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ID
299839
Banca
FCC
Órgão
TRT - 14ª Região (RO e AC)
Ano
2011
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Meios e fins

O crítico José Onofre disse uma vez que a frase “não se
faz uma omelete sem quebrar ovos” é muito repetida por gente
que não gosta de omelete, gosta do barulhinho dos ovos sendo
quebrados. Extrema esquerda e extrema direita se parecem não
porque amam seus ideais, mas porque amam os extremos, têm
o gosto pelo crec-crec.
A metáfora da omelete é “o fim justifica os meios”, em
linguagem de cozinha. O fim justificaria todos os meios extre-
mos de catequização e purificação, já que o fim é uma humani-
dade melhor – só variando de extremo para extremo o conceito
de “melhor”.
Todos os fins são nobres para quem os justifica, seja
uma sociedade sem descrentes, sem classes ou sem raças
impuras. O próprio sacrifício de ovos pelo sacrifício de ovos tem
uma genealogia respeitável, a ideia de regeneração (dos outros)
pelo sofrimento e pelo sangue acompanha a humanidade desde
as primeiras cavernas. Ou seja, até os sádicos têm bons
argumentos. Mas o fim das ideologias teria decretado o fim do
horror terapêutico, do mito da salvação pela purgação que o
século passado estatizou e transformou no seu mito mais
destrutivo.
O fracasso do comunismo na prática acabou com a des-
culpa, racional ou irracional, para o stalinismo. O tempo não
redimiu o horror, o fim foi só a última condenação dos meios.

(Adaptado de: Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro)


Para o crítico José Onofre, muitos dos que repetem a frase “não se faz uma omelete sem quebrar ovos” querem, com ela,

Alternativas
Comentários
  • LETRA B.

    A resposta encontra-se logo no início do texto: "O crítico José Onofre disse uma vez que a frase “não se faz uma omelete sem quebrar ovos” é muito repetida por gente que não gosta de omelete, gosta do barulhinho dos ovos sendo quebrados."

    Depreende-se, então, que o objetivo final (no caso, o omelete), nem é almejado; o que se quer mesmo é ver os ovos quebrando. Ovos quebrando, no caso, são o símbolo da violência.
  • Pessoal, gostaria de alertá-los que a banca FCC, em sua grande parte, pede a visão do autor do texto. Sei que muitas pessoas devem ter interpretado o texto de acordo com sua própria leitura. Não obstante podermos interpretar a frase no sentido de que o omelete justificaria qualquer atitude, é preciso se atentar pelo fato do enunciado pedir exclusivamente a visão do autor, seja ela contrária a sua ou não.

    De resto, os comentários da Ana resolvem a questão.
  • Concordo com o comentário da Ana. Foi a conclusão a que cheguei.

    As alternativas que apresentam dúvidas são b, c e e. As três assertivas supõe que a violência é necessária (ou para se chegar ao fim desejado, ou por puro prazer); entretanto, a letra b difere da c e e por demonstrar indiferença quanto ao fim pretendido (puro prazer de quebrar os ovos).
    Ora, se a omelete é o fim almejado, e os que repetem essa metáfora não gostam de omelete (fim), mas tão somente de presenciarem os ovos quebrando (meio para se fazer a omelete), chega-se à conclusão de que a letra b é a correta, pois independe dos objetivos finais.