SóProvas


ID
3045838
Banca
CETAP
Órgão
Prefeitura de Ourém - PA
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            A Trump o que é de César.


      Há algumas semanas, um sujeito muito parecido com Donald Trump levou 33 punhaladas no meio do Central Park, em Nova York. O sangue era cênico e os punhais eram falsos, mas o furor causado pela encenação nada teve de figurativo. Entre 23 de maio e 18 de junho, milhares de pessoas enfrentaram filas para assistir ao assassinato, enquanto outras tantas campeavam a internet denunciando a peça como apologia do terror politico. Nada mau, repare-se, para um texto que anda entre nós há mais de 400 anos: o espetáculo em questão é uma montagem de Júlio César, peça escrita por William Shakespeare em 1599. Nessa adaptação, dirigida por Oskar Eustin, o personagem-título tinha uma cabeleireira desbotada e usava terno azul, com gravata vermelha mais comprida que o aconselhável; sua esposa, Calpúrnia, falava com reconhecível sotaque eslavo. Um sósia presidencial encharcado de sangue é visão que não poderia passar incólume em um país que já teve quatro presidentes assassinados: após as primeiras sessões, patrocinadores cancelaram seu apoio, fãs do presidente interromperam a peça aos gritos, e e-mails de ódio choveram sobre companhias teatrais que nada tinham a ver com o assunto - exceto pelo fato de carregarem a palavra "Shakespeare” no nome.

      Trocar togas por ternos não é ideia nova. Orson Welles fez isso em 1973, no Mercury Theater de Nova York; nessa célebre montagem, o ditador romano ganhou ares de Mussolini e foi esfaqueado pelo próprio Welles, que interpretava Brutus. Nas décadas seguintes, outras figuras modernas emprestaram trajes e trejeitos ao personagem: entre elas, Charles de Gaulle, Fidel Castro e Nicolae Ceausescu. Atualizações como essas expandem, mas não esgotam, o texto de Shakespeare - é muito difícil determinar, pela leitura da peça, se a intenção do bardo era louvar, condenar ou apenas retratar, com imparcialidade, os feitos sanguinolentos dos Idos de Março. Por conta dessa neutralidade filosófica, a tarefa de identificar o protagonista da peça é famosamente complicada: há quem prefira Brutus; há que escolha Marco Antônio ou até o velho Júlio.

      O texto, como bom texto, não corrobora nem refuta: ele nos observa. Tragédias não são panfletos, e obras que se exaurem em mensagens inequívocas dificilmente continuarão a causar deleite e fúria quatro séculos após terem sido escritas. Em certo sentido, a boa literatura é uma combinação bem-sucedida de exatidão e ambiguidade: se os versos de Shakespeare ainda causam tamanho alvoroço, é porque desencadeiam interpretações inesgotáveis e, às vezes, contraditórias, compelindo o sucessivo universo humano a se espelhar em suas linhas. Ao adaptar a grande literatura do passado ao nosso tempo, também nós nos adaptamos a ela: procuramos formas de comunicar o misterioso entusiasmo que essas obras nos causam e projetamos o mundo, como o vemos em suas páginas.

      Não, Shakespeare não precisa ter terno e gravata para ser atual - mas se o figurino cai bem, por que não vesti-lo?

     (Fonte: BOTELHO, José Francisco. Revista VEJA. Data: 18 de julho de 2017)

"(...) e projetamos o mundo, como o vemos em suas páginas”, sobre o fragmento só não se pode afirmar:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    → queremos a alternativa INCORRETA:

    → "(...) e projetamos o mundo, como o vemos em suas páginas”,

    → O "como" é uma conjunção subordinativa CONFORMATIVA, para ter certeza, substituímos por: SEGUNDO, CONFORME: conforme/segundo o vemos (expressa uma conformidade em relação ao modo como o vemos).

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Marque a incorreta:

    a) que há índice de comprometimento do emissor. A frase está na 1ª pessoa do plural, o autor se inclui na afirmação, ou seja, se compromete com o que diz.

    b) que a colocação do pronome em próclise é obrigatória. a próclise é obrigatória com verbos antecedidos por advérbios ou expressões adverbiais

    c) que o "como” é conjunção comparativa. gabarito (errado) como no texto foi considerada conformativa.

    d) que a vírgula é opcional nessa estrutura. Com as orações adverbiais, a vírgula também é facultativa. Vale, no entanto, destacar que o uso desse sinal de pontuação pode ter a função de dar ênfase à ideia.

    e) que o “o” é anafórico de mundo. O termo anafórico retoma um termo anterior, total ou parcialmente, de modo que, para compreendê-lo dependemos do termo antecedente.

  • Gab: C

    "(...) e projetamos o mundo, como o vemos em suas páginas”

    A) CORRETO - que há índice de comprometimento do emissor >> Há um "nós" como sujeito eliptico na frase em questão, de forma que subtende-se que o autor se inclui no afirmação;

    B) CORRETO - que a colocação do pronome em próclise é obrigatória >>

    C) INCORRETO - que o "como” é conjunção comparativa >> Trata-se de uma conjunção conformativa;

    D) CORRETO - que a vírgula é opcional nessa estrutura >> Estrutura adverbial deslocada;

    E) que o “o” é anafórico de mundo. >> Como o vermos > como vemos o mundo > anáfora retoma um termo citado anteriormente, ou seja, o "o" é pronome relativo.

  • Gabarito C

    projetamos o mundo como(conforme)

    basta trocar por conforme que podemos ver que é uma conjunção conformativa

  • Forma REDUZIDA 

    a) SEM conjunção 

    b)Verbo expresso em infinitivo,gerúndio ou particípio 

    c) Sem pronome relativo

    Formas DESENVOLVIDA 

    a)Iniciada por conjunção integrante 

    b)Verbo flexionado 

    c)iniciada por pronome relativo 

  • Por mais simples que pareça, o enunciado deixa minha cabeça confusa.

  • INCORRETA !!! INCORRETA !!! INCORRETA !!! INCORRETA !!! INCORRETA !!! INCORRETA !!! INCORRETA !!! INCORRETA !!! INCORRETA !!! INCORRETA !!! INCORRETA !!! INCORRETA !!! INCORRETA !!! INCORRETA !!!

  • e projetamos o mundo, CONFORME o vemos em suas páginas”