"Atualmente, na sociedade, destacam-se 3 visões dos possíveis efeitos da nova cultura civilizacional sobre o campo da comunicação. São elas:
*A conectividade da rede de comunicação impacta sobre o modelo de gestão das próprias empresas tradicionais de comunicação. Estas passaram a ser administradas conforme os paradigmas de empresas privadas tradicionais, tais como centralização das decisões; expansão dos investimentos; desenvolvimento de tecnologias digitais; acordos, fusões e parcerias; concorrência intensa.
*Os novos modelos de gestão apontam para a expansão dos programas de entretenimento e o predomínio da linguagem do espetáculo, impactando da seguinte forma sobre a organização de mídia: independência editorial diminuída; crise do jornalismo investigativo; expansão do sensacionalismo; e enfraquecimento das produções regionais.
*Projetos de inclusão digital não oferecem claras possibilidades de as pessoas serem produtoras de conteúdos na rede. Trata-se de mais um agravo à fratura social. Nesse sentido, é uma ilusão a sensação de que, na internet, todos são autores, produtores de conteúdo. A maioria das pessoas não têm o que dizer. Haverá sempre a separação autor-leitor.
*O webjornalismo reforça o discurso dos grandes grupos televisivos e a base espacial das grandes cadeias noticiosas. Privilegia os já privilegiados.
*A comunicação globalizada acarreta o hibridismo e a morte do cidadão iluminista.
*Nessa visão, a sociedade banha-se em novos conceitos, a partir da vitória da economia de mercado e da liberdade para os fluxos comerciais. As palavras-chave dessa nova era de prosperidade são lucratividade, eficiência, avanço tecnológico e mercados consumidores.
*Com isso, observa-se ampliação e consolidação da democratização da informação.
- Visão de Jesus Martin-Barbero
A perspectiva aqui assume contornos ainda mais trágicos que a visão apocalíptica, segundo a qual a opulência comunicacional se insere no território da devastação social. Ela provoca:
*desigualdade social;
*concentração de renda;
*deterioração da cena política;
*estiolamento de princípios ideológicos.
(TORQUATO, Comunicação nas organizações, Pg.146 e 147)