SóProvas


ID
3044563
Banca
FCC
Órgão
TRF - 4ª REGIÃO
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

        O poeta, quanto mais individual, mais universal, pois o homem, qualquer que seja o meio e a época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano. Embora, eu que o diga, seja tão difícil ser assim autêntico. Às vezes assalta-me o terror de que todos os meus poemas sejam apócrifos.

       Se estas linhas estão te aborrecendo é porque és poeta mesmo. Modéstia à parte, as digressões sobre poesia sempre me causaram tédio e perplexidade. A culpa é tua, que me pediste conselho e me colocas na insustentável situação em que me vejo quando alunos dos colégios vêm (por inocência ou maldade dos professores) fazer pesquisas com perguntas assim: “O que é poesia? Por que se tornou poeta?”. A poesia é destas coisas que a gente faz mas não diz.

      Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma repentina imagem que me ocorre nas ocasiões mais insólitas. A esta imagem respondem outras (em vez de associações de ideias, associações de imagens; creio ter sido esta a verdadeira conquista da poesia moderna). Não lhes oponho trancas nem barreiras. Vai tudo para o papel. Guardo o papel, até que um dia o releio, já esquecido de tudo. Vem logo o trabalho de corte, pois noto o que estava demais. Coisas que pareciam bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema), tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema.

      Um poema tanto mais belo é quanto mais parecido for com um cavalo. Por não ter nada de mais nem nada de menos é que o cavalo é o mais belo ser da criação. Como vês, para isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira. O desfecho é sempre incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos dezessete anos.

(Adaptado de: QUINTANA, Mario. “Carta”. Melhores poemas. São Paulo: Global Editora, 2005, edição digital) 

Está correta a redação do seguinte comentário:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    A) Coloca o poeta em situação inconveniente aqueles alunos à cujas perguntas não há respostas precisas. → crase inadequada, visto que nem um termo exigiu a preposição.

    B) Atribui-se à um poeta, a noção, por vezes falsa, na qual saberá dizer de onde surge inspiração. → já temos o artigo indefinido "um", logo não há artigo definido "a" para que se forme a crase, o correto seria: a um poeta.

    C) Em ocasiões imprevisíveis costuma ocorrer ao poeta de modo repentino, imagens a serem transformadas em poemas. → imagens COSTUMAM OCORRER, vírgula separando o sujeito do verbo também está inadequada.

    D) A criação de um poema demanda uma luta permanente, cujo desfecho é sempre incerto. → CORRETO.

    E) A certo poeta, quando das intermináveis digressões sobre poesia, sempre adviram tédio e espanto. → o correto é ADVIERAM.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • CUIDADO! Todos os comentários das alternativas são válidos, uma vez que as alternativas não estão inferindo nada, estão comentando.

    A questão pede para identificarmos aquela alternativa que foi redigida corretamente.

    A) Está errada. Crase indevida.

    B) Está errada. Crase indevida.

    C) Está errada. "Costumam ocorrer", e não "costuma ocorrer". As imagens costumam ocorrer ao poeta...

    D) Correta.

    E) Está errada. "Advieram" e não "adviram" (não existe).

  • Pensei que o "cujo" tinha que vir entre dois substantivos e que, por esse motivo, não poderia haver vírgula antes dele.

    Alguém pode me ajudar aqui?

  • GABARITO: LETRA D

    A respeito da vírgula antes da palavra cujo: ela pode ser usada quando a oração relativa tiver função de APOSTO.

    CUJO: 6 MANDAMENTOS PRA NUNCA MAIS ERRAR!!

    1- SEMPRE entre 2 substantivos - Eis o homem cujo filho foi aprovado

    2- CONCORDA com o substantivo SEGUINTE - Eis o homem cujA filhA foi aprovada

    3- Ideia de POSSE - filho do homem --> Eis o homem cujo filho foi aprovado --> Ler de trás pra frente

    4- NÃO PODE VIR SEGUIDO DE ARTIGO - Eis o homem cujo filho foi aprovado (cujo o filho foi aprovado está errado!!!)

    5- PODE vir ANTECEDIDO de PREPOSIÇÃO: Eis o homem DE CUJO filho falei (quem fala, fala de alguém, o "de" é pedido pela regência do verbo falar)

    6- NÃO PODE SER SUBSTITUÍDO POR OUTRO RELATIVO (Eis o homem que o filho falei está ERRADO!!!)

    Jesus: meu único Senhor e Salvador!

  • Cibelli Geller, a vírgula está aí pq separa orações.

  • Cibeli,

    Em: A criação de um poema demanda uma luta permanente, cujo desfecho é sempre incerto.

    Cujo está se referindo a dois substantivos: desfecho e luta.

    Nesse caso: O desfecho DA luta (ideia de posse) - Uso OK

    Outra coisa, como é um pronome, a vírgula de nada impede a retomada ou relacionamento entre termos, a exemplo:

    Maria deu um presente para João, o qual se sentiu satisfeito.

  • Sobre a "b": Em ocasiões imprevisíveis costuma ocorrer ao poeta de modo repentino, imagens a serem transformadas em poemas.

    Alguém poderia me explicar melhor sobre a vírgula após repentino, por favor?

  • m maran,

    A vírgula está sendo utilizada indevidamente. Nessa frase, a vírgula seria utilizada para intercalar um adjunto adverbial longo (mais de 3 palavras), portanto é obrigatório o uso das duas vírgulas. Se fosse um adjunto adverbial curto (ou seja, até duas palavras) a vírgula serial facultativa, porém se colocasse uma, seria obrigatório colocar a outra.

    Em ocasiões imprevisíveis costuma ocorrer ao poeta, de modo repentino, imagens a serem transformadas em poemas. - CERTO

    Em ocasiões imprevisíveis costuma ocorrer ao poeta, repentinamente, imagens a serem transformadas em poemas. - CERTO

    Em ocasiões imprevisíveis costuma ocorrer ao poeta repentinamente imagens a serem transformadas em poemas. - CERTO

    Em ocasiões imprevisíveis costuma ocorrer ao poeta repentinamente, imagens a serem transformadas em poemas. - ERRADO

  • m maram

    Se trata de um adjunto adverbial de modo, neste caso, para que aquela vírgula esteja correta deveria haver outra após 'poeta'.

    Em ocasiões imprevisíveis costuma ocorrer ao poeta, de modo repentino, imagens a serem transformadas em poemas.

  • Muito bom @Antonio Amaral. Excelentes comentários, poupou-me algumas "tecladas" hehehe, valeu!

  • Galerinha,a despeito da letra C por qual razão não poderia ser reescrita assim:

    Em ocasiões imprevisìveis,costumam ocorrer ao profeta,de modo repentino, imagens a serem transformadas em poemas.

    Caso possam ajudar, agradeço :)!

  • Na letra D não seria ocaso de separação indevida por vírgula já que se trata de um único sujeito?

    Help!

  • Esse Adivieram arrebentou-me kkkkkkkkkkkkkk

    Aprendi mais uma kkkk

  • acredito que outro erro não mencionado pelos colegas em relação à alternativa A, se deve ao uso da forma colocar no singular quando o mesmo deveria vir no plural visto que se remete à alunos. Assim, alunos... COLOCAM o poeta...

  • Advieram...pqp é cada palavra

  • Estou iniciando meus estudos em Português agora, mas acredito que a letra D está correta porque separa duas orações, não é verdade?

  • Alternativa está errado devido o A estar acraseado

    Antes ou depois do cujo não há artigo. Antes do cujo pode haver A, mas esse A é uma preposição e não um artigo. Ou seja, à [a+a] antes ou depois do cujo jamais.

    À CUJO JAMAIS

  • Sobre a (b). Atribui-se à um poeta, a noção, por vezes falsa, na qual saberá dizer de onde surge inspiração.

    Além da crase com erro, acredito que a vírgula após poeta também esteja errada. A noção é sujeito e é ela quem está sendo atribuída a um poeta. Não poderia vir separada por vírgula, muito embora esteja na ordem inversa.

  • Ninguém falou sobre, mas na letra A o àquele deveria estar craseado, pois inconveniente a algo
  • Não, Rodrigo. "aqueles alunos" é o sujeito. O termo "inconveniente" refere-se ao poeta. Na ordem direta ficaria assim:

    Aqueles alunos, cujas perguntas não há respostas precisas, colocam o poeta em situação inconveniente.

    Se houver algum erro, podem, gentilmente, corrigir.

    Bons estudos a todos!