SóProvas


ID
3042442
Banca
IBADE
Órgão
Câmara de Vilhena - RO
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                         A TRISTEZA PERMITIDA


      Se eu disser pra você que acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora, e o céu convidava para a farra de viver. Mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que normalmente faço, sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair para compras e reuniões — se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem para sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?

      Você vai dizer “te anima" e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer para eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro da nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido. Depressão é coisa muito mais séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou com si mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente — as razões têm essa mania de serem discretas.


                       “Eu não sei o que meu corpo abriga

                        nestas noites quentes de verão

                        e não importa que mil raios partam

                        qualquer sentido vago de razão

                        eu ando tão down...”


Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim", sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar o seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinicius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.

Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor— até que venha a próxima, normais que somos.

                                                                                                     Martha Medeiros

Na frase “A tristeza não deve ser PROSCRITA da alma, porque faz parte da realidade íntima do ser.”, a palavra destacada remete ao par de parônimos proscrito/prescrito. As opções abaixo apresentam pares de parônimos, EXCETO:

Alternativas
Comentários
  • Alguém sabe se foi anulada?

  • Foi transcrita de forma errônea,

    Apenas a letra B apresenta um par de homônimos, palavras de igual pronúncia mas de diferente significado

    As outras alternativas são parônimos, a letra A, caso eu me recorde corretamente é Vultoso e Vultuoso.

  • Pelo que eu saiba parônimos são palavras parecidas na pronúncia e com significados diferentes. Não há necessidade de pronúncia idêntica.

  • Gab.: B

    Parônimos são palavras que apresentam significados diferentes, mas que são pronunciadas da forma parecida. Exemplos:

    vultoso/vultuoso

    diferir/deferir

    flagrante/fragrante

    dispensa/despensa

    A letra B espiar/expiar são pronunciadas da mesma forma, portanto, não são parônimos

    Observação: O QC errou na letra A, na prova a alternativa está escrita vultoso/vultuoso.

  • vultoso (que faz grande volume; avultado, volumoso) / vultuoso (pessoa que está com a face e os lábios vermelhos e inchados, com os olhos salientes)

    diferir (distinguir, divergir) / deferir (atender)

    flagrante (evidente) / fragrante (perfumado)

    dispensa (ato de dispensar) /despensa (local onde se guardam mantimentos)

  • Foco nos Homofonos!

  • HOMONÍMIA: Trata de palavras iguais na pronúncia ou na grafia, mas com significados diferentes, ou seja, homônimos. Veja:

    -São Jorge já foi cantado por muitas artistas.

    -Os alunos daqui são estudiosos.

    Existem três tipos de vocábulos homônimos: homófonos, homográfos e perfeitos.

    1) Homófonos: apresentam pronúncia igual e grafia diferente.

    ex: Acender (iluminar, pôr fogo em) / Ascender (subir, elevar).

    2) Homógrafos: apresentam grafia igual e pronúncia diferente.

    ex: Almoço (timbre fechado = refeição) / Almoço ( timbre aberto = forma do verbo almoçar).

    3) PERFEITOS: apresentam grafia e pronúncia iguais.

    ex: Casa (lar, moradia) / Casa ( forma do verbo casar)

    PARONÍMIA : trata, normalmente de pares de palavras parecidas tanto na grafia quanto na pronúncia, mas com sentidos diferentes. Veja:

    ex: Aferir (conferir) / Auferir (colher, obter)

    Emigrar (sair de um país) / Imigrar ( entrar em um país).

    -No caso da questão, trata-se de um HOMÓFONOS = pronúncia IGUAL e GRAFIA diferentes.

  • Não foi anulada Daniel

    Segue o gab B

  • nem sabia o que era expiar kkkkkkk credo

  • espiar / expiar são homônimos > pronuncia igual e significados diferentes

    as outras são parônimos

  • GABARITO: B

    Todas as palavras apresentam som e grafia parecidos (parônimos), exceto a alternativa B (som igual, grafia parecida - homófonas).

    Não pare até que tenha terminado aquilo que começou. - Baltasar Gracián.

    -Tu não pode desistir.

  • Errei por não ler o Exceto!

    Fica a dica: antes de marcar o gabarito releia a questão e a alternativa!

  • Gabarito: B

  • GABARITO B

    Espiar/Expiar - HOMÔNIMOS HOMÓFONOS.

  • Concordo com o Concurseiro anônimo.

  • Dica:

    Homônimo -> grafia ou pronuncia IGUAL, ou ambas (homônimo perfeito).

    Parônimo -> Pronuncia SEMELHANTE, mas nunca igual, nem na grafia nem na pronuncia!

    Bons estudos.

    "Tudo tem sua hora certa nem antes nem depois!"

    Fé.

  • espiar/expiar> São homônimos homófonos

    Palavras homófonas: som igual, escrita diferente, significado diferente.

    Palavras homógrafas: som diferente, escrita igual, significado diferente.

    Palavras homônimas perfeitas: som igual, escrita igual, significado diferente.

  • espiar (olhar secretamente) / expiar (sofrer, padecer)