Questão 3046570

• Banca: FCC
• Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Federal
• Ano: 2018
• Provas: FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal - Consultor Técnico Legislativo - Analista de Sistemas Área 3
• Disciplina: Português
• Assuntos: Coesão e coerência; Interpretação de Textos

O tempo nos nossos tempos

    O espaço e o tempo são categorias básicas da existência humana. E, no entanto, raramente discutimos o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso comum ou autoevidentes. Registramos a passagem do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única escala temporal objetiva. Embora o tempo na física seja um conceito difícil e objeto de contendas, não costumamos deixar que isso interfira no nosso sentido comum do tempo, em torno do qual organizamos nossa rotina diária. Reconhecemos, é verdade, que os nossos processos e percepções mentais podem nos pregar peças, fazer segundos parecerem anos-luz ou horas agradáveis passarem com tanta rapidez que mal nos damos conta. Também podemos reconhecer o fato de diferentes sociedades (ou mesmo diferentes subgrupos) cultivarem sentidos de tempo bem distintos. 

    Na sociedade moderna, muitos sentidos distintos de tempo se entrecruzam. Os movimentos cíclicos e repetitivos (do café da manhã e da ida ao trabalho a rituais sazonais como festas populares e aberturas de temporadas esportivas) oferecem sensação de segurança num mundo em que o impulso geral do progresso parece ser sempre para frente e para o alto – na direção do firmamento do desconhecido.

    Quando o sentido do tempo como progresso é ameaçado pela depressão ou pela recessão, pela guerra ou pelo caos social, podemos nos reassegurar (em parte) com a ideia do tempo cíclico como um fenômeno natural a que devemos forçosamente nos adaptar ou recorrer a uma imagem ainda mais forte de alguma propensão universal estável, como contraponto perpétuo do progresso. E, em momentos de desespero ou de exaltação, quem entre nós consegue impedir-se de invocar o tempo do destino, do mito, dos deuses?

(HARVEY, David. Condição pós-moderna. Trad. Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 1993, p. 187-188) 

Está clara, coesa e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

• A. Constam entre as características da modernidade a facilidade com que admitimos que os fatos sejam sempre progressivos, conquanto estimulantes.
• B. Basta estarmos submetidos à paixões, que se usa variar, sem que notemos as percepções que alimentamos em relação à passagem do tempo.
• C. Não nos parece de todo mal sentir o fenômeno da diversidade do tempo, segundo hajam variantes em nossas emoções e estados mentais.
• D. Confiamos que os ritos festivos sirvam para expressar nosso desejo para que a repetição do tempo propiscie o conforto psicológico dos hábitos.
• E. Não há quem já não tenha experimentado, vez ou outra, a força com que em cada estado emocional se impõe uma distinta percepção do tempo.

Gabarito: E

Comentários

• A. Constam entre as características da modernidade a facilidade com que admitimos que os fatos sejam sempre progressivos, conquanto estimulantes. O VERBO DEVERIA ESTAR NO SINGULAR.

  B. Basta estarmos submetidos à paixões, que se usa variar, sem que notemos as percepções que alimentamos em relação à passagem do tempo. CRASE PROIBIDA DIANTE DE PALAVRAS COM SENTIDO INDEFINIDO.

  C. Não nos parece de todo mal sentir o fenômeno da diversidade do tempo, segundo hajam variantes em nossas emoções e estados mentais. VERBO HAVER COM SENTIDO DE EXISTIR, OCORRER OU ACONTECER É IMPESSOAL , PORTANTO FICA NO SINGULAR.

  D. Confiamos que os ritos festivos sirvam para expressar nosso desejo para que a repetição do tempo propiscie o conforto psicológico dos hábitos. A PALAVRA ESTÁ ESCRITA ERRADA O CORRETO É PROPICIE SEM R DEPOIS DO I.

  GABARITO. E

• GABARITO: LETRA E

  A) Constam entre as características da modernidade a facilidade com que admitimos que os fatos sejam sempre progressivos, conquanto estimulantes. → sujeito simples no singular, o verbo fica no singular: A FACILIDADE CONSTA.

  B) Basta estarmos submetidos à paixões, que se usa variar, sem que notemos as percepções que alimentamos em relação à passagem do tempo. → submetidos a alguma coisa (preposição), o uso do artigo "a" para formar a crase está inadequado pois a palavra está no plural, o correto: às paixões.

  C) Não nos parece de todo mal sentir o fenômeno da diversidade do tempo, segundo hajam variantes em nossas emoções e estados mentais. → "haver" com sentido de existir, sendo impessoal, o correto é: HAJA VARIANTES.

  D) Confiamos que os ritos festivos sirvam para expressar nosso desejo para que a repetição do tempo propiscie o conforto psicológico dos hábitos. → palavra escrita incorretamente, o correto é: PROPICIE.

  E) Não há quem já não tenha experimentado, vez ou outra, a força com que em cada estado emocional se impõe uma distinta percepção do tempo. → CORRETA.

  FORÇA, GUERREIROS(AS)!! AVANTE NA LUTA!

• Dúvida: Em cada estado emocional na Letra E não deveria estar entre vírgulas?

• Outro erro da alternativa D é a ausência da preposição "em" que o verbo "confiar" exige no sentido em que foi empregado - sentido de "acreditar em".

  E foi por esse motivo, na verdade, que eliminei a alternativa como errada. Não cheguei a reparar no erro de "propiscie".

• Uma dica quanto ao verbo haver e a possibilidade ou não de flexionar.

  Regra geral: NÃO flexiona (no sentido de existir), ok.

  Mas em algumas hipóteses excepcionais pode ocorrer a flexão.

  Exemplos:

  Em locução verbal, quando o verbo haver funcionar como verbo auxiliar.

  Ex: Eles haviam comentado sobre a questão

  Outras hipóteses:

  Quando o verbo haver tiver o sentido de "obter", "considerar" ou "lidar"

  Ex: Nós havemos 2 mil reais em arrecadação. (Nós obtivemos)

• GABARITO (E).

  FCC é assim que tem vim na ALAP.

  Não há quem já não tenha experimentado, vez ou outra, a força com que em cada estado emocional se impõe uma distinta percepção do tempo.