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ID
3032737
Banca
UFRR
Órgão
UFRR
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                    TEXTO I

                                A VERDADE SOBRE O NIÓBIO


Nossas reservas do minério valem mais que o pré-sal. Mas isso não significa grande coisa. Entenda.

Parece mágica. Você joga um punhadinho de nióbio, apenas 100 gramas, no meio de uma tonelada de aço - e a liga se torna muito mais forte e maleável. Carros, pontes, turbinas de avião, aparelhos de ressonância magnética, mísseis, marcapassos, usinas nucleares, sensores de sondas espaciais... praticamente tudo o que é eletrônico, ou leva aço, fica melhor com um pouco de nióbio. Os foguetes da empresa americana SpaceX, os mais avançados do mundo, levam nióbio. O LHC, maior acelerador de partículas do planeta, e o D-Wave, primeiro computador quântico, também. Todo mundo quer nióbio - e quase todas as reservas mundiais desse metal, 98,2%, estão no Brasil. Nós temos o equivalente a 842 milhões de toneladas de nióbio, que valem inacreditáveis US$ 22 trilhões: o dobro do PIB da China, ou duas vezes todo o petróleo do pré-sal. Por isso, há quem diga que o nióbio pode ser a salvação do Brasil, a chave para o País se desenvolver e virar uma potência global. Mas de que forma o nióbio é explorado hoje em dia, e quem ganha com ele?

É verdade, como se ouve por aí, que estamos exportando nossas reservas a preço de banana? E, se esse metal vale tanto, por que há tão pouca informação sobre ele? Há muitas lendas a respeito do nióbio. A mais importante: ele é, de fato, um elemento estratégico e raro. Mas não se trata de uma fonte inesgotável de riqueza.

A filha de Tântalo

O nióbio foi descoberto em 1801 pelo cientista britânico Charles Hatchett, que o batizou de columbium, em referência ao local de onde a amostra tinha vindo - Connecticut, nos Estados Unidos, numa época em que os poetas ingleses se referiam ao país como Columbia. Anos depois, o nióbio foi confundido com o tantálio pelo químico inglês William Hyde: ele afirmou que os dois elementos eram idênticos. Foi só em 1846 que outro químico, o alemão Heinrich Rose, comprovou que eram coisas diferentes. Quando a confusão foi desfeita, os americanos continuaram chamando o elemento de columbium, mas os europeus adotaram o nome nióbio: referência a Níobe, figura da mitologia grega, filha de Tântalo (uma piadinha com o antigo debate nióbio versus tantálio).

No final do século 19, o nióbio começou a ser usado nos filamentos de lâmpadas, até descobrirem que o tungstênio é mais resistente. A partir dos anos 1930, começaram a surgir pesquisas indicando que misturar nióbio com ferro era uma boa ideia. Mas, para usá-lo em escala industrial, era preciso encontrar uma boa quantidade desse metal. Na década de 1960, foi descoberta a primeira grande reserva do planeta: em Araxá, a 360 km de Belo Horizonte. Em 1965, o almirante americano Arthur W. Radford, integrante do conselho da mineradora Molycorp, convidou o banqueiro brasileiro Walther Moreira Salles para montar uma empresa de extração e refino do nióbio. A Molycorp tinha acabado de comprar algumas minas em Araxá. O brasileiro topou, e nasceu a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM).

Como em 1965 o metal ainda não tinha utilidade comprovada, o governo militar deixou passar batido - e permitiu que a CBMM, junto com os americanos, explorasse o nióbio à vontade. Aos poucos, Salles foi comprando a parte dos americanos, o que os militares viram com bons olhos. Na década seguinte, a CBMM virou controladora mundial de um mercado que nem sequer existia. Não existia, mas passou a existir: nos anos 1970, a empresa descobriu dezenas de utilidades para o nióbio - que hoje é um dos principais negócios da família Moreira Salles (também dona do banco Itaú).

A CBMM não vende o minério bruto, e sim uma liga chamada ferronióbio, que contém 2/3 de nióbio e 1/3 de ferro. Além desse produto, seu carro-chefe, ela também comercializa dez outras formulações à base de nióbio. A empresa tem 1.800 funcionários e lucra R$ 1,7 bilhão por ano. Em 2011, vendeu 30% de suas ações para um grupo de empresas asiáticas, mas com restrições: os brasileiros mantiveram o controle da empresa, e não cederam nenhuma informação técnica sobre o processamento do nióbio - um segredo industrial que tem 15 etapas e foi inventado pela empresa dos Moreira Salles. "Ele envolve mineração, homogeneização, concentração, remoção de enxofre, remoção de fósforo e chumbo, metalurgia, britagem e embalagem", explica Eduardo Ribeiro, presidente da CBMM. "Para produzir o nióbio metálico, por exemplo, é necessário realizar uma última etapa em um forno de fusão por feixe de elétrons, que atinge temperaturas superiores a 2.500 oC", diz.

Além da CBMM, há outra empresa explorando nióbio no País: a Anglo American Brazil, que opera em Catalão, Goiás. Também há nióbio na Amazônia, mas ele ainda não começou a ser minerado. Só o que temos em Minas Gerais e Goiás já é suficiente para abastecer toda a demanda mundial pelos próximos 200 anos. Os maiores compradores são China, EUA e Japão, que pagam em média US$ 26 mil pela tonelada de nióbio (esse valor é uma estimativa, pois o metal não é vendido em bolsas de commodities; o preço é negociado caso a caso, direto com cada comprador). Há quem diga que esse valor é muito baixo - o ouro, por exemplo, é comercializado a US$ 40 mil o quilo. Se o nióbio é tão útil, e o Brasil controla quase todas as reservas, não poderia cobrar mais caro? O governo brasileiro não deveria exigir royalties sobre a venda? E por que apenas 10% das tubulações de aço do planeta usam nosso produto? Há respostas para tudo isso.

Nada é perfeito

A primeira delas: o nióbio é substituível. Vanádio e titânio cumprem basicamente a mesma função. O vanádio é encontrado na África do Sul, na Rússia e na China. O titânio está presente na África do Sul, na Índia, no Canadá, na Nova Zelândia, na Austrália, na Ucrânia, no Japão e na China. Esses países preferem explorar suas próprias reservas a depender de um mineral que é praticamente exclusivo de uma nação só - o Brasil. Em alguns casos, também é possível trocar o nióbio por tungstênio, tântalo ou molibdênio. "Não há mercado para mais nióbio", afirma o economista Rui Fernandes Pereira Júnior, especialista em recursos minerais.

Outra questão é que é preciso pouco nióbio para que ele faça sua mágica. "As reservas brasileiras são suficientes para abastecer o mundo por séculos. Mas aquelas existentes em outras regiões do planeta, como o Canadá [que, como a Austrália, também possui nióbio], também são", diz Roberto Galery, professor do departamento de Engenharia de Minas da UFMG. Quer dizer: não adianta aumentar muito o preço do nióbio, pois os compradores tenderão a optar por outros metais, nem tentar acelerar demais a exportação (pois aí haverá excesso de oferta de nióbio, fazendo o valor desse metal despencar).

Há outra questão: o Brasil só exporta o nióbio em si. Não fabrica produtos derivados dele. "Ninguém está disposto a pagar uma fortuna pelo nióbio, porque nós não conseguimos dar valor agregado a ele", diz o professor Leandro Tessler, do Instituto de Física da Unicamp. "Nós repetimos nosso velho ciclo: vendemos matéria-prima e compramos produtos prontos. Vendemos nióbio e compramos fios de tomógrafos, por exemplo." É um caso parecido com o do silício. Nós temos as maiores reservas de areia do planeta (e é da areia que o silício é extraído), mas só exportamos silício com 99,5% de pureza, menos que os 99,99999% exigidos pela indústria eletrônica.

E os royalties? O Brasil cobra pouco, mas cobra. O Estado fica com 2% do valor das exportações de nióbio - bem menos do que a Austrália, que exige 10%. Nós poderíamos impor royalties mais altos (com o petróleo, por exemplo, eles ficam entre 5% e 10%). Mas não há sinais de que isso vá ser feito. O Marco Regulatório da Mineração, que está tramitando no Congresso desde junho, não traz nenhuma regra específica para o nióbio.

Depois de crescer 10% ao ano na década passada, o mercado mundial de nióbio está estável. A demanda é de 100 mil toneladas anuais, 90% fornecidas pelo Brasil. De todos os 55 minérios que o Brasil exporta, o nióbio é o único em que somos líderes globais. Ele é o nosso terceiro metal mais exportado em valor financeiro (atrás do minério de ferro e do ouro, e empatado com o cobre na terceira posição).

"O surgimento de novas tecnologias pode levar ao aumento do mercado de nióbio", diz Marcelo Ribeiro Tunes, diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Afinal, o consumo mundial cresceu cem vezes desde a década de 1960, e é provável que a tecnologia continue a dar saltos (e encontrar novos usos para o nióbio) no futuro. Mas, se quisermos explorar todo o valor dessa riqueza natural, precisamos aprender o que fazer com ela - e começar a fabricar produtos mais sofisticados. "O Brasil deveria desenvolver a tecnologia desse material na medicina, nos transportes, na engenharia", afirma Rui Fernandes Pereira Júnior. Do contrário, vamos continuar à mercê dos compradores estrangeiros. Como sempre estivemos desde que, no comecinho do século 16, navegadores portugueses descobriram a primeira de nossas commodities: uma madeira chamada pau-brasil.

(Texto de Tiago Cordeiro e Bruno Garattoniaccess. Extraído de https://super.abril.com.br/ciencia/a-verdade-sobre-o-niobio/)

A exemplo da acentuação da palavra "nióbio", identifique a opção em que há outra palavra que segue a mesma regra de acentuação de acordo com a norma culta da língua portuguesa.

Alternativas
Comentários
  • Só pra complementar o comentário do colega Arthur:

    REGRA: Acentua-se as paroxítonas terminadas em ditongo.

    EXCEÇÃO: NÃO se acentua as paroxítonas terminadas em ditongo aberto: éi, éu e ói.

    Exemplos: assembleia, boia, colmeia, Coreia, estreia, heroico, ideia, jiboia, joia, paranoia, plateia, etc.

    Essa exceção é importante, uma vez que as oxítonas terminadas em ditongo aberto serão acentuadas:

    éi (s): anéis, fiéis, papéis

    éu (s): troféu, céus

    ói (s): herói, constrói, caubóis

    FIXANDO - DITONGO ABERTO (ÉI, ÉU e ÓI)

    OXÍTONA: ACENTUA-SE

    PAROXÍTONA: NÃO SE ACENTUA.

  • O nióbio e acentuado por ser uma paroxítona terminada em ditongo crescente e a alternativa C tem o molibdênio que se enquadra na mesma regra. Ele não entra na regra de hiato, somente I e U.

  • Análise bem fundamentada pelo nosso colega Artur Carvalho e só discordo em uma palavra na análise dele.

    D) " Há respostas para tudo isso. Nada é perfeito. A primeira delas: o nióbio é substituível." → temos em substituível : um hiato acentuado(quando ocorre um hiato e a segunda letra for um i ou u -->subs-ti-tu-í-vel e não uma paraxítona terminada em -l.

    Digo isso, pois me confundi ao marcar a letra D) por achar que nióbio seria um hiato acentuável e não é. Na verdade é uma paroxítona terminada em ditongo, bem posto pelo nosso colega Artur Carvalho.

  • CHOQUE DE MONSTRO ESSA QUESTÃO.

  • Paroxítona terminada em ditongo crescente oral e quando a sílaba anterior acentua.

  • A justificativa é porque a palavra molibnio é uma paroxítona terminada em ditongo (io), igualmente a palavra nióbio

    Separação silábica: ni-ó-bio

    Mas, não é correto dizer que só existe hiato com as vogais I e U.

    Veja mais alguns exemplos de hiato:

    sde – sa-ú-de

    oceano – o-ce-a-no

    cooperar – co-o-pe-rar

    b – ba-ú

    coelho – co-e-lho

    cme – ci-ú-me

    piada – pi-a-da

  • não entendi nada

  • NIÓBIO ------> NI-Ó-BIO (Paroxítona terminada em Ditongo) - NÃO é regra do hiato.

    A regra do hiato é só para acentuar o I/U tônicos (e não "O"), isolados ou acompanhados de "S", sem possuir "NH" na sílaba seguinte.

    ------------------

    A) " (...) é provável que a tecnologia continue a dar saltos (...)"

    PRO-VÁ-VEL (Paroxítona terminada em "L" - lembrar das consoantes de RouXiNoL)

    --------

    B) "Além da CBMM, há outra empresa explorando nióbio no País (...)"

    A-LÉM (Oxítona terminada em EM/ENS)

    --------

    C) "Em alguns casos, também é possível trocar o nióbio por tungstênio, tântalo ou molibdênio."

    TUNGS-TÊ-NIO (Paroxítona terminada em Ditongo)

    TÂN-TA-LO (Proparoxítona)

    MOLIB-DÊ-NIO (Paroxítona terminada em Ditongo)

    --------

    D) " Há respostas para tudo isso. Nada é perfeito. A primeira delas: o nióbio é substituível."

    SUBS-TI-TU-Í-VEL (regra do hiato: vogal I formando hiato com vogal anterior, isolada na sílaba, e não possui "NH" na sílaba seguinte)

    --------

    E) "Se o nióbio é tão útil, e o Brasil controla quase todas as reservas, não poderia cobrar mais caro?"

    Ú-TIL (Paroxítona terminada em "L" - lembrar das consoantes de RouXiNoL)

    --------

    QUESTÃO BOA PARA USAR COMO REVISÃO!

  • Fui pensando que era regra do hiato. Me ferrei!

  • De acordo com a Nova Ortografia, a regra de acentuação da palavra Nióbio é a das Proparoxítonas Aparentes.

     "BASE XI – Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas

    [...]

    b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam na sílaba tónica/tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal aberta, e que terminam por seqüências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas praticamente consideradas como ditongos crescentes (-ea, -eo, -ia, -ie, -io,-oa, -ua, -uo, etc.): álea, náusea; etéreo, níveo; enciclopédia, glória; barbárie, série; lírio, prélio; mágoa, nódoa; exígua, língua; exíguo, vácuo. "

    Fonte: Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa;

    https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/508145/000997415.pdf?sequence=1

    C) "Em alguns casos, também é possível trocar o nióbio (proparoxítona aparente) por tungstênio (proparoxítona aparente), tântalo (proparoxítona) ou molibdênio (proparoxítona aparente)."

    Alternativa correta porque todas as palavras são proparoxítonas (ou proparoxítonas aparentes), pois agora se tornou uma regra só.

  • As paroxítonas são palavras que tem acento tônico na penúltima sílaba.

    Regra: Acentuam-se as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes: ea(s), oa(s), eo(s), ua(s), ia(s), ue(s), ie(s), uo(s), io(s).

    Moda ⇒ Paroxítona

    Camiseta ⇒ Paroxítona

    Relatório ⇒ Paroxítona

    Letra C.

  • Níobio= Dr. Enéas!

  • Questão porca em que o examinador pede pra encontrar outra paroxítona terminada em ditongo, mas coloca outros tipos de acentuação em todas as alternativas. As palavras deveriam estar destacadas. O erro é da banca ou do site?

  • Já que citaram a regra do hiato não esqueça:

    Hiato após ditongo = sem acentuação!

    Fei-u-ra.

    baiuca

    feiura

    boiuna

    cauila

    maoismo

    maoista

    Sucesso, Bons estudos, Nãodesista!

  • NI-Ó-BIO não seria um HIATO?

    E na letra B, PA-ÍS não temos outro HIATO?

    Não entendi.