SóProvas


ID
3043084
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de São José do Rio Preto - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                         Pais e filhos: tão perto, tão longe

                                                                                                        Valdeli Vieira


      A sociedade contemporânea se assenta, segundo vários pensadores das ciências humanas, por uma polaridade: de um lado o excesso, de outro a falta. No entanto, há muitos anos a psicanálise nos ensina: todo excesso esconde uma falta. Vivemos um momento sócio-histórico de excessos de trabalho, compromissos, desejos, expectativas e estímulos que atingem indistintamente crianças, adolescentes e adultos.

      Vivemos ocupados, com agendas cheias de cursos, reuniões, compromissos e atividades extracurriculares. Não há tempo a perder e nunca antes tivemos tanto a sensação de estarmos correndo em busca do tempo perdido. A excelência de desempenho acompanha a todos na escola, no trabalho, nos demais ambientes em que estamos inseridos. Estamos conectados permanentemente e devemos estar disponíveis todo o tempo.

      Esse ambiente de estimulação e exigências constantes, no qual às vezes damos conta das demandas que nos são impostas por nós mesmos ou pelo outro, e outras vezes não, tem uma única consequência a todos: a exaustão.

      Exaustos, ao chegarmos a casa, só queremos ficar mergulhados no nosso mundo, para de certa forma termos (ainda que na nossa fantasia) uma compensação pelas frustrações enfrentadas ao longo do dia. E é nesse ponto que começamos a nos distanciar do nosso parceiro e dos nossos filhos, porque passamos a nos tornar indisponíveis ao outro.

      Educar filhos, formá-los, é tarefa para a vida inteira e exige disposição, tempo, vitalidade e dedicação, e o fato é que, embora na teoria estejamos todos comprometidos com isso, na prática nem sempre estamos dispostos. Terceirizamos essas tarefas para professores, psicólogos, avós e babás. E, quando não temos essas pessoas à disposição, silenciamos as crianças dando-lhes a possibilidade de passar horas diante de alguma telinha: se antes era a televisão, hoje vemos crianças em idades cada vez mais precoces com um Ipad na mão. Não queremos ser perturbados no nosso mundo, no nosso silêncio e, sem percebermos, vamos criando abismos nas nossas relações.

(Valdeli Vieira Pais e filhos: tão perto, tão longe (adaptado) REVISTA E: https://www.sescsp.org.br/online/artigo/13291_PAISEFILHOS. Acesso 10.06.2019)

É correto afirmar que no trecho – E é nesse ponto que começamos a nos distanciar do nosso parceiro e dos nossos filhos, porque passamos a nos tornar indisponíveis ao outro. – , a autora expressa

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    →   Exaustos, ao chegarmos a casa, só queremos ficar mergulhados no nosso mundo, para de certa forma termos (ainda que na nossa fantasia) uma compensação pelas frustrações enfrentadas ao longo do dia. E é nesse ponto que começamos a nos distanciar do nosso parceiro e dos nossos filhos, porque passamos a nos tornar indisponíveis ao outro.

    → é expresso pela autora um valor de contradição, insatisfação ao que ocorre, ao modo como as relações, atualmente, são estabelecidas.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Assentimento = acordo, aceitação

  • Onde há uma "contrariedade" considerando o trecho em destaque?! Ao meu ver, o trecho descreve de maneira bem impessoal e objetiva o que ocorre com a pessoa que chega exausta depois de um dia de trabalho. Não vi nenhum juízo de valor da autora aí não, nenhum tipo expresso de contrariedade. Ela não expressa nada de insatisfação aí.

    Parece-me que a VUNESP deu FGVada nessa questão aí...

    Edit:

    Entendo que, com uma análise do texto, podemos considerar que ela tem algum sentimento de desaprovação relacionado ao modo como nos relacionamos hoje em dia. Volto, mais uma vez, a frisar o comando da questão. O comando pede a análise do TRECHO! Quantas vezes vocês já não fizeram prova e viram questões do tipo "... a reescrita está em conformidade com a ideia do texto e norma-culta em...". Quando a questão pede uma análise do texto, assim o faz de forma expressa, da mesma forma que deveria fazê-lo nesse caso. Entendo que o gabarito não está errado, mas para considerar o gabarito como certo, aí eu considero que o comando da questão deve ser outro.

  • Errei por não saber o que era assentimento.

  • Gabarito B

    ...Exaustos, ao chegarmos a casa, só queremos ficar mergulhados no nosso mundo, para de certa forma termos (ainda que na nossa fantasia) uma compensação pelas frustrações enfrentadas ao longo do dia. E é nesse ponto que começamos a nos distanciar do nosso parceiro e dos nossos filhos, porque passamos a nos tornar indisponíveis ao outro.

    a autora expressa:Veja que a autora demonstra um sentindo de insatisfação, de que a situação devia ser diferente-CONTRARIA.

    Esse tipo de questão pede uma interpretação mais completa, ler um trecho maior do texto "mais do que a banca propõe" para melhorar a compreensão.

    Dicio:

    A - assentimento=ação ou efeito de assentir; assenso, concordância, anuência.

    B - contrariedade=estado de coisas reciprocamente contrárias. dificuldade, estorvo, entrave.

    C - complacência= disposição habitual para corresponder aos desejos ou gostos de outrem com a intenção de ser-lhe agradável.

    D - desconfiança=disposição de espírito que leva as pessoas a não fiar nos outros; falta de confiança.

    E - intransigência=falta de transigência; intolerância.

  • A questão pede para analisar O TRECHO, em momento algum pede para analisar o trecho NO CONTEXTO.

    Logo, não há contrariedade alguma.

    Discordo do gabarito.

  • Não sabia o que era assentimento e também analisei apenas o trecho apresentado, acreditava que estaria indo mt além se olhasse o contexto de que existe uma contradição pelo falo que que há total dedicação ao trabalho e indisponibilidade nos relacionamentos familiares, mas acho que mesmo dando a resposta certa seria pelo motivo errado kkkkk difiícil

  • Lucas, não há nada de errado com a questão...

    A contrariedade está no fato de que, por um lado estamos sempre "conectados" e "dísponíveis", pelo menos em tese, para compromissos e trabalho "Estamos conectados permanentemente e devemos estar disponíveis todo o tempo.", por outro lado essa rotina de excesso de compromissos ocasiona a indisponibilidade para nossos parentes e filhos (Não queremos ser perturbados no nosso mundo, no nosso silêncio e, sem percebermos, vamos criando abismos nas nossas relações.)

  • Lucas, o que vc descreveu não é contrariedade, indignação. É contradição!

  • Essa questão exige que o candidato analise um trecho específico e o compare com as opções que se seguem. É importante, dentro de uma questão em que é cobrada a interpretação de um texto, que procuremos justificativas no discurso da autora, para que possamos escolher a opção correta para essa situação.

    De acordo com o enunciado da questão, devemos procurar uma palavra que resuma o sentido desse trecho:


    "– E é nesse ponto que começamos a nos distanciar do nosso parceiro e dos nossos filhos, porque passamos a nos tornar indisponíveis ao outro."


    Tomando essas informações como base, vamos para a análise de cada opção:

    Letra A: INCORRETA. Assentir significa confirmar, concordar. No texto da opção, a autora expressa "assentimento em relação à postura afetiva que estabelecemos com nossos familiares mais próximos, atualmente.". Essa opção está incorreta, ela não concorda com a postura afetiva, tanto que aponta uma consequência negativa disso, logo ao final do texto: " vamos criando abismos nas nossas relações.".


    Letra B: CORRETA. Nessa opção, "contrariedade quanto ao modo como estabelecemos relações familiares na contemporaneidade", podemos inferir que há uma contrariedade, uma concordância com os tios de relações que estabelecemos. Perceba que no trecho selecionado, a indisponibilidade cria barreiras para uma relação afetiva, portanto, sendo é uma consequência negativa, pois não concretiza o objetivo: a própria relação familiar.


    Letra C: INCORRETA. Nessa opção, "complacência quanto às atividades profissionais de excelência exercidas pelos pais de crianças e adolescentes.", ser complacente é aceitar alguma situação sem mover-se para modificá-la. A autora não aceita o comportamento dos pais, principalmente não aceita a justificativa de que o distanciamento é para a excelência no trabalho. Segundo a autora, essa escolha é prejudicial, ela gera distância e exaustão. Por isso, essa opção está incorreta.


    Letra D: INCORRETA. Segundo a opção, "desconfiança em relação aos profissionais da educação e aos parentes próximos.", a desconfiança é o oposto do que está sendo proferido pelo texto. Ao contrário, os pais preferem confiar os filhos a outros profissionais, sob a desculpa da falta de tempo, como descrito no trecho "Terceirizamos essas tarefas para professores, psicólogos, avós e babás.". Por isso essa opção está incorreta.


    Letra E:
    INCORRETA. Nessa opção, "intransigência quanto ao excesso de atividades exercidas na sociedade contemporânea", intransigente significa ser pouco diplomático, não querer negociar com o outro. A autora nesse ponto não é intransigente, ela não aponta que isso deva ser rechaçado, entretanto, como justificativa, aponta as consequências desses atos, como em "às vezes damos conta das demandas que nos são impostas por nós mesmos ou pelo outro, e outras vezes não, tem uma única consequência a todos: a exaustão.". Por isso esta opção está incorreta.


    Gabarito do professor: Letra B.