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ID
2988070
Banca
Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ
Órgão
Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ
Ano
2012
Provas
Disciplina
História
Assuntos

“A história do garfo, da lavagem da roupa, das formas de fazer amor (que podem dar origem a belos estudos) pode ser tão comezinha e tão pouco história – embora enfeite com ouropéis que dão uma certa cor local – como a história das batalhas, dos congressos diplomáticos e dos debates parlamentares, tal como a descreveu uma certa historiografia, que desejaríamos completamente ultrapassada”.

[Le GOFF, J. A História do Cotidiano. In: DUBY, G, et alii. História e Nova História. Porto: Teorema, s/d., 92]


Reconhecendo a existência de diferentes formas de se produzir e escrever o conhecimento histórico, é possível afirmar que o autor faz crítica e gostaria de ver ultrapassada a concepção:

Alternativas
Comentários
  • Nesta questão, analisando o trecho apresentado, o candidato deve indicar a alternativa que apresenta a concepção criticada pelo autor, reconhecendo a existência de diferentes formas de se produzir e escrever o conhecimento histórico. 
    De acordo com o positivismo, que pode ser entendido como uma filosofia ao serviço das ciências da natureza, a história nada mais é do que uma sucessão de acontecimentos que pode ser demarcada em períodos determinados por padrões universais. O ideal positivista tem como ambição identificar uma lei geral para a história: no caso, a dependência do desenvolvimento de todas as sociedades em relação a três fatores fundamentais: o “meio ambiente", a “raça" (hereditariedade), e o “momento histórico". Se apoia na crença de que a história é uma ciência pura, que fala por si só. Dessa forma, a historiografia positivista pretende fazer o registro completo e inequívoco da história. Para isso, fundamenta seus estudos em documentos de natureza oficial, dando preferência aos registros escritos emitidos e/ou certificados por alguma autoridade. Essa autoridade pode ser político-administrativa (governantes ou órgãos estatais) ou intelectual (pessoas ou instituições reconhecidas pelo Estado ou pela sociedade civil). Ela também limita seu objeto de estudo aos grandes acontecimentos e grandes personagens históricos. O saber histórico, dessa forma, provém do que os fatos apresentam, e assume um valor tal qual uma lei da Física ou da Química, ciência exatas. Tão objetiva é a História para os positivistas que um de seus maiores ensinamentos é a busca incessante de fatos históricos e sua comprovação empírica. De modo geral, a historiografia positivista não se preocupa em fazer uma crítica das fontes históricas e das pesquisas já publicadas. Seu interesse maior está em fazer uma narrativa cronologicamente linear dos eventos, demonstrando que o presente nada mais é do que o resultado da evolução histórica do passado. O historiador positivista acredita que seu trabalho é relatar a verdade de maneira imparcial e desinteressada, de acordo com a crença da objetividade e neutralidade científica. Assim, aceita os fatos históricos sem os submeter a crítica, o que lhe atribui um papel passivo. Portanto, um tema que já tenha sido estudado e sobre o qual não existam outros documentos oficiais não precisaria ser revisitado. Pode-se dizer que existem três grandes problemas na historiografia positivista. O primeiro é supor que imparcialidade é possível e que a narrativa histórica contida nos documentos oficiais é verdadeira. O segundo é acreditar que exista uma evolução histórica das civilizações e que elas possam ser classificadas hierarquicamente. Finalmente, por se basear sempre em documentação oficial, a historiografia positivista vem sendo usada por grupos interessados em evitar que a ordem vigente seja questionada. Assim, os historiadores positivistas pensam na história como essencialmente uma narrativa dos acontecimentos, enquanto novas correntes da história estão mais preocupadas com a análise das estruturas, e voltam sua atenção para analisar as mais diversas fontes, sendo elas histórias do tempo presente e/ou histórias de um passado mais distante, cruzando-as e pluralizando-as. Não há, dessa forma, uma única forma de enxergar e escrever a história, cada olhar possível valorizará aspectos explicativos diferentes para entender o passado de acordo com as teorias, as metodologias, as ideologias e os conceitos construídos e aplicados nas pesquisas, não havendo, assim, uma verdade absoluta no discurso histórico. 
    Portanto, o autor critica a concepção positivista. 
    Gabarito do Professor: Letra C.
  • positivista.

  • Leta D: arts. 81, III c/c 78, parágrafo 1°, CP.

  • Gabarito C