SóProvas


ID
3023485
Banca
SELECON
Órgão
Prefeitura de Cuiabá - MT
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                             A longa história das notícias falsas


      A primeira vítima da guerra é a verdade, afirma um velho ditado jornalístico. Embora o mais correto fosse dizer que a verdade é vítima recorrente em qualquer sociedade organizada, porque a mentira política é uma arte tão velha quanto a civilização. A verdade é um conceito fugidio na metafísica e mutante nas ciências - uma nova descoberta pode anular o que se dava como certo -, mas no dia a dia o assunto é bem diferente: há coisas que aconteceram, e outras que não; mas os fatos, reais ou inventados, influenciam a nossa percepção e opinião.

      Desde a Antiguidade, verdade e mentira se misturaram muitíssimas vezes, e essas realidades falsas influenciaram nosso presente. Chegados a este ponto, convém fazer uma distinção entre notícias falsas e propaganda: ambas crescem e se multiplicam no mesmo ecossistema, mas não são exatamente iguais. A propaganda procura convencer, ser eficaz, e para isso pode recorrer a todo tipo de instrumento, da arte e do cinema aos pasquins e redes sociais. As notícias falsas, um dos ramos da propaganda, são diferentes: procuram enganar, criar outra realidade. A preocupação com a perpetuação desses equívocos e com os mecanismos que os criam e multiplicam não é nova: Reflexões de um historiador sobre as notícias falsas da guerra é o título de um pequeno e influente ensaio que Marc Bloch publicou originalmente... em 1921.

       Esse historiador, assassinado pelos nazistas em 1944, foi um dos mais influentes do século XX. “As notícias falsas mobilizaram as massas. As notícias falsas, em todas as suas formas, encheram a vida da humanidade. Como nascem? De que elementos extraem sua substância? Como se propagam e crescem?”, escreve Bloch, para afirmar um pouco mais adiante: “Um erro só se propaga e se amplifica, só ganha vida com uma condição: encontrar um caldo de cultivo favorável na sociedade onde se expande. Nele, de forma inconsciente, os homens expressam seus preconceitos, seus ódios, seus temores, todas as suas emoções”. Em outras palavras, as notícias falsas necessitam de gente que queira acreditar nelas.

      O século XX e o que j á vivemos do XXI são a era das mentiras em massa. Três dos grandes conflitos em que os Estados Unidos se meteram neste período começaram com invenções: a guerra de Cuba (1898), com a manipulação dos j ornais; a guerra do Vietnã (1955-1975), com o incidente do golfo de Tonkin, e a invasão do Iraque de 2003, com as inexistentes armas de destruição em massa de Saddam Hussein.

      Ao mesmo tempo em que surgiam os jornais de circulação maciça, nascia também um certo ceticismo em relação a eles. Era como se alguns se empenhassem em demonstrar que a verdade estava em outro lugar. Essa desconfiança se prolonga até nossos dias, com aqueles que acreditam erroneamente que a imprensa conta mentiras, e que as redes sociais oferecem verdades. Com o telégrafo, chegou a possibilidade de enviar rapidamente histórias através de longas distâncias; com o linotipo foi possível imprimir maciçamente; e com os novos meios de transporte essas publicações puderam ser distribuídas em numerosos lugares. Mas nesse mesmo momento, no final do século XIX, surgiu a desconfiança quanto àquilo que contavam, a mesma que nutre agora os que procuram essa outra verdade no Facebook. que para alguns é a única janela para o mundo. É muito significativa, nesse sentido, uma cena de Um Estudo em Vermelho, o primeiro romance de Sherlock Holmes, publicado em 1887, em que o detetive e Watson repassam os diferentes jornais - The Daily Telegraph, Daily News, Standard - e todos contam uma versão falsa do crime que estão investigando, impulsionada por motivos políticos: uns culpam os europeus, outros os estrangeiros, ou os liberais. Nenhum cita uma pista confiável.

Guilhermo Altares (Adaptado de: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/06/08/ cultura/1528467298 389944.html)

“Chegados a este ponto, convém fazer uma distinção entre notícias falsas e propaganda”. A oração sublinhada possui função de:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    → “Chegados a este ponto, convém fazer uma distinção entre notícias falsas e propaganda

    → PERGUNTANDO AO VERBO: o que convém (ISSO), ISSO convém ↔ em destaque temos um sujeito oracional (possui um verbo → oração subordinada substantiva subjetiva).

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☻

  • O que convém?  "Fazer uma distinção entre notícias falsas e propaganda convém"

  • 1ª tem que ver se a oração principal tem sujeito, se não tiver, é uma oração subordinada substantiva subjetiva, então o sujeito está na segunda oração.

  • Para quem tiver dificuldade com verbos unipessoais recomendo a aula da professora Izabel aqui do qconcursos mesmo. https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/materiais-de-apoio/sintaxe-concordancia-verbal-parte-1-134

    e leitura https://materiais.portuguescompestana.com.br/sujeito-oracional-so-leia/

  • Gabarito: a)

    Oração Subordinada Substantiva Subjetiva

    Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal:

    1- Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo:

    É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É claro - Está evidente - Está comprovado

    Por Exemplo: É bom que você compareça à minha festa.

    2- Expressões na voz passiva, como:

    Sabe-se - Soube-se - Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anunciado - Ficou provado

    Por Exemplo: Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.

    3- Verbos como:

    convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer - acontecer

    Por Exemplo: Convém que não se atrase na entrevista.

    Obs.: quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pessoa do singular.

    Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint31.php

  • " Isso" convém.

  • Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

  • Pesssoal, não ensinem macetes que não funcionam 100%, esse negócio de colcoar ISSO é ultrapassado.

    O negócio é levar a frase para forma direta

    fazer uma distinção entre notícias falsas e propaganda convém

    Sujeito

  • Convir: verbo intransitivo, portanto a resposta não pode ser objeto direto ou indireto.

  • Dúvida

    Qual a função do "Chegados a este ponto"

  • “Chegados a este ponto", oração principal

    "convém fazer uma distinção entre notícias falsas e propaganda” Oração Subordinada Substantiva Subjetiva

    A 2ª oração está subordinada à primeira.

  • oração subordinada substantiva subjetiva

    tem que lembrar que a oração subordinada faz papel de sujeito.

  • isso convém

    #Rumoa2020!

  • Gabarito: A

    Oração subordinada substantiva subjetiva: exerce a função de sujeito.

    Exemplos: foi importante, é necessário, é preciso, foi anunciado...

  • Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo.

  • Meu Deus!! Que assunto mais díficil essa tal de Oração Subordinadas Substantivadas... Só Deus na causa

  • a ideia é colocar o ISSO após a vírgula, no caso: isso convém. Faz sentido, então é uma O.S.S. Subjetiva

  • Se não conter sujeito, só vai....... Oração Subordinada Substantiva Subjetiva!

  • Oração subordinada substantiva subjetiva

    Verbos ( parecer, convir, suceder, acontecer, ocorrer, importar, urgir..) + que/se .

    EX: Convém que todos estudem com frequência.

    o que convém ? isso convém ( que todos estudem ...)

  • O que convém?

  • Oq é que convém?? ISTO.

  • Pesssoal, não ensinem macetes que não funcionam 100%, esse negócio de colcoar ISSO é ultrapassado.

    O negócio é levar a frase para forma direta

    fazer uma distinção entre notícias falsas e propaganda convém

    Sujeito

  • Nesta questão é necessário estar atento. Para solucioná-la, uma simples compreensão acerca da transitividade dos verbos basta. O verbo em epigrafe, qual seja “convém”, é intransitivo, logo, a oração que vem em seguida não poderá ser objeto direto ou indireto. Não há que se pensar na possibilidade de a referida oração ser um adjunto adverbial, uma vez que não traz ideia circunstancial. Portanto o que resta é a opção “sujeito”. Sujeito porque ao se fazer a seguinte pergunta ao verbo: “o que convém?” a resposta será inevitavelmente esta: “convém isso. Convém fazer uma distinção...” Esmiuçando a alternativa e indo mais fundo, é possível observar que se trata de uma oração subordinada substantiva subjetiva.