluntárias e na formação de preços por meio de um processo competitivo reconhecidamente imperfeito, define...

     

    II. A inserção das vírgulas sugeridas gerariam prejuízo à correção, pois separariam sujeitos de seus verbos e verbos de seus complementos:

    A regra de ouro do mercado estabelece que, [isso] a recompensa material dos seus participantes, [o quê?] corresponderá ao valor monetário que os demais estiverem dispostos a atribuir, [a quê?] ao resultado de suas atividades.

     

    III. A substituição do sinal de dois-pontos não geraria prejuízo à correção e nem à lógica do trecho proposto, já que se trata de orações coordenadas com sentido explicativo:

    ...é preciso ter uma visão clara do que podemos esperar que façam por nós, pois a ciência jamais aplacará a nossa fome de sentido...

     

    IV. A vírgula até poderia ser inserida já que não geraria prejuízo quanto à correção gramatical. Agora, quanto ao sentido original...

    Assim como a gramática não determina o teor das mensagens... [comparação]

    Assim, como a gramática não determina o teor das mensagens...  [conclusão + causa]

     

  • I C, a substituição dos travessões por virgulas não ocasiona erro na escritura da frase.

    II E (...) mercado estabelece ( isso ) ->

    III C, " pois " antes do verbo tem valor explicativo, e esses dois pontos introduzem uma oração explicativa.

    IV E normalmente a inserção e/ou a retirada de uma virgula ocorre mudança de sentindo na oração, isso claro se ela estiver sendo usada corretamente.

  • A IV se o caboclo não voltar e ler o contexto erra mesmo!!!!

  • Em relação à alternativa I, há bancas que poderiam considerar essa alternativa errada. Visualmente, fica prejudicada a leitura do texto, mas não há incorreção.

  • Peguei o comentário de um colega do QC que ajuda a resolver a questão:

    Sempre que após dois pontos vier uma explicação do que fora dito anteriormente, será perfeitamente possível substituir pelas conjunções explicativas porque, pois ou porquanto.

    ex: Foi demitido após dois meses de admissão: faltava muito. (observem que faltava muito é explicação pq ele foi demitido)

  • Quando fazem questões sem ''pitadas de psicopatia'', essa matéria se torna algo até legal de estudar. Assim, medem conhecimento sem dar um ''golpe baixo'' em quem realmente estuda, e não acerta apenas no chute!

    Quanto a l : Não houve alteração de sentido nem de correção...cuidados com esses dois termos!

    Abraços e até a posse!