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ID
3066994
Banca
FCC
Órgão
Prefeitura de Manaus - AM
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

         O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe imigrantes de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim. Apesar da imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro período republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável, passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de degeneração racial. Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em 1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. [...]
        O imigrante ideal, para as autoridades brasileiras daquele tempo, era branco e católico. De preferência, com experiência em agricultura e disposto a se fixar nas zonas rurais. Braços para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o intuito de “melhorar a raça”. [...]. A preferência por imigrantes católicos seguia a premissa de que seriam de assimilação fácil e não ameaçariam a composição cultural da jovem nação. Aqueles no poder queriam que o brasileiro continuasse do jeitinho que era, só que mais branco. Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Essa política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia. Ela é o pano de fundo ideológico para o crescimento da cidade de São Paulo, onde a porcentagem de italianos ficou acima de 30% entre as décadas de 1890 e 1910, período em que a população aumentou quase dez vezes.
         Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo, circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros, a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.
         O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual. Seus defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea em termos de religião. [...] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.
(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, nº 27, pp. 45 e 47, 2018) 

Segmentos do texto receberam redação alternativa. A que − estando clara e correta, segundo a norma-padrão da língua − não prejudica o sentido original é:

Alternativas
Comentários
  • Nesse tipo de questão, devemos procurar ou um erro gramatical crasso, ou uma mudança brusca de sentido, aí eliminamos a alternativa e seguimos:

    a) Apesar da imigração maciça […], sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável… / Ainda que tenha havido imigração maciça […], sempre ocorreram debates sobre que traços fundamentais deveria um imigrante exibir para que fosse considerado o tipo mais desejável.

    Esse é nosso gabarito. “Apesar da” e “Ainda que” são conectivos concessivos e podem ser substituídos, levando em conta a adaptação no verbo, que foi feita corretamente na alternativa. “Houve” e “ocorreram” são sinônimos, apenas a concordância foi ajustada, porque “Haver” é impessoal e “Ocorrer” não é…

    b) Braços para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o intuito de “melhorar a raça”. Se dizia que era “Braços para a lavoura” e uma injeção de material genético selecionado com a intensão de “melhorar a raça”.

    A grafia correta é “intenção”, bastava isso para eliminar o item.

    c) Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Em concordância com as teorias eugênicas então em vigor, havia a crença que o sangue europeu, comprovadamente mais forte, chegaria a vencer o sangue africano e ameríndio, eliminados que seriam fatalmente.

    Há vários problemas: “tido como mais forte” dá ideia de uma opinião— considerado mais forte; já “comprovadamente mais forte” traz o fato como verdade absoluta. Além disso, faltou a preposição obrigatória na oração completiva nominal: “crença DE que o sangue europeu…”; por fim, “paulatinamente” é gradativamente, não é sinônimo de “fatalmente”.

    d) O segundo, circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por trabalhadores no Brasil se esgotasse. O segundo foi fruto de uma circunstância: o Brasil teve necessidade de trabalhadores e a Europa secara a fonte de imigrantes. 

    “foi secando” é diferente de “secara”; o primeiro traz ideia progressiva; o segundo, ideia de fato já concluído num passado anterior a outro.

    e) Seus descendentes tornaram-se brasileiros, a despeito de muito preconceito e até perseguição. / Seus descendentes converteram-se em brasileiros, despertando muito preconceito, incluído até a perseguição.

    “a despeito de” tem sentido de concessão, sem qualquer relação com “despertar”; pronto, vamos para a próxima.

    Fonte: Estratégia Concursos - Felipe lucas

  • GABARITO: LETRA A

    A) Apesar da imigração maciça [...], sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável... / Ainda que tenha havido imigração maciça [...], sempre ocorreram debates sobre que traços fundamentais deveria um imigrante exibir para que fosse considerado o tipo mais desejável. → ambos termos em destaque são conjunções subordinativas concessivas, os trechos mantêm o sentido sem qualquer alteração.

    B) Braços para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o intuito de “melhorar a raça”. Se dizia que era “Braços para a lavoura” e uma injeção de material genético selecionado com a intensão de “melhorar a raça”. → o correto seria "intenção".

    C) Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Em concordância com as teorias eugênicas então em vigor, havia a crença que o sangue europeu, comprovadamente mais forte, chegaria a vencer o sangue africano e ameríndio, eliminados que seriam fatalmente. → quem tem crença, tem crença DE alguma coisa: crença DE que...

    D) O segundo, circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por trabalhadores no Brasil se esgotasse. O segundo foi fruto de uma circunstância: o Brasil teve necessidade de trabalhadores e a Europa secara a fonte de imigrantes. → temos correlações verbais diferentes, ocasionando erro.

    E) Seus descendentes tornaram-se brasileiros, a despeito de muito preconceito e até perseguição. / Seus descendentes converteram-se em brasileiros, despertando muito preconceito, incluído até a perseguição. → sentido completamente diferente.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Mais um erro da letra B:  "de era o que se dizia" para "se dizia que eram braços para a lavoura".

  • Acertei, mas confesso que dei uma demorada hem kkk

  • A questão requer conhecimentos das regras gramaticais, tais como regência, emprego da preposição, concordância, uso dos tempos verbais, ortografia. Requer também conhecimento dos aspectos semânticos das palavras: sinonímia.

    ALTERNATIVA (A) CORRETA – A locução conjuntiva “ainda que" tem o mesmo valor semântico da locução prepositiva “apesar de" – de concessão. O verbo “haver", na frase original, tem o sentido de “ocorrer", sendo que este é pessoal, ao passo que aquele é impessoal. Por isso, o verbo “ocorrer" está no plural porque está concordando com o sujeito “debates". O restante da frase mantém o sentido original.

    ALTERNATIVA (B) INCORRETA – Seguindo as recomendações da norma-padrão da língua portuguesa, não se começa frase com pronome átono. No caso da reescrita, a frase começou com o pronome átono “se". Além disso, há erro gráfico na palavra intensão, o correto é intenção.

    ALTERNATIVA (C) INCORRETA –Seguindo as regras de regência nominal, faltou a preposição de após o substantivo “crença". Em tido como mais forte, no trecho original, é a opinião defendida pelo enunciador da frase; já em comprovadamente mais forte, na reescrita, o termo “comprovadamente" destaca uma verdade indiscutível. Além disso, o último trecho mudou totalmente o sentido, pois as palavras paulatinamente e fatalmente não têm o mesmo sentido.


    ALTERNATIVA (D) INCORRETA –  A frase reescrita não mantém o sentido original simplesmente pelo fato de ter havido a troca de tempos verbais. Na frase original foi empregada a locução verbal “foi secando" em que o verbo principal está no gerúndio; esta forma nominal (gerúndio) representa uma ação não concluída, uma ação ainda em curso, ao passo que o pretérito mais que perfeito em “a Europa secara" exprime um fato passado antes de outro também passado, mas que foi concluído. Logo, percebe-se, que o sentido original não foi mantido.

    ALTERNATIVA (E) INCORRETA –  Na reescrita, o verbo “converter-se" substitui adequadamente o verbo “tornar-se", pois ambos têm o sentido de transformar-se, passar de um estado ou condição a outro. A inadequação ocorre com a substituição da locução prepositiva “a despeito de", que exprime ideia concessiva, pelo verbo “despertando", não há nenhuma relação de sentido entre ambos os termos.

    GABARITO DA PROFESSORA: ALTERNATIVA (A)

  • mas essa foi f***

  • Intensão me pareceu correto HUSAHSUAHSUHAUSHAUSHA